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ARTIGO COM VÍDEOS – A edição 2017 do Campeonato Sul-Americana, a 39ª da história, terá seu pontapé inicial nesse sábado, com Uruguai, Brasil, Chile e Paraguai entrando em campo de olho em um objetivo maior: a Copa do Mundo de 2019. Neste ano, o Sul-Americano valerá como parte das Eliminatórias para a Copa do Mundo, com o campeão entre os quatro países prosseguindo para a fase de mata-mata.
As Américas têm 2 vagas diretas no Mundial, sendo que 1 será decidida em duelo entre Canadá e Estados Unidos e 1 entre o perdedor do confronto de canadenses e estadunidenses contra o campeão do Sul-Americano.
Qual será o sistema de disputas? Todos contra todos, em apenas um turno. Uruguai e Chile, os dois melhores ranqueados no momento, terão a vantagem de jogarem duas vezes em casa e apenas uma fora, enquanto Brasil e Paraguai terão que pegar a estrada duas vezes. Quem acabar em último lugar terá que enfrentar no fim do ano o campeão do Sul-Americano B em repescagem de promoção e rebaixamento.
Caso o campeão Sul-Americano seja derrotado pelos norte-americanos, haverá ainda uma última chance de ir à Copa do Mundo, na Repescagem Mundial, encarando equipes de outros continentes por uma última vaga.
E a Argentina? Os argentinos não participam mais do Campeonato Sul-Americano, para dar chances a uruguaios, chilenos, brasileiros e paraguaios de serem campeões. Os dois primeiros colocados do Sul-Americano de 2017 deverão enfrentar a Argentina em 2018 em outro torneio, a Copa Sul-Americana (Sudamérica Rugby Cup). Em 2017, Chile e Uruguai irão encarar os argentinos, após a realização do Sul-Americano, qualificados pelos resultados do torneio de 2016.
As transmissões de TV estão ainda para serem confirmadas.
Data | Hora (Brasília) | Cidade | Estádio | Seleção da casa | placar | X | placar | Seleção visitante |
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13/05/2017 | 15:45 | Santiago, Chile | Estadio Municipal de La Pintana | CHILE | 15 | X | 10 | BRASIL |
13/05/2017 | 16:15 | Assunção, Paraguai | Estadio Héroes de Curupayti | PARAGUAI | 19 | X | 45 | URUGUAI |
20/05/2017 | 15:45 | Montevidéu, Uruguai | Estadio Charrua | URUGUAI | 41 | X | 27 | BRASIL |
20/05/2017 | 15:30 | Santiago, Chile | Estadio Municipal de La Pintana | CHILE | 66 | X | 07 | PARAGUAI |
26/05/2017 | 21:00 | São Paulo, Brasil | Estádio do Pacaembu | BRASIL | 57 | X | 06 | PARAGUAI |
27/05/2017 | 15:30 | Montevidéu, Uruguai | Estadio Charrua | URUGUAI | 27 | X | 11 | CHILE |
O que esperar das equipes?
Uruguai
Los Teros
Ranking: 21º lugar
Esteban Meseses, técnico argentino do Uruguai, terá à sua disposição força máxima dos Teros. Os cinco profissionais do país estarão em campo: Nicolás Freitas (Jaguares, Super Rugby), Manuel Leindekar (Oyonnax, 2ª divisão da França), Agustín Ormaechea (Mont de Marsan, 2ª divisão da França), Felipe Berchesi (Carcassonne, 2ª divisão da França) e Franco Lamanna (Recco, 2ª divisão da Itália). Entre eles somente, Freitas e Lamanna participaram do Americas Rugby Championship, quando os uruguaios alcançaram o inédito terceiro lugar, obtendo vitórias sobre Canadá, Brasil e Chile.
Com um trabalho sólido na base e no alto rendimento e com muita bagagem nas costas, o Uruguai é inquestionavelmente o grande favorito à taça mais uma vez, sendo o único dos concorrentes que já esteve em um Mundial (em 3, em 1999, 2003 e 2015). A base dos últimos anos segue firme e a favor dos Teros estão o mando de jogo contra Tupis e Cóndores e a invencibilidade desde 1964 contra o Brasil e desde 2015 contra o Chile.
Chile
Los Cóndores
Ranking: 29º lugar
O momento do rugby chileno é inquietante para seu torcedor. Por mais que o Chile venha obtendo grandes resultados no seven-a-side, no XV sua histórica posição de terceira força do continente está em xeque. No rugby, os Cóndores estão ainda acima dos Tupis, mas na prática a impressão que o duelo do Americas Rugby Championship deixou é que hoje o Chile é a quarta força. Em 2016, os chilenos sofreram para vencer os brasileiros em Santiago, com um triunfo por magros e suados 25 x 22, seguidos de um empate em 20 x 20 em São Paulo.
Depois, na abertura do torneio pan-americano em 2017, a vitória dos Tupis no Pacaembu por 17 x 03 foi muito além do placar. O Brasil pela primeira vez na história dominou a seleção chilena do começo ao fim e não levou sustos. Foi um triunfo contundente, sob condições climáticas difíceis. O avanço fora de campo do Brasil nos últimos anos parece também não ter sido seguido pelos chilenos na mesma velocidade e hoje o sistema de alto rendimento brasileiro (aliás, que tem entre seus comandantes o australiano ex técnico dos Cóndores, Paul Healy, que conhece como ninguém o time andino). Entretanto, nada no rugby muda radicalmente em tão pouco tempo. O Chile tem força, conhece bem as dificuldade que terá contra uruguaios e brasileiros, já venceu recentemente os Teros (em 2015, um memorável 30 x 15, em Santiago) e jamais na história perdeu em casa para o Brasil. O técnico francês Bernard Charreyre terá a volta de dois atletas profissionais do país que atuaram no Top 14 da França, o segunda linha Pablo Huete e o pilar Ramón Ayarza, ambos do Bayonne, que trarão experiência valiosa ao time. Apesar dos resultados ruins no início deste ano, o Chile não está morto e merece todo o respeito.
Brasil
Os Tupis
Ranking: 31º lugar
O Brasil é uma das grandes sensações no XV mundial. É possível até arriscar dizer que poucas vezes na história do rugby foi visto uma seleção conseguir uma evolução tão rápida em seus resultados, que incluíram vitórias em 2016 sobre os Estados Unidos e em 2017 sobre o Canadá (ainda que não com suas forças máximas). O trabalho de alto rendimento dos Tupis apresenta uma qualidade – e um suporte técnico e estrutural – compatível com de seleções do segundo escalão mundial, de conduta profissional, encabeçado pelo técnico argentino Rodolfo Ambrosio, que conduz um trabalho de se “tirar o chapéu”.
Os Tupis aprenderam em pouco tempo a ganhar. Esse era um problema notório nas seleções brasileiras por anos, mesmo em anos anteriores quando o Brasil parecia encurtar sua distância para seleções consideradas superiores, mas não conseguia dar o passo adiante. No Americas Rugby Championship deste ano, o Brasil teve uma missão diferente em sua história: teve a quase obrigação de vencer o Chile e soube lidar com essa pressão, derrotando os Cóndores em São Paulo. A base da seleção que conseguiu feitos históricos deverá estar à disposição de Ambrosio, liderada pelos veteranos Ige e Nativo e pelos irmãos Duque, abrilhantada pelos irmãos Sancery e munida de jovens valores que vem ganhando espaço sob o comando de uma comissão técnica que parece muito atenta à missão de dar espaço a novos talentos. O Brasil de 2017 é um time de equilíbrio entre experiência e juventude e muito mais forte psicologicamente.
A ambição da CBRu de anos vem sendo chegar à Copa do Mundo de 2023. Mas, o discurso rapidamente passou a incorporar a possibilidade de se ir a 2019. Para tal, os Tupis terão que quebrar em 2017 mais dois tabus: o de vencer o Uruguai pela primeira vez desde 1964 (e pela primeira vez em Montevidéu desde 1963) e o de vencer o Chile em Santiago pela primeira vez na história. A tarefa é árdua e o mais provável é que será cumprida apenas em outro ano (não muito distante). Mas não se deve duvidar de um grupo que já provou ser capaz de tantas superações.
Paraguai
Los Yakarés
Ranking: 38º lugar
Dificilmente o Paraguai irá escapar do último lugar. As exigência do rugby profissional aumentam a cada dia e para os Yakarés seguir no ritmo de evolução de uruguaios, chilenos e brasileiros vem sendo tarefa dificílima. Progresso vem sendo alcançado fora de campo pelos paraguaios, que conquistaram a posse de um estádio exclusivo para rugby, o Héroes de Curupayti, mas em campo a diferença para Chile e Brasil vem aumentando rapidamente. No ano passado, os Yakarés caíram por 32 x 21 em casa contra os Tupis e por 68 x 07 diante dos Cóndores no Chile. Jogando fora de casa contra ambos em 2017, a sorte dificilmente sorrirá para os guerreiros guaranis.
História do Sul-Americano
Equipe | Cidade (Estado) | P | J | V | E | D | 4+ | -7 | PP | PC | SP |
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São José | São José dos Campos (SP) | 48 | 14 | 10 | 0 | 4 | 4 | 4 | 310 | 227 | 83 |
Band Saracens | São Paulo (SP) | 47 | 14 | 10 | 0 | 4 | 3 | 4 | 311 | 199 | 112 |
Curitiba | Curitiba (PR) | 42 | 14 | 9 | 0 | 5 | 3 | 3 | 341 | 214 | 127 |
SPAC | São Paulo (SP) | 40 | 14 | 8 | 0 | 6 | 5 | 3 | 322 | 213 | 109 |
Pasteur | São Paulo (SP) | 31 | 14 | 6 | 0 | 8 | 3 | 4 | 232 | 267 | -35 |
Desterro | Florianópolis (SC) | 30 | 14 | 6 | 0 | 8 | 3 | 3 | 284 | 274 | 10 |
Farrapos | Bento Gonçalves (RS) | 22 | 14 | 5 | 0 | 9 | 1 | 1 | 236 | 356 | -120 |
Jacareí | Jacareí (SP) | 12 | 14 | 2 | 0 | 12 | 2 | 2 | 207 | 493 | -286 |
Foto: Bruno Ruas