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ARTIGO COM VÍDEOS – A Mitre10 Cup, o Campeonato Neozelandês, teve seus campeões de 2020! Tasman são campeões da Premiership e Hawke’s Bay sorri com a subida de divisão e o título da Championsip (o 3º nos últimos 10 anos), colocando um ponto final no campeonato de províncias neozelandês. Quem foram os destaques dos encontros?
Para este artigo deixamos cair a “Melhor equipa da Jornada” e “A Surpresa”, já que Northland não conseguiu fazer a “surpresa” e seria redutor não falar de uma das finais da Mitre10 Cup 2020, que fechou por fim a sua temporada em grande com dois jogos de elevado nível!
Duro e sofrido, mas Tasman é bicampeão da Premiership
1 try em 80 minutos finais de temporada significa que o jogo foi fraco ou não? A nível daquelas combinações e jogadas de grande entusiasmo, pautados por uma apaixonante atração pelo risco e de espírito vertiginoso indomável, podemos dizer que sim que foi um encontro pouco elétrico quando olhamos para a manobra ofensiva, principalmente quando qualquer uma das duas equipas estava dentro do meio-campo do seu adversário. Mas se falarmos em emoção pura, dedicada à fisicalidade, ao burburinho dos corpos a bater e a entrar no contacto, de duas defesas a tentarem ser o mais astutas possível e carregado de despiques e embates físicos que elevaram o tom do jogo, não há dúvidas que sim foi um grande jogo nesse sentido.
O 13-12 que garantiu o bicampeonato de Tasman foi mais jogado no aproveitamento tático e no aproveitar de penalidades para chegar aos postes, optando tanto os atuais bicampeões em título como os vencidos de Auckland por um approach mais frio ao jogo, de impedir que a emoção ou “guelra” de dar alegria arriscada à bola tomasse as rédeas do encontro, apesar de no final esta estratégia ter sido penalizadora para os perdedores. Porque é que dizemos isto? Bem, Auckland foi uma equipa que durante toda a época fez valer o seu maior virtuosismo no ataque, terminando a fase regular como a equipa com mais tries marcados (43), não querendo estar tão agarrada aos pontos pelos pontapés na procura incessante e válida de chegar longe através de uma postura ofensiva de ter a bola em seu poder e procurar castigar o adversário com quebras de linha desconcertantes (AJ Lam e Salesi Rayasi foram as duas principais ameaças nesse aspecto) e uma manobrabilidade da oval desconcertante.
A alteração de estratégia de Auckland teve a ver mais com Tasman do que outra coisa, pois os campeões da edição 2019 e 2020 da Mitre 10 Cup são dos melhores no que concerne ao jogo tático e na reação às quebras de linha do adversário, postulando sempre uma atitude calma, paciente e inteligente, ao jeito do que se passa com os Crusaders no Super Rugby, sendo que acima de tudo, ter David Havili na posição de defesa e líder permite sempre aos Makos ter toda uma panóplia de opções que podem desequilibrar por completo o xadrez de rugby.
E, na final, Havili foi preponderante sempre que chamado à ação, assumindo os pontapés aos postes após a lesão de Mitch Hunt, terminando o encontro com 8 pontos, com a última penalidade marcada aos 70 a “fechar” o encontro, sem esquecer as 10 vezes em que teve de saltar no ar para captar a bola, sem errar uma única vez neste aspecto, para além de ainda ter conquistado uma série de metros e duas quebras de linha.
Tasman mereceram o título não pela sua melhor qualidade técnica com oval na mão, mas pela categoria em saber aguentar quando Auckland queria dominar o jogo parado e no território e de penalizar o adversário sempre que possível.
Championship: Hawke’s Bay campeão e promovido
A final da 2ª divisão da Mitre 10 Cup foi extremamente “quente” nos primeiros 40 minutos, com Hawke’s Bay e Northland a trocar pontos e tackles tudo num ritmo vertiginoso, já que o emblema do norte da Nova Zelândia não iria deixar de lutar pelo título sendo underdog ou não, e teve em Tom Robinson, Kara Pryor e Joshua Goodhue os seus principais homens fortes no que toca à defesa e no tentar criar algum tipo de impacto mental negativo ao seu adversário, uma estratégia com resultado na primeira parte.
Nisto também ajudou a classe técnica de Réne Ranger e Tamati Tua (o MVP de Northland, com um try e duas assistências, mais 65 metros e 3 quebras de linha) nas linhas atrasadas, oferecendo uma letalidade superior e que criou vários problemas aos Magpies, que apesar da boa defesa imposta não conseguiram tirar margem de manobra da condução de bola de Northland, com estes a mostrarem uma agressividade bem atrativa e até poderia os ter levado ao título, não fosse acontecer a 2ª parte.
Na segunda metade do encontro foi quase tudo diferente, pois Hawke’s Bay entrou em campo com outra lucidez mental e uma disponibilidade física para irem ao contacto e forçarem uma aglomeração defensiva de Northland, que não foram capazes de placar com a mesma atitude da 1ª parte oferecendo demasiado espaço de manobra para os seus adversários ganharem não só metros mas também para atirarem o sempre matreiro offload, com este pormenor a ser significativo para garantirem o caminho até à vitória. Com Solomone Funaki e Ash Dixon a destruir na avançada e Neria Fomai (o centro foi extraordinário durante todo o encontro) e Folau Fakatava a inventarem combinações surpreendentes, Hawke’s Bay foi encontrando constantemente o caminho para a área de try durante os 40 minutos finais da época e terminaram como os justos vencedores desta 2ª divisão.
Depois de terem descido em 2016 para a divisão que atualmente jogam, Hawke’s Bay foi capaz de realizar uma temporada de alto nível terminando com 9 vitórias em 12 jogos, marchando vitoriosamente até garantir o troféu de campeão do Championship, confirmando assim o seu regresso à Premiership, sem esquecer que sobem com o Ranfurly Shield também debaixo do braço. Northland podia ter tido mais, mas há que relembrar que em 2019 lutaram para não ser o pior dos últimos, tendo dado um salto qualitativo sensacional.
MVP das finais: Neria Fomai (Hawke’s Bay) e David Havili (Tasman)
Dois três-quartos foram escolhidos como os melhores das finais e merecidamente, pois tanto o centro dos Magpies foi extraordinário na circulação de bola, na velocidade imposta a cada recepção da oval e na imposição física na defesa, somando-se um jogo ao pé imprevisível, enquanto David Havili pautou por uma exibição de patamar alto, capturando a oval nas alturas com segurança ou a dar os comandos e ordens certas aos seus colegas de equipa, sem esquecer a arte no jogo tático ou na conversão de pontapés.
Curto mas eficiente, foi assim que a ação do 15 de Tasman foi preponderante, com um ritmo elevado mas sem cair nas emoções quentes da final da Premiership, o que deu uma espécie de rede de segurança às linhas atrasadas dos Makos na final. Já Fomai esteve em todo o lado, e foi uma autêntica surpresa neste encontro, pois o centro samoano de 28 anos foi dominante na defesa (7 tackles efetivos, nenhum furado e ainda um turnover) e rápido a fazer danos na defesa de Northland, com 60 metros, 3 quebras de linha e 2 tries.
Mitre 10 Cup – Campeonato Neozelandês
Premiership – Final
1213
Auckland 12 x 13 Tasman, em Auckland
Championship – Final
3624
Hawke’s Bay 36 x 24 Northland
Números
Maior marcador de pontos (equipe): Hawke’s Bay – 36 pontos
Maior marcador de tries (equipe): Hawke’s Bay – 6 tries
Maior marcador de pontos (jogador): Neria Fomai (Hawke’s Bay) e Jonah Lowe (Hawke’s Bay) – 10 pontos
Maior marcador de tries (jogador): Neria Fomai (Hawke’s Bay) e Jonah Lowe (Hawke’s Bay) – 2 tries
Melhor da Jornada: Neria Fomai (Hawke’s Bay) e David Havili (Tasman)
Lista de campeões da NPC (Mitre10 Cup)
Equipe | Títulos | Anos | |
---|---|---|---|
Auckland | 17 | 1982, 1984, 1985, 1987, 1988, 1989, 1990, 1993, 1994, 1995, 1996, 1999, 2002, 2003, 2005, 2007 e 2018 | |
Canterbury | 14 | 1977, 1983, 1997, 2001, 2004, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2015, 2016 e 2017 | |
Wellington | 4 | 1978, 1981, 1986 e 2000 | |
Otago | 2 | 1991 e 1998 | |
Tasman | 2 | 2019 e 2020 | |
Waikato | 2 | 1992 e 2006 | |
Bay of Plenty | 1 | 1976 | |
Counties Manukau | 1 | 1979 | |
Manawatu | 1 | 1980 | |
Taranaki | 1 | 2014 |