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O rugby tem muitos termos que muitas vezes geram dúvidas sobre por que existem. Vamos a um Top 5 de termos que podem te surpreender!
5 – Todos somos Football!
Rugby Football é o nome original de nosso esporte. Sim, pois o rugby é um football. E o primeiro de todos.
Por séculos, na Grã Bretanha, jogos chamados de foot ball eram disputados nas cidades, no campo, nas escolas. Eram jogos com regras orais, dos mais variados, em constante mudança. No século XIX, dentro das escolas inglesas, a ideia de se escrever regras, organizar esses jogos, ganhou corpo nos anos 1840, com o football jogado na Escola de Rugby sendo o pioneiro em ter suas regras escritas, em 1845. Várias outras escolas e universidades seguiram fazendo o mesmo e, conforme os jovens viravam adultos e queriam seguir jogando, clubes nasciam e a preocupação em se criar regras comuns apareceu. A Football Association foi fundada em 1863, estabelecendo regras comuns, com o esporte passando a ser conhecido como Association Football, o Futebol que se tornou o esporte mais praticado no mundo. Porém, o rugby não aderiu e seguiu seu curso.
Longe da Inglaterra, outras regras foram sendo adotadas a partir de experimentos locais, nascendo o Futebol Australiano (Aussie Rules Football), o Futebol Gaélico (Irlandês), o Futebol Americano e o Futebol Canadense (esses dois últimos sendo chamados também de Gridiron, em alusão às marcas do campo, que parecem grelhas). O Rugby, lógico, ainda se dividiu em Rugby Union e Rugby League. Variantes desses esportes nasceram com o tempo (futsal, rugby sevens, flag football, etc), mas todos dentro destas 7 formas, além de outras invenções híbridas.
Mas, em suma, é esta a família dos 7 footballs, os 7 football codes.
4 – Mark no campo todo
Se você acha que o MARK foi criado para ajudar o defensor que recebe um chute nas 22, está na hora de descobrir a verdade. O mark podia ser pedido em qualquer lugar do campo até 1970 e inclusive era permitido o chute aos postes após o mark, que era outra forma de pontuação do rugby, o goal from mark (ver tabela abaixo).
O mark, chamado originalmente de fair catch (receber a bola com perfeição, colocando os pés no chão e mantendo-a sob controle), não é específico do rugby e existiu em outras formas de football (inclusive no futebol), sendo até hoje marca distintiva do futebol australiano. Mark nada mais é do que a marca, onde o atleta que apanhou a bola não pode ser mais tocado. Uma demarcação de seu território adquirido: faz sentido?
Mas, não se engane: o futebol australiano não nasceu do rugby. O mark é um resquício de tempos passados, dos folk footballs.
3 – Scrum FIXO? Maul? Ruck?
Por que o termo scrum fixo é usado se só há um tipo de scrum no rugby? O termo é um resquício de uma época que o termo scrum era usado também para o que são os mauls e rucks.
O rugby do século XIX tinha como característica a longa sequência de formações, com o jogo dos forwards imperando. O termo para isso era scrummage. Somente em 1905, o termo scrum foi distinguido em dois tipos: set scrums, ou scrums fixos, ordenados, para se repor a bola em jogo; e loose scrums, espontâneos, que depois viriam a ser os mauls e rucks do rugby.
Em inglês, na origem, “Scrummage” (Scrum) significa “escaramuça” (um conflito, uma rixa), “Maul” significa bater ou um “espancamento” (em sentido figurado pela pressão física existente) e “Ruck” é uma “multidão” (o montinho!).
O SCRUM na origem de tudo!
2 – Half? Três quartos?
Você já ouviu o termo 3/4s (três quartos) sendo usado para os atletas da linha, né? A origem do nome é mais simples do que parece.
No início do rugby, não havia grande distinção de posições e a primeira posição a ser distinguida foi a do back, o jogador que ficava no fundo do campo, para apanhar chutes. Todos os demais atletas jogavam no “bolo” do scrummage. Isto é, os forwards são a origem de tudo!
Depois da criação do back, nasceu a posição do half-back (o “meio back”), a “metade do caminho” entre o back (o “full-back“, isto é, o back “por completo”) e os forwards (os avançados). E posteriormente nasceu a posição que ficava entre o (full)back e o half, isto é, entre o inteiro (1) e o meio (1/2) está o 3/4s. Isto tudo ao longo do século XIX.
Outra inovação da época foi a criação de outro atleta entre o half (1/2) e o 3/4s, isto é, o 5/8s (cinco oitavos), termo ainda usado em algumas partes para a posição de abertura. Mas, na maior parte do mundo, o abertura é o segundo half, por isso a distinção “scrum-half” (o que fica mais perto do scrum) e fly-half (o abertura, mais “solto”). Mais divisões ocorreram, com as separações dos 3/4s, dando origem a centros e pontos. Mas a origem dos termos é uma matemática simples!
1 – TRY + Conversão
Try em inglês significar “tentar”, “tentativa”. O motivo é simples: no início do esporte, o try não valia pontos. O que valia pontos era o chute de conversão, isto é, o chute após o try. Aliás, “conversão” (conversion) é o nome mais apropriado mesmo, pois “converte-se a tentativa em ponto”.
Não por acaso, em francês a palavra utilizada é essai, traduzida para o português como “ensaio” (termo utilizado em Portugal, onde a influência francesa é maior). “Ensaio” se aproxima de “tentativa”, pensa bem!
Veja a evolução da pontuação no rugby ao longo da história:
Período | TRY | Conversão | Penal | Drop goal | Goal form Mark* |
1871-1886 | – | 1 | – | 1 | – |
1886-1888 | 1 | 2 | – | 3 | – |
1888-1891 | 1 | 2 | 2 | 3 | – |
1891-1893 | 2 | 3 | 3 | 4 | 4 |
1893-1905 | 3 | 2 | 3 | 4 | 4 |
1905-1948 | 3 | 2 | 3 | 4 | 3 |
1948-1971 | 3 | 2 | 3 | 3 | 3 |
1971-1977 | 4 | 2 | 3 | 3 | 3 |
1977-1992 | 4 | 2 | 3 | 3 | – |
1992 – hoje | 5 | 2 | 3 | 3 | – |
(*) Consistia em se chutar a bola ao gol depois de chamada a marca. O atleta não poderia ser tocado até chutar a bola a gol. Foi extinto em 1977.
CURTIU? VEJA AINDA O ARTIGO 7 MITO DO RUGBY! MAIS CURIOSIDADES. CLIQUE AQUI.