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Nem todos os países onde o rugby é um esporte importante têm destaque no cenário internacional. Talvez você conheça o rugby de alguns desses países – ou talvez não.
Vamos a uma lista de 5 países que você nunca viu na Copa do Mundo ou nos Jogos Olímpicos, mas que contam com uma comunidade ativa.
5 – Polônia
Continente: Europa
População: 38 milhões
O rugby não é exatamente uma paixão polonesa, mas certamente o país apresenta uma cena de rugby melhor do que seus resultados sugerem e a bola oval tem seu nicho consistente por lá. A seleção nacional masculina é tradicional e jogou o “Six Nations B” por décadas (a última vez em 1999), tendo no currículo vitórias sobre a Geórgia (1997), Itália (1977), Espanha (6 vezes, a última em 1982), Romênia (1960), entre outros. Tratava-se da terceira força entre os países comunistas até os anos 80, atrás apenas de Romênia e União Soviética. O intercâmbio histórico com a França contribuiu para a ascensão do rugby por lá.
No entanto, mesmo disputando o “Six Nations C”, os poloneses registram consistentemente bons públicos, sobretudo em jogos na região de Gdansk, onde o rugby tem aderência maior. Os dois clubes de futebol da cidade, o Lechia Gdansk e o Ara Gdnynia têm rugby e fazem um dérbi caloroso. Já sua seleção feminina cresceu recentemente no sevens, alcançando o torneio de Hong Kong em 2018 e 2019.
4 – Malásia
Continente: Ásia
População: 32 milhões
Ex colônia britânica, a Malásia tem no rugby um esporte social importante, com mais de 300 clubes espalhados pelo país. Apesar do rugby estar abaixo de futebol, hóquei sobre a grama e o nativo sepak takraw, esportes nacionais por lá, o rugby tem sua aderência e a seleção de sevens do país já alcançou classificação aos Jogos da Commonwealth, a olímpiada do antigo Império Britânico. Aliás, Kuala Lumpur, a capital malaio, sediou os Jogos em 1998, ano de estreia do rugby sevens no evento.
A liga nacional da Malásia é semi-profissional e conta com atletas estrangeiros, enquanto em 2020 o país fez parceria com o Falcons (Vale), da África do Sul, para lançar uma equipe profissional na Global Rapid Rugby, a liga recém criada da Ásia e Oceania. O Malaysia Valke prometia bons públicos, uma vez que sua seleção nacional de XV, 4ª força atualmente na Ásia (atrás de Japão, Hong Kong e Coreia do Sul), atraiu recentemente públicos bons, ao redor de 15 mil para os jogos contra Coreia e Hong Kong em 2018 e 2019 pelo Asia Rugby Championship.
Curiosidade sobre o país, a Malásia reivindica para si a criação do Ten-a-side.
3 – Uganda
Continente: África
População: 43 milhões
Você conhece bem o Quênia pelo sevens, sabe bem da Namíbia, sempre presente nos Mundiais, e talvez já saiba que o Zimbábue jogou a Copa do Mundo em 1987 e 1991. Mas, e Uganda?
Força importante do rugby africano e campeã do continente no XV em 2007, Uganda é a grande rival do Quênia na bola oval. Os Cranes (Grous), como é conhecida a seleção masculina local, são hoje uma das 4 grandes forças da África no XV e no sevens, tendo jogado inclusive a segunda divisão mundial do sevens neste ano. No feminino, Uganda tem uma seleção de XV ativa desde 2005, tendo jogado as Eliminatórias para a Copa do Mundo duas vezes, sendo a atual 3ª força do continente na categoria.
Ex colônia britânica, Uganda tem um rugby de clubes e de escolas que movimenta a cena local (como no primeiro vídeo abaixo), com boa organização e paixão.
Sri Lanka
Continente: Ásia
População: 22 milhões
Ilha ao sul da Índia e ex colônia britânica, o Sri Lanka tem no rugby seu segundo mais importante esporte coletivo, atrás apenas do críquete. Diferente da Índia, onde o rugby seguiu no anonimato, já em tempos de colonização britânica o rugby foi introduzido nos colégios do país e se massificou. O número de praticantes do Sri Lanka o coloca em um Top 15 do mundo (segundo sua federação, são mais de 100 mil jogadores registrados), algo que não é refletido no rendimento de sua seleção nacional, que é no momento a quinta força da Ásia, tanto no sevens como XV, pegando-se o ranking por base (ainda que os “Elefantes”, como é apelidada a seleção do país, tenha ficado em 7º lugar no XV asiático em 2019).
A história do país no cenário internacional, no entanto, é longa. Antes da proclamação da república (1972), o país era conhecido como Ceilão (tendo sido colônia britânica até 1948). A seleção do país (ainda recheada de britânicos) chegou a receber e enfrentar os British and Irish Lions em 1930 e em 1950.
A liga do Sri Lanka, a Dialog League, é semi profissional e atrai bons públicos, tendo larga cobertura da imprensa local.
1 – Madagascar
Continente: África
População: 43 milhões
Sem dúvida alguma, nenhum país do mundo, entre os que jamais estiveram num Mundial, é tão apaixonado por rugby quanto Madagascar, a famosa ilha no leste da África. O rugby é chamado de “obsessão nacional” no país que foi colonizado pela França e cuja população é uma fusão de povos africanos com povos austronésios, que migraram do Pacífico (mais precisamente da região da Indonésia) para lá há cerca de 2500 anos.
As raízes no Pacífico não mentem e a seleção de Madagascar, os Makis, batizada em alusão a uma espécie de lêmure (animais próximos dos primatas, típicos de Madagascar), fazem sua própria dança de guerra antes das partidas – sendo a primeira seleção africana a adotar tal tradição.
Apesar do insucesso de nunca ter chegado ao Mundial, os Makis levam multidões de 20 a 40 mil torcedores aos seus jogos. Os melhores resultados de Madagascar foram dois vice campeonatos africanos, em 2005 e 2007. No entanto, sua seleção feminina tem mais sucesso, sendo hoje a quarta força no sevens e no XV, tendo jogado as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2021.
O sucesso do rugby em Madagascar não se resume à seleção. São mais de 100 clubes de rugby somente na capital Antananarivo, tendo sido matéria recente do World Rugby, e os dérbis pelo Top 20 (o campeonato local) opõem bairro contra bairro, cidade contra cidade, lotando o estádio da cidade. O ápice da temporada é a Copa do Oceano Índico, com os clubes do país jogando contra clubes das ilhas Maurício e Reunião (território francês), normalmente sendo os campeões. Os vídeos falam por si só.
Texto fantástico