Tempo de leitura: 10 minutos
ARTIGO ATUALIZADO – O mais importante evento do ano para o rugby brasileiro chegou. Nesse sábado, dia 11, e domingo, dia 12, as seleções brasileiras de sevens masculina e feminina vão encarar o desafio dos Jogos Pan-Americanos, que começaram nesta semana, em Toronto, no Canadá.
A cerimônia de abertura será nessa sexta-feira, dia 10, com transmissão ao vivo do SPORTV e da Record News, às 20h00, com direito a Cirque du Soleil. O rugby sevens terá transmissão do Record News apenas no domingo, mas com todos os jogos ao vivo!
Tupis favoritas ao bronze
A presença do rugby sevens nos Jogos Pan-Americanos é recente, com a introdução do esporte apenas em Guadalajara 2011. Porém, na edição passada, apenas o masculino foi disputado. Com isso, o Pan de Toronto marca a estreia do torneio feminino, que contará com seis seleções: Brasil, Canadá, Estados Unidos, México, Argentina e Colômbia, que se enfrentam no sistema de todas contra todas. Após as cinco rodadas, as duas melhor farão a grande final, valendo a medalha de ouro, enquanto a terceira e a quarta colocadas duelarão pelo bronze.
O Brasil entrará no torneio como favorito ao bronze. Tomando por parâmetro os resultados das seleções participantes na última temporada do sevens, é inegável que a briga pelo ouro deverá ficar entre Canadá e Estados Unidos, vice-campeã e quinta colocadas da Série Mundial de Sevens 2014-15, respectivamente. Até hoje, as Tupis jamais derrotaram EUA ou Canadá, e para alcançarem mais do que o bronze terão que se superar e arrancar ao menos uma vitória inédita. Em jogos por torneios oficiais, o Brasil enfrentou as estadunidenses sete vezes e perdeu todas, a última em Barueri, em fevereiro passado, 19 x 0, ao passo que contra as canadenses foram onze duelos, com dez derrotas, a última em março deste ano, em Atlanta, 28 x 0, e um histórico empate em Dubai 2013, 12 x 12. Um dos grandes nomes daquele empate foi Edninha, que está na equipe que foi a Toronto. Raquel, melhor jogadora do rugby feminino nacional no ano passado, também compõe o elenco do técnico Chris Neill, assim como a experiente capitã Paulinha Ishibashi. As Tupis, no entanto, não contarão com as lesionadas Júlia Sardá e Luiza Campos.
As Tupis preocuparam o torcedor nas últimas etapas da Série Mundial de Sevens pela queda de rendimento e a equipe vai ao Canadá acumulando seis derrotas consecutivas entre as etapas do Canadá e da Inglaterra. O Brasil apresentou nos últimos torneios o agravamento do deficiência em tackles, com a equipe sofrendo nesse aspecto. Apesar do Brasil gostar do jogo físico, aproveitando-se da força de atletas como Juka, Bruna e Raquel, o aspecto criativo da seleção também preocupou e, novamente, está na inspiração de Paulinha e Edninha a chave do sucesso da equipe, mas que só poderá ser decisivo caso as falhas defensivas sejam corrigidas. Contra canadenses e estadunidenses, o Brasil precisará jogar na mesma voltagem das adversárias e trabalhar com muita diligência e precisão a defesa para que, com a bola em mãos, as Tupis possam desabrochar e retomar seus melhores momentos.
A vantagem do Brasil na luta pelo bronze é que jamais na história as Tupis foram derrotadas pelas demais seleções do torneio, Argentina, Colômbia e México, e a perda da medalha também significaria o pior resultado da equipe até hoje. Cruel constatação, mas real, uma vez que a brilhante história construída pela geração da última década do rugby feminino nacional impõe sempre um patamar elevado de expectativa.
Entre Canadá e Estados Unidos, o momento é das canadenses que, em Amsterdã, na última etapa da Série Mundial de Sevens, subiram mais um degrau e conquistaram seu maior título na história, quebrando o tabu de não conseguir títulos de etapas no circuito. As Canucks jogam em casa e contam com alguns dos destaques do circuito, entre elas a artilheira Ghislaine Landry, maior pontuadora da última Série Mundial de Sevens, a decisiva Bianca Farella, a veloz Ashley Steacy e a fortaleza Karen Paquin. A grande ausência fica por conta da icônica capitã Jen Kish. Os Estados Unidos, no entanto, levaram a melhor sobre as canadenses justamente na etapa realizada no Canadá, na Colúmbia Britânica, quando as Águias venceram por 19 x 12, o que mostra que as indesejáveis vizinhas não temem a torcida canadense. Os EUA fizeram uma grande arrancada final na temporada e contam com um time fisicamente muito bem preparado, capaz de manter um ritmo elevado o jogo inteiro. Victoria Folayan e Lauren Doyle se destacaram entre as principais pontuadoras do circuito, ao passo que o pack de Johnson, Bonny e Griffin mostrou grande qualidade contra as grandes do mundo, impondo sempre muita pressão nas adversárias. Condições as Águias têm de superarem as Canucks, apesar do favoritismo ser das anfitriãs.
Entre as demais seleções, Colômbia e Argentina se equivalem e as Pumas irão ao torneio buscando dar o troco nas colombianas pela derrota em Santa Fe que lhes custou a sonhada vaga nos Jogos Olímpicos. Os resultados não se equivaleriam, mas a chance de ganhar uma medalha, ainda que improvável, é a fixação de uma geração argentina marcada pelo insucesso. Uma vitória sobre o Brasil seria a redenção da equipe. Já a Colômbia chega embalada pelo feito da classificação ao Rio 2016 e uma medalha pan-americana, também improvável, seria a apoteose de uma geração que já caiu nas graças de seu país. O México, por fim, aparece como a equipe mais fraca do torneio e, se arrancar uma vitória sobre Colômbia ou Argentina, já seria um grande feito.
Tupis buscam maior feito de sua história
Entre os homens, as chances do Brasil se reduzem. Os Tupis vão ao Pan com o sonho de ao menos chegarem à disputa do bronze e, quem sabe, terem seu jogo exibido na TV aberta. O caminho que o regulamento colocou ao Brasil é favorável. Todas as oito equipes do torneio avançarão às quartas de final, o que significa que ter pego o grupo mais difícil no sábado poderá render ao Brasil um caminho menos tortuoso no domingo.
Os Tupis caíram no Grupo B, que tem como grandes favoritas Argentina e Canadá, com a Guiana sendo a seleção mais fraca da chave. O mais provável é que o Brasil acabe em terceiro lugar, com derrotas para Argentina e Canadá e vitória sobre a Guiana, o que significa que o oponente seria o segundo colocado do Grupo A, que conta com Estados Unidos, Uruguai, Chile e México. Os EUA são os grandes favoritos ao primeiro lugar, ao passo que o provável oponente do Brasil seria o vencedor do duelo entre Uruguai e Chile. O que é excelente para os Tupis, que fugiriam de Argentina, Canadá e EUA no caminho às sonhadas semifinais, tendo pela frente velhos conhecidos com os quais o Brasil vem fazendo duelos muito parelhos recentemente.
Com relação aos adversários da primeira fase, o Brasil tem ampla desvantagem com relação a Argentina e Canadá. Conta o Canadá, foram até hoje cinco jogos e quatro triunfos canadenses, sendo que a única vitória do Brasil ocorreu no último confronto, 26 x 7, em Viña del Mar, quando o Canadá colocou em campo uma seleção juvenil. No Pan de 2011, o Canadá derrotou o Brasil por 45 x 0. Contra a Argentina, foram 15 jogos e 14 vitórias dos Pumas, a última também em Viña del Mar, 19 x 7. A única vitória brasileira foi épica: ocorreu em 2011, em Bento Gonçalves, 7 x 0, que quebrou um tabu (a Argentina jamais havia perdido qualquer jogo em qualquer categoria masculina em torneios sul-americanos). Porém, a equipe argentina também era longe de sua seleção principal, o que significa que, contra as forças máximas de Canadá e Argentina, o Brasil terá que se superar e muito para sonhar com uma vitória.
A favor dos Tupis está a imensa evolução alcançada sob o comando do técnico Andrés Romagnoli, evidenciado pelas boas apresentações na Série Mundial de Sevens. Na última temporada, os Tupis fizeram 15 jogos em três torneios e, apesar de terem perdido todos, saíram com apresentações promissoras, entre elas a derrota magra contra os Pumas em Dubai, em dezembro, por 17 x 5. Sonhar não custa nada ao time de Romagnoli, sobretudo no domingo, com a classificação às semifinais sendo uma possibilidade real. A equipe capitaneada por Fernando Portugal vai completa ao torneio, com o gigante Juliano Fiori em grande forma entre os destaques. Fiori ajudou decisivamente a mudar a cara da equipe adicionando uma capacidade defensiva que o time antes não tinha, ganhando muita força nos tackles, nos rucks e nas disputas aéreas. Além dele, olho como sempre, nos irmãos Duque, Tanque e Moisés, que protagonizaram um dos mais belos tries da temporada do circuito mundial e são formam o sistema nervoso do time, ditando o ritmo e armando as mais promissoras jogadas. Martin Schaefer, com muita potência e capacidade de apoio, e André Boy, e sua tradicional velocidade, foram outros nomes que se destacaram, assim como o jovem Lucas Domingues, que vem mostrando capacidade de finalização destacável com a camisa brasileira.
Entre Argentina e Canadá, a igualdade impera. Ambos fizeram temporadas apagadas na Série Mundial de Sevens. A Argentina teve um bom início, promissor, chegando entre os quatro melhores do torneio de Porto Elizabeth, mas o rendimento da equipe do técnico Santiago Gómez Cora despencou no restante do ano. O Canadá teve uma temporada ainda pior, mas, ao contrário dos Pumas, os Canucks melhoraram na reta final e conseguiram uma classificação entre os quatro melhores alcançando as semifinais em Tóquio. Nos dois últimos torneios, em Glasgow e em Londres, o Canadá terminou a frente da Argentina e o fator casa pode fazer a diferença a favor dos canadenses em Toronto, colocando-os levemente na frente dos Pumas na cotação para a disputa do ouro. O Canadá é, aliás, o atual medalhista de ouro do Pan, tendo batida a Argentina na final em Guadalajara. Olho nos artilheiros Sean Duke e Harry Jones, do lado canadense, além dos ótimos Phil Mack, John Moonlight e Nathan Hirayama, enquanto na Argentina atenção para o capitão Nicolás Bruzzone e para os artilheiros Javier Rojas e Segundo Tuculet.
O favoritismo para o ouro, contudo, está com os Estados Unidos, medalhista de bronze em Guadalajara 2011. As Águias cresceram de forma descomunal e o ápice dessa ascensão foi nada menos que o título da última etapa da Série Mundial de Sevens, em Londres, quando os EUA detonaram a Inglaterra na semifinal e a Austrália na decisão. O time americano é muito físico e, de longe, é a equipe melhor preparada do torneio. O scrum-half Madison Hughes é um dos destaques do time, articulando as jogadas e sempre pontuando, tendo acabo o circuito como o segundo artilheiro da temporada. As máquinas de correr Perry Baker e Carlin Isles e os gigantes Threton Palamo e Danny Barrett formam um conjunto temível que promete atropelar os oponentes. É o time a ser batido da competição.
Uruguai e Chile aparecem como as forças que competirão com o Brasil pela semifinal. Apesar do Pan não ser o foco dos Teros, que só pensam na Copa do Mundo de XV, a chance de medalha atrai um país com poucos medalhistas. O time decepcionou no torneio de Hong Kong, mas venceu o Brasil naquela oportunidade por 14 x 7. Os Teros que foram a Toronto são praticamente os mesmos dos últimos torneios, com o capitão Gabriel Puig liderando o time, que conta com os bons Juan Diego Ormaechea, Nicolas Freitas, Federico Favaro, Rodrigo Silva, Santiago Martinez e Gastón Gibernau, velhos conhecidos dos Tupis. O Brasil não vence o Uruguai desde o torneio de Cali nos Jogos Mundiais de 2013, sendo desde então quatro derrotas seguidas do Brasil, todas apertadas.
O Chile também vai ao Canadá com a base do time que vem jogando os principais torneios da equipe, contando com o capitão Felipe Brangier e os já bem conhecidos e perigosos Francisco González, Pablo Metuaze e Ignacio Silva, com passagens pelo rugby neozelandês. Em Mar del Plata, em janeiro deste ano, o Brasil empatou com o Chile em 7 x 7, mas caiu na sequência por 7 x 0, enquanto em Viña del Mar, solo chileno, os Tupis levaram a melhor no primeiro duelo, 7 x 0, mas perderam o último jogo por 7 x 5, apontando o imenso equilíbrio e cautela entre os dois lados. Entre Uruguai e Chile, os duelos também vem sendo iguais. Em Viña, empate em 7 x 7, e, em Santa Fe, no Pré-Olímpico no mês passado, triunfo dos Teros por 12 x 7.
México e Guiana são as duas mais fracas equipes do torneio. Os mexicanos até fizeram boas apresentações em Hong Kong, dando inclusive trabalho ao Brasil (em jogo que começou melhor para as Serpentes, mas acabou em 33 x 10 para os Tupis), ao passo que a Guiana perdeu sua supremacia no Caribe neste ano e parece mais fraca do que quando foi derrotada pelo Brasil no último Pan por 26 x 7. Dificilmente ambos escaparão da disputa da lanterna.
Estádio: BMO Field (capacidade: 20 mil torcedores)
Jogos Pan-Americanos de 2015 – Torneio de Rugby Sevens – em Toronto, Canadá
*Horários de Brasília
Masculino
Grupo A: Estados Unidos, Uruguai, Chile e México
Grupo B: Brasil, Canadá, Argentina e Guiana
Sábado, dia 11 de julho
12h11 – Estados Unidos x Chile
12h33 – Uruguai x México
12h55 – Argentina x Brasil
13h17 – Canadá x Guiana
17h05 – Estados Unidos x México
17h27 – Uruguai x Chile
17h49 – Argentina x Guiana
18h11 – Canadá x Brasil
19h49 – Chile x México
20h11 – Estados Unidos x Uruguai
20h33 – Brasil x Guiana
20h55 – Argentina x Canadá
Domingo, dia 12 de julho
Das 12h11 às 13h49 – Quartas de final
Das 17h05 às 17h49 – Semifinais pelo 5º lugar
Das 17h49 às 18h33 – Semifinais pelo Ouro
19h50 – Disputa pelo 7º lugar
20h12 – Disputa pelo 5º lugar
20h34 – Disputa do Bronze
20h59 – Disputa do Ouro
Feminino
Grupo Único: Brasil, Canadá, Estados Unidos, Colômbia, Argentina e México
Sábado, dia 11 de julho
11h05 – Canadá x Colômbia
11h27 – Estados Unidos x Brasil
11h49 – México x Argentina
13h49 – Estados Unidos x Colômbia
14h11 – Brasil x Argentina
14h33 – Canadá x México
18h33 – Argentina x Estados Unidos
18h55 – Canadá x Brasil
19h17 – Colômbia x México
Domingo, dia 12 de julho
11h05 – Argentina x Canadá
11h27 – Colômbia x Brasil
11h49 – México x Estados Unidos
13h49 – Argentina x Colômbia
14h11 – Brasil x México
13h33 – Canadá x Estados Unidos
18h33 – Disputa do 5º lugar
18h55 – Disputa do Bronze
19h20 – Disputa do Ouro
Seleções Brasileiras
Masculino
Fernando Portugal (São José), Martin Schaefer (SPAC), Juliano Fiori (Richmond, Inglaterra), Matheus Daniel “Matias” (Jacareí), Lucas Duque “Tanque” (São José), Moisés Duque (São José), Lucas Muller (Desterro), Lucas Drudi (Jacareí), Lucas Domingues “Sábados” (Curitiba), Matthew Gardner (Swinton Lions, Inglaterra – Rugby League), Gustavo Albuquerque “Rambo” (Curitiba) e André Silva “Boy” (SPAC).
Feminino
Juliana Esteves “Juka” (Band Saracens), Bruna Lotufo (Band Saracens), Beatriz Futuro “Baby” (Niterói), Edna Santini (São José), Isadora Cerullo (Niterói), Cláudia Teles (Niterói; Recife), Haline Scatrut (Curitiba), Angélica Gevaerd “Binha” (SPAC), Maira Bravo (SPAC), Raquel Kochhann (Charrua) e Mariana Ramalho (SPAC).
Foto: João Neto/Fotojump
Bela notícia esta do jogos de 7s sendo passados ao vivo no domingo, sábado não, é muita pena.
Bronze feminino praticamente certo para as nossas meninas.
Se a Victoria Folayan e a Lauren Doyle jogarem pelo USA – o ouro é delas pois a ausência da Jen
Kish vai fazer muita falta. No masculino Brasil na semi-final seria grande sonho realizada. USA deve
ser ouro tambem.