Tempo de leitura: 7 minutos
A Copa do Mundo de Rugby League, o rugby de 13 jogadores, terá sua largada nessa sexta-feira na Oceania e hoje encerramos as prévias dos grupos do torneio com os Grupos C e D.
Vale lembrar que o Mundial de League conta com 14 seleções divididas em 4 grupos. Os Grupos A e B contam com 4 seleções cada sendo que 3 de cada grupo avançarão às quartas de final. Já os Grupo C e D terão 3 seleções cada com apenas 1 avançando às quartas. A separação foi feita com base no Ranking Mundial, colocando-se as seleções com ranking menor nos Grupos C e D. Como particularidade, os times dos Grupos C e D fazem 2 jogos dentro de seu grupo e 1 jogo contra 1 equipe do outro grupo, para que todas as seleções façam 3 jogos na primeira fase.
O Grupo C tem uma das seleções anfitriãs, a Papua Nova Guiné, que competirá pela classificação com o tradicional Gales e a perigosa Irlanda, enquanto o Grupo D é de Fiji, duas vezes semifinalista, que terá pela frente os Estados Unidos, que retorna ao Mundial após se ausentar em 2013, e a Itália, que joga seu segundo Mundial seguido.
O Grupo C
Papua Nova Guiné
Apelido: Kumuls (Aves do Paraíso)
Melhor colocação: Quartas de final (2000)
Principais nomes: David Mead, Paul Aiton, James Segeyaro, Lachlan Lam, Kurt Baptiste;Re
Perspectiva (opinião): A nação mais apaixonada do mundo pelo Rugby League, como ela é conhecida, a Papua Nova Guiné é devota do rugby de 13 jogadores e receberá algumas partidas do Mundial, prometendo uma festa épica em sua casa. Com o apoio de sua apaixonada torcida, os Kumuls entrarão no Mundial pressionados, sobretudo após campanhas insossas nas últimas edições. Estar em um dos grupos de 3 seleções poderá ser benéfico à Papua que, ao contrário de outras nações do Pacífico, usa poucos atletas nascidos no exterior. Sua seleção é fruto do talento que ela forma e neste ano o League do país deu um passo adiante com o PNG Hunters, a equipe profissional da Papua que disputa a segunda divisão australiana, sendo campeão da divisão de Queensland. Um feito imenso que ajudou a elevar o nível de seus atletas e que a coloca como favorita em sua chave. Junto dos jogadores dos Hunters, bons nomes na NRL ajudaram a elevar a equipe almeja as quartas de final;
Gales
Apelido: Dragons (Dragões)
Melhor colocação: Semifinalista (1995 e 2000)
Principais nomes: Regan Race, Elliot Kear, Morgan Knowles, Craig Kopczak, Philip Joseph, Sam Hopkins;
Perspectiva (opinião): Além de Austrália, Nova Zelândia, Papua, Inglaterra e França, Gales é outra das poucas nações com um Rugby League doméstico desenvolvido e com tradição, ainda que sempre à sombra do Union. Gales conta hoje com 2 clubes jogando a terceira divisão inglesa e muitos outros clubes no passado que já chegaram até mesmo à elite do país vizinho. A seleção é modesta, com os Dragões contando com atletas produzidos em seu país e alguns outros nascidos na Inglaterra. No papel, os Dragões poderão fazer frente à Papua Nova Guiné, mas correm por fora por jogarem na casa do concorrente;
Irlanda
Apelido: Wolfhounds (Lébrel Irlandês – espécie de cão)
Melhor colocação: Quartas de final (2000 e 2008)
Principais nomes: Michael McIlorum, Anthony Mullally, Louie McCarthy-Scarsbrook, Scott Grix, Liam Finn, Tyrone McCarthy, James Hasson, George King, Joe Philbin, Oliver Roberts;
Perspectiva (opinião): A Irlanda é mais um dos países que se valem da diáspora. O League é amador na ilha e conta com poucos praticantes. Sua seleção depende de atletas nascidos na Inglaterra com ascendência irlandesa e como a colônia é grande os Wolfhounds terão uma equipe com bons nomes da Super League inglesa, com destaque para nomes de peso como Michael McIlorum, Louie McCarthy-Scarsbrook (ambos ex seleção inglesa) e Anthony Mullally. Nome a nome, trata-se de um grupo superior ao de Gales e que poderá fazer frente à Papua. Paixão e torcida nunca faltará, porque a colônia irlandesa também é grande na Austrália;
O Grupo D
Fiji
Apelido: Bati (Guerreiros Fijianos)
Melhor colocação: Semifinalista (2008 e 2013)
Principais nomes: Jarryd Hayne, Junior Roqica, Kevin Naiqama, Ashton Sims, Korbin Sims, Apisai Koroisau, Akuila Uate, Suliasi Vunivalu;
Perspectiva (opinião): Fiji tem um Rugby League doméstico em ascensão, com sua liga nacional crescendo, mas ainda distante da popularidade do Union (em especial do Sevens). Com isso, Fiji também conta com muitos atletas nascidos ou crescidos na Austrália e na Nova Zelândia e forma uma seleção forte, favorita de seu grupo e com duas semifinais no currículo. Craques não faltarão a Fiji, com destaque para o ex melhor do mundo e ex seleção australiano Jarryd Hayne, um dos grandes ídolo dos rugby de 13 jogadores no mundo. Junto dele estarão nomes do calibre de Akuila Uate, Suliasi Vunivalu, Junior Roqica, Kevin Naiqama, Apisai Koroisau, Ashton e Korbin Sims. Fiji novamente aposta alto e quer o Top 4, ciente de que o nível da briga subiu, com Samoa e Tonga se reforçando com craques da NRL também. Isso é importante de se ressaltar pois o campeão do Grupo D encarará o vice do Grupo B, que deverá ser um dos dois rivais de Fiji;
Estados Unidos
Apelido: Hawks (Gaviões)
Melhor colocação: Quartas de final (2013)
Principais nomes: Bureta Faraimo, Eddy Pettybourne, Ryan Burroughs, Mark Offerdahl;
Perspectiva (opinião): Sabe onde será a Copa do Mundo de Rugby League de 2025? Nos Estados Unidos. O League tem longa história na América do Norte, com clubes e até uma seleção jogando desde os anos 50. A modalidade nunca decolou, mas sempre teve seu nicho de seguidores e hoje o país vive seu melhor momento, jogando a Copa do Mundo pela segunda edição seguida e planejando colocar uma equipe na terceira divisão inglesa em 2019. Os Hawks vão ao Mundial com a proposta apenas de se desenvolverem e terão um elenco com mais da metade dos atletas vindos do campeonato local. A opção americana foi de primeiro investir no treinador, trazendo o inglês Brian McDermott, supercampeão no comando do Leeds Rhinos na Super League inglesa, tendo faturado 4 títulos nacionais, incluindo o deste ano. É a grande estrela do time. Não espere muito dos Hawks hoje, mas saiba que nos próximos anos eles poderão voar alto.
Itália
Apelido: Azzurri (Azuis)
Melhor colocação: Fase de grupos (2013)
Principais nomes: Mirco Bergamasco, James Tedesco, Mark Minichiello, Paul Vaughan, Nathan Brown, Daniel Alvaro, Terry Campese;
Perspectiva (opinião): O Rugby League italiano é minúsculo, mas o país conseguiu reunir uma legião de ítalo-australianos e passou pelas eliminatórias europeias pela segunda vez, deixando para trás países como Sérvia e Rússia que contam com clube de League mais desenvolvidos. A Itália irá à Copa do Mundo com a cabeça no marketing e levará à Oceania ninguém menos que o ídolo do rugby (Union) do país Mirco Bergamasco (lembra dele?), que, aos 34 anos, voltará a dar as caras no cenário internacional. Ao lado dele estará Mark Minichiello, atleta australiano de longa história no League australiano e mundial, o craque James Tedesco, que vai brilhando na NRL, e Terry Campese (sobrinho do craque dos Wallabies David Campese). O objetivo dos Azzurri é só um: ganhar alguma atenção de sua mídia para o rugby de 13 jogadores. Com esses nomes, eles correrão por fora na luta pelas quartas de final, mas terão chances sim.
Clique aqui para conferir a prévia do Grupo A
Clique aqui para conferir a prévia do Grupo B
O que é o Rugby League?
O Rugby League é uma modalidade do rugby que nasceu em 1895 no Norte da Inglaterra. Na época, o rugby (o Rugby Union) proibia o profissionalismo no mundo todo, mas um grupo de clubes ingleses se opôs à proibição de pagamentos a jogadores e romperam com a federação inglesa, formando uma liga independente. A fim de mudar a dinâmica do jogo e torná-lo mais aberto, a liga passou a promover mudanças nas suas regras, criando uma modalidade distinta, jogada com regras diferentes e organizada por entidades distintas do Union. O League, no entanto, se difundiu fortemente apenas no Norte da Inglaterra e na Austrália, onde é mais popular que o Union. O esporte ganhou popularidade ainda na Papua Nova Guiné (país da Oceania onde é o League e não o Union que reina) e, em menor dimensão, na Nova Zelândia e em algumas partes da França, onde segue bem abaixo do Union.
Quais as principais diferenças?
- O League é jogado por 2 times de 13 jogadores cada, com 4 reservas, sendo que um atleta que foi substituído poderá retornar a campo;
- No League, o try vale 4 pontos, a conversão 2, o penal 2 e o drop goal (chamado também de field goal) 1 ponto;
- Não é usado sistema de pontos bônus nas tabelas de classificação. A vitória vale 2 pontos, o empate 1 e a derrota 0;
- Não existem rucks. Quando um atleta sofre o tackle, é seguro e vai ao chão o jogo é parado. O atleta com a bola é liberado, rola a bola com os pés para trás e o jogo é reiniciado. É o chamado “play the ball”;
- Cada equipe tem direito a realizar 5 vezes o play the ball e, na sexta vez que um atleta é derruba, a posse da bola troca de equipe. É a chamada “Regra dos 6 tackles”. Com isso, é comum após o 5º tackle a equipe com a posse da bola chutá-la;
- Se a equipe defensora tocar na bola entre um play the ball e outro a contagem de tackles é zerada. Quando uma equipe com a posse de bola comete um erro de manuseio e a bola troca de posse o primeiro tackle é considerado “tackle zero” e a contagem se inicia apenas após ele;
- Não há lineouts. A reposição da bola que saiu pela lateral é feita a partir de um scrum. Penais chutados para a lateral são cobrados com free kick;
- Na prática, os scrums não possuem disputas, pois a equipe que introduz a bola na formação pode introduzi-la diretamente no pé de sua segunda linha. Porém, a equipe sem a bola pode tentar empurrar a formação para roubar a bola (o que é raro de acontecer);
- Não existe o mark. Com isso, chutes no campo ofensivo são frequentes;
- Um chute dado atrás da linha de 40 metros do campo de defesa que saia pela lateral após a linha de 20 metros do campo ofensivo é chamado de “40/20” e premia a equipe chutadora com a manutenção da posse da bola e com a contagem de tackles zerada;
- A numeração dos atletas no League muda. Os números mais altos são para os forwards e os números menos são para a linha. O fullback é o camisa 1 e o pilar o 13, por exemplo;
Tabelas
Dia | Local | Time | Placar | X | Placar | Time | Grupo/Fase |
---|---|---|---|---|---|---|---|
27/10/2017 | Melbourne (Austrália) | AUSTRÁLIA | 18 | X | 04 | INGLATERRA | Grupo A |
28/10/2017 | Auckland (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 38 | X | 08 | SAMOA | Grupo B |
28/10/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 50 | X | 06 | GALES | Grupo C |
28/10/2017 | Townsville (Austrália) | FIJI | 58 | X | 12 | ESTADOS UNIDOS | Grupo D |
29/10/2017 | Cairns (Austrália) | IRLANDA | 36 | X | 12 | ITÁLIA | Grupo C/Grupo D |
29/10/2017 | Cairns (Austrália) | ESCÓCIA | 04 | X | 50 | TONGA | Grupo B |
29/10/2017 | Canberra (Austrália) | FRANÇA | 18 | X | 29 | LÍBANO | Grupo A |
03/11/2017 | Canberra (Austrália) | AUSTRÁLIA | 52 | X | 06 | FRANÇA | Grupo A |
04/11/2017 | Sydney (Austrália) | INGLATERRA | 29 | X | 10 | LÍBANO | Grupo A |
04/11/2017 | Christchurch (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 74 | X | 06 | ESCÓCIA | Grupo B |
04/11/2017 | Hamilton (Nova Zelândia) | SAMOA | 18 | X | 32 | TONGA | Grupo B |
05/11/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 14 | X | 06 | IRLANDA | Grupo C |
05/11/2017 | Townsville (Austrália) | ITÁLIA | 46 | X | 00 | ESTADOS UNIDOS | Grupo D |
05/11/2017 | Townsville (Austrália) | FIJI | 72 | X | 06 | GALES | Grupo C/Grupo D |
10/11/2017 | Canberra (Austrália) | FIJI | 38 | X | 10 | ITÁLIA | Grupo D |
11/11/2017 | Sydney (Austrália) | AUSTRÁLIA | 34 | X | 00 | LÍBANO | Grupo A |
11/11/2017 | Cairns (Austrália) | SAMOA | 14 | X | 14 | ESCÓCIA | Grupo B |
11/11/2017 | Hamilton (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 22 | X | 28 | TONGA | Grupo B |
12/11/2017 | Perth (Austrália) | GALES | 06 | X | 34 | IRLANDA | Grupo C |
12/11/2017 | Perth (Austrália) | INGLATERRA | 36 | X | 06 | FRANÇA | Grupo A |
12/11/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 64 | X | 00 | ESTADOS UNIDOS | Grupo C/Grupo D |
17/11/2017 | Darwin (Austrália) | AUSTRÁLIA | 46 | X | 00 | SAMOA | Quartas de final |
18/11/2017 | Christchurch (Nova Zelândia) | TONGA | 24 | X | 22 | LÍBANO | Quartas de final |
18/11/2017 | Wellington (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 02 | X | 04 | FIJI | Quartas de final |
19/11/2017 | Melbourne (Austrália) | INGLATERRA | 36 | X | 06 | PAPUA NOVA GUINÉ | Quartas de final |
24/11/2017 | Brisbane (Austrália) | AUSTRÁLIA | 54 | X | 06 | FIJI | Semifinal |
25/11/2017 | Auckland (Nova Zelândia) | TONGA | 18 | X | 20 | INGLATERRA | Semifinal |
02/12/2017 | Brisbane (Austrália) | AUSTRÁLIA | 06 | X | 00 | INGLATERRA | FINAL |
Seleção | Jogos | Pontos |
---|---|---|
Grupo A | ||
Austrália | 3 | 6 |
Inglaterra | 3 | 4 |
Líbano | 3 | 2 |
França | 3 | 0 |
Grupo B | ||
Tonga | 3 | 6 |
Nova Zelândia | 3 | 4 |
Samoa | 3 | 1 |
Escócia | 3 | 1 |
Grupo C | ||
Papua Nova Guiné | 3 | 6 |
Irlanda | 3 | 4 |
Gales | 3 | 0 |
Grupo D | ||
Fiji | 3 | 6 |
Itália | 3 | 2 |
Estados Unidos | 3 | 0 |
- Vitória = 2 pontos;
- Empate = 1 pontos;
- Derrota = 0 ponto;
História
Ano(s) | Sede(s) | Campeão | Vice campeão | Observações |
---|---|---|---|---|
1954 | França | Grã Bretanha | França | 4 países participantes, incluindo Austrália e Nova Zelândia |
1957 | Austrália | Austrália | Grã Bretanha | Mesmos 4 participantes |
1960 | Inglaterra | Grã Bretanha | Austrália | Mesmos 4 participantes |
1968 | Austrália e Nova Zelândia | Austrália | França | Mesmos 4 participantes |
1970 | Inglaterra | Austrália | Grã Bretanha | Mesmos 4 participantes |
1972 | França | Grã Bretanha | Austrália | Mesmos 4 participantes |
1975 | Jogos em todos os países | Austrália | Inglaterra | 5 participantes, com a Grã Bretanha dividida em Inglaterra e Gales |
1977 | Austrália e Nova Zelândia | Austrália | Grã Bretanha | 4 participantes, com a volta da Grã Bretanha |
1985-1988 | Jogos em todos os países | Austrália | Nova Zelândia | 5 seleções, com a Papua Nova Guiné estreando. Formato de todos contra todos, turno e returno, com jogos ao longo de 4 anos |
1989-1992 | Jogos em todos os países | Austrália | Grã Bretanha | Mesmo formato e equipes de 85-88 |
1995 | Inglaterra | Austrália | Inglaterra | 10 participantes, com a Grã Bretanha dividida em Inglaterra e Gales definitivamente. Estreias de Fiji, Samoa, Tonga e África do Sul |
2000 | Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda e França | Austrália | Nova Zelândia | 16 participantes. Estreias de Escócia, Irlanda, Ilhas Cook, Rússia e Líbano |
2008 | Austrália | Nova Zelândia | Austrália | 10 participantes. 1º título da Nova Zelândia |
2013 | Inglaterra e Gales | Austrália | Nova Zelândia | 14 participantes. Estreias da Itália e dos Estados Unidos |
2017 | Austrália, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné | Austrália | Inglaterra | 14 participantes (mesmo formato de 2013). Novo ciclo de 4 anos instituído |
2021 | Inglaterra | - | - | 16 participantes. Estreias de Grécia e Jamaica |
Lista de campeões | Títulos | Vices | ||
Austrália | 11 | 3 | ||
Grã Bretanha | 3 | 6 | ||
Nova Zelândia | 1 | 3 | ||
França | 0 | 2 |
Foto: Bergamasco – Getty Images