Tempo de leitura: 7 minutos
A partir do dia 27 de outubro, outro Mundial de rugby ganhará lugar neste ano. E é o mais antigo de todos, fundado em 1954. É a Copa do Mundo de Rugby League, o rugby de 13 jogadores, que será disputada na Austrália, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné, com final marcada para o dia 2 de dezembro. Vamos conhecer mais?
Serão 14 seleções, separadas em 4 grupos. Os Grupos A e B contam com 4 seleções cada sendo que 3 de cada grupo avançarão às quartas de final. Já os Grupo C e D terão 3 seleções cada com apenas 1 avançando às quartas. A separação foi feita com base no Ranking Mundial, colocando-se as seleções com ranking menor nos Grupos C e D.
Hoje largam nossas prévias do torneio! Primeiro o Grupo A e nos próximos dias os grupos B, C e D! O Grupo A, aliás, é a chave que mais chama a atenção, pois contará com os dois maiores campeões mundiais e favoritos ao título, a anfitriã Austrália, atual campeã e invicta desde 2015, e a Inglaterra, que não belisca o título desde 1972 e busca sua primeira vitória sobre a Austrália desde 2006. Fecham a chave a tradicional França e o Líbano, que retorna ao Mundial após longa ausência.
O Grupo A
Austrália
Apelido: Kangaroos (Cangurus)
Melhor colocação: Campeão – 10 títulos (1957, 1968, 1970, 1975, 1977, 1988, 1992, 1995, 2000, 2013);
Principais nomes: O time todo, mas destacam-se Cameron Smith, Cooper Cronk e Billy Slater, trio de ex melhores do mundo do atual campeão da NRL Melbourne Storm. Destaques também para Aaron Woods, Matt Gillett, Boyd Cordner, James Maloney, Josh Dugan e o jovem Cameron Munster;
Perspectiva (opinião): Franca favorita e quase imbatível. Será muito difícil qualquer seleção conseguir o feito de tirar o título da Austrália, a maior seleção do mundo. Ao longo da última década, somente a Nova Zelândia foi capaz de vencer os australianos, mas sempre na condição de azarona. Jogando em casa, abastecida pela melhor liga do mundo – a NRL – e pela paixão de uma legião de torcedores – em geral mais interessados no State of Origin local do que nos Kangaroos – a Austrália é uma aposta segura.
Qual o desafio, então? Além de manter a hegemonia, para os Kangaroos o importante hoje é fazer com que o seu torcedor se engaje na Copa do Mundo e não fique apenas preso à paixão pelos clubes. É o efeito negativo de ser tão dominante hoje no mundo…
Quais as ausências? Johnathan Thurston e Greg Inglis.
Inglaterra
Apelido: Lions (Leões)
Melhor colocação: Campeão – 3 títulos (todos como Grã Bretanha – 1956, 1960 e 1972);
Principais nomes: Sean O’Loughlin, Sam Burgess, Tom Burgess, James Graham, Ryan Hall, Josh Hodgson, Gareth Widdop
Perspectiva (opinião): Tradicionalmente a segunda grande potência do Rugby League mundial, a Inglaterra perdeu essa condição para a Nova Zelândia na última década e amarga já 11 anos sem vitórias sobre a Austrália e 45 anos sem o título mundial. Os ingleses são os herdeiros da Grã Bretanha, que jogava a Copa do Mundo até os anos 80, antes de em 1992 a seleção britânica ser dividida entre ingleses, galeses e escoceses. Na prática, a seleção britânica era a própria seleção inglesa, já que o League tem força somente no Norte da Inglaterra.
Os Leões ingleses evoluíram nos últimos anos e flertaram com vitórias sobre a Austrália em encontros recentes (como no 16 x 12 de 2014 e no 28 x 20 de 2013), dando a entender que poderão correr por fora na luta pelo título de 2017. Se ele vier, será um momento histórico. No comando da seleção estará o australiano Wayne Bennett, técnico mais vitorioso da história da NRL. Entre as preocupações, estão as ausências de nomes do atual campeão da Super League, o Leeds Rhinos, com Tom Briscoe e o veterano Danny McGuire ficando de fora da convocação.
França
Apelido: Les Chanticleers (Galos)
Melhor colocação: Vice campeão (1954 e 1968)
Principais nomes: Théo Fages, Éloi Pélissier, Julian Bousquet, Benjamin Garcia, Benjamin Jullien;
Perspectiva (opinião): A França já foi grande e já incomodou muita gente no League (ou, como preferem os franceses, o “Rugby à XIII”). Ao longo dos anos 1930, a França viveu uma expansão exponencial do League, com vários clubes abandonando o Union em favor do League Porém, a Segunda Guerra Mundial freou a expansão da modalidade, que foi colocada na clandestinidade durante a ocupação nazista. Com o fim da guerra, muitos clubes retornaram ao Union, mas o League ainda teve força como modalidade menor até os anos 70, com a França fazendo frente às grandes seleções do mundo e acumulando dois vice campeonatos mundiais – além de se creditar à iniciativa francesa a criação da Copa do Mundo em 1954. Com o crescimento contínuo do Union, o League francês entrou em profundo declínio até que o país se tornou coadjuvante nos anos 90. Nos anos 2000, um clube francês, da Catalunha, ingressou na primeira divisão inglesa, o Catalans Dragons, seguido pelo Toulouse Olympique, na segunda divisão, que ajudaram a França a voltar a desenvolver seu League dentro do profissionalismo.
Em 2017, os Galos têm como objetivo voltar ao Top 4 do mundo pela primeira vez desde 1992. Missão muito complicada, pois se os franceses acabarem em terceiro lugar na chave irão encarar o campeão do Grupo B (provavelmente a Nova Zelândia). Algum gigante eles terão que vencer.
Líbano
Apelido: Les Cédres (Cedros)
Melhor colocação: Fase de grupos (2000)
Principais nomes: Robbie Farah, Mitchell Moses, Tim Mannah, Michael Lichaa;
Perspectiva (opinião): Para o espanto de muita gente, o único esporte coletivo que terá o Líbano jogando um Mundial nos últimos 7 anos é o Rugby League, o que certamente atrairá muita atenção do país do Oriente Médio. O League chegou à terra dos Cedros por meio da grande comunidade libanesa que residente na Austrália, com o esporte sendo introduzido no país nos anos 90. Em 2000, o Líbano jogou seu único Mundial, formado todo por atletas australianos. Porém, desde então, a federação do país passou a desenvolver o rugby league libanês e a modalidade de 13 se tornou a principal da bola oval na nação. O time de 2017 segue cheio de australianos e seu objetivo será derrubar a França (ex colonizadora do Líbano), o que certamente criaria uma grande propaganda a favor da modalidade no país.
Clique aqui para conferir a prévia do Grupo B
Clique aqui para conferir a prévia dos Grupos C e D
O que é o Rugby League?
O Rugby League é uma modalidade do rugby que nasceu em 1895 no Norte da Inglaterra. Na época, o rugby (o Rugby Union) proibia o profissionalismo no mundo todo, mas um grupo de clubes ingleses se opôs à proibição de pagamentos a jogadores e romperam com a federação inglesa, formando uma liga independente. A fim de mudar a dinâmica do jogo e torná-lo mais aberto, a liga passou a promover mudanças nas suas regras, criando uma modalidade distinta, jogada com regras diferentes e organizada por entidades distintas do Union. O League, no entanto, se difundiu fortemente apenas no Norte da Inglaterra e na Austrália, onde é mais popular que o Union. O esporte ganhou popularidade ainda na Papua Nova Guiné (país da Oceania onde é o League e não o Union que reina) e, em menor dimensão, na Nova Zelândia e em algumas partes da França, onde segue bem abaixo do Union.
Quais as principais diferenças?
- O League é jogado por 2 times de 13 jogadores cada, com 4 reservas, sendo que um atleta que foi substituído poderá retornar a campo;
- No League, o try vale 4 pontos, a conversão 2, o penal 2 e o drop goal (chamado também de field goal) 1 ponto;
- Não é usado sistema de pontos bônus nas tabelas de classificação. A vitória vale 2 pontos, o empate 1 e a derrota 0;
- Não existem rucks. Quando um atleta sofre o tackle, é seguro e vai ao chão o jogo é parado. O atleta com a bola é liberado, rola a bola com os pés para trás e o jogo é reiniciado. É o chamado “play the ball”;
- Cada equipe tem direito a realizar 5 vezes o play the ball e, na sexta vez que um atleta é derruba, a posse da bola troca de equipe. É a chamada “Regra dos 6 tackles”. Com isso, é comum após o 5º tackle a equipe com a posse da bola chutá-la;
- Se a equipe defensora tocar na bola entre um play the ball e outro a contagem de tackles é zerada. Quando uma equipe com a posse de bola comete um erro de manuseio e a bola troca de posse o primeiro tackle é considerado “tackle zero” e a contagem se inicia apenas após ele;
- Não há lineouts. A reposição da bola que saiu pela lateral é feita a partir de um scrum. Penais chutados para a lateral são cobrados com free kick;
- Na prática, os scrums não possuem disputas, pois a equipe que introduz a bola na formação pode introduzi-la diretamente no pé de sua segunda linha. Porém, a equipe sem a bola pode tentar empurrar a formação para roubar a bola (o que é raro de acontecer);
- Não existe o mark. Com isso, chutes no campo ofensivo são frequentes;
- Um chute dado atrás da linha de 40 metros do campo de defesa que saia pela lateral após a linha de 20 metros do campo ofensivo é chamado de “40/20” e premia a equipe chutadora com a manutenção da posse da bola e com a contagem de tackles zerada;
- A numeração dos atletas no League muda. Os números mais altos são para os forwards e os números menos são para a linha. O fullback é o camisa 1 e o pilar o 13, por exemplo;
Tabelas
Dia | Local | Time | Placar | X | Placar | Time | Grupo/Fase |
---|---|---|---|---|---|---|---|
27/10/2017 | Melbourne (Austrália) | AUSTRÁLIA | 18 | X | 04 | INGLATERRA | Grupo A |
28/10/2017 | Auckland (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 38 | X | 08 | SAMOA | Grupo B |
28/10/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 50 | X | 06 | GALES | Grupo C |
28/10/2017 | Townsville (Austrália) | FIJI | 58 | X | 12 | ESTADOS UNIDOS | Grupo D |
29/10/2017 | Cairns (Austrália) | IRLANDA | 36 | X | 12 | ITÁLIA | Grupo C/Grupo D |
29/10/2017 | Cairns (Austrália) | ESCÓCIA | 04 | X | 50 | TONGA | Grupo B |
29/10/2017 | Canberra (Austrália) | FRANÇA | 18 | X | 29 | LÍBANO | Grupo A |
03/11/2017 | Canberra (Austrália) | AUSTRÁLIA | 52 | X | 06 | FRANÇA | Grupo A |
04/11/2017 | Sydney (Austrália) | INGLATERRA | 29 | X | 10 | LÍBANO | Grupo A |
04/11/2017 | Christchurch (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 74 | X | 06 | ESCÓCIA | Grupo B |
04/11/2017 | Hamilton (Nova Zelândia) | SAMOA | 18 | X | 32 | TONGA | Grupo B |
05/11/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 14 | X | 06 | IRLANDA | Grupo C |
05/11/2017 | Townsville (Austrália) | ITÁLIA | 46 | X | 00 | ESTADOS UNIDOS | Grupo D |
05/11/2017 | Townsville (Austrália) | FIJI | 72 | X | 06 | GALES | Grupo C/Grupo D |
10/11/2017 | Canberra (Austrália) | FIJI | 38 | X | 10 | ITÁLIA | Grupo D |
11/11/2017 | Sydney (Austrália) | AUSTRÁLIA | 34 | X | 00 | LÍBANO | Grupo A |
11/11/2017 | Cairns (Austrália) | SAMOA | 14 | X | 14 | ESCÓCIA | Grupo B |
11/11/2017 | Hamilton (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 22 | X | 28 | TONGA | Grupo B |
12/11/2017 | Perth (Austrália) | GALES | 06 | X | 34 | IRLANDA | Grupo C |
12/11/2017 | Perth (Austrália) | INGLATERRA | 36 | X | 06 | FRANÇA | Grupo A |
12/11/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 64 | X | 00 | ESTADOS UNIDOS | Grupo C/Grupo D |
17/11/2017 | Darwin (Austrália) | AUSTRÁLIA | 46 | X | 00 | SAMOA | Quartas de final |
18/11/2017 | Christchurch (Nova Zelândia) | TONGA | 24 | X | 22 | LÍBANO | Quartas de final |
18/11/2017 | Wellington (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 02 | X | 04 | FIJI | Quartas de final |
19/11/2017 | Melbourne (Austrália) | INGLATERRA | 36 | X | 06 | PAPUA NOVA GUINÉ | Quartas de final |
24/11/2017 | Brisbane (Austrália) | AUSTRÁLIA | 54 | X | 06 | FIJI | Semifinal |
25/11/2017 | Auckland (Nova Zelândia) | TONGA | 18 | X | 20 | INGLATERRA | Semifinal |
02/12/2017 | Brisbane (Austrália) | AUSTRÁLIA | 06 | X | 00 | INGLATERRA | FINAL |
Seleção | Jogos | Pontos |
---|---|---|
Grupo A | ||
Austrália | 3 | 6 |
Inglaterra | 3 | 4 |
Líbano | 3 | 2 |
França | 3 | 0 |
Grupo B | ||
Tonga | 3 | 6 |
Nova Zelândia | 3 | 4 |
Samoa | 3 | 1 |
Escócia | 3 | 1 |
Grupo C | ||
Papua Nova Guiné | 3 | 6 |
Irlanda | 3 | 4 |
Gales | 3 | 0 |
Grupo D | ||
Fiji | 3 | 6 |
Itália | 3 | 2 |
Estados Unidos | 3 | 0 |
- Vitória = 2 pontos;
- Empate = 1 pontos;
- Derrota = 0 ponto;
História
Ano(s) | Sede(s) | Campeão | Vice campeão | Observações |
---|---|---|---|---|
1954 | França | Grã Bretanha | França | 4 países participantes, incluindo Austrália e Nova Zelândia |
1957 | Austrália | Austrália | Grã Bretanha | Mesmos 4 participantes |
1960 | Inglaterra | Grã Bretanha | Austrália | Mesmos 4 participantes |
1968 | Austrália e Nova Zelândia | Austrália | França | Mesmos 4 participantes |
1970 | Inglaterra | Austrália | Grã Bretanha | Mesmos 4 participantes |
1972 | França | Grã Bretanha | Austrália | Mesmos 4 participantes |
1975 | Jogos em todos os países | Austrália | Inglaterra | 5 participantes, com a Grã Bretanha dividida em Inglaterra e Gales |
1977 | Austrália e Nova Zelândia | Austrália | Grã Bretanha | 4 participantes, com a volta da Grã Bretanha |
1985-1988 | Jogos em todos os países | Austrália | Nova Zelândia | 5 seleções, com a Papua Nova Guiné estreando. Formato de todos contra todos, turno e returno, com jogos ao longo de 4 anos |
1989-1992 | Jogos em todos os países | Austrália | Grã Bretanha | Mesmo formato e equipes de 85-88 |
1995 | Inglaterra | Austrália | Inglaterra | 10 participantes, com a Grã Bretanha dividida em Inglaterra e Gales definitivamente. Estreias de Fiji, Samoa, Tonga e África do Sul |
2000 | Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda e França | Austrália | Nova Zelândia | 16 participantes. Estreias de Escócia, Irlanda, Ilhas Cook, Rússia e Líbano |
2008 | Austrália | Nova Zelândia | Austrália | 10 participantes. 1º título da Nova Zelândia |
2013 | Inglaterra e Gales | Austrália | Nova Zelândia | 14 participantes. Estreias da Itália e dos Estados Unidos |
2017 | Austrália, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné | Austrália | Inglaterra | 14 participantes (mesmo formato de 2013). Novo ciclo de 4 anos instituído |
2021 | Inglaterra | - | - | 16 participantes. Estreias de Grécia e Jamaica |
Lista de campeões | Títulos | Vices | ||
Austrália | 11 | 3 | ||
Grã Bretanha | 3 | 6 | ||
Nova Zelândia | 1 | 3 | ||
França | 0 | 2 |
Foto: Four Nations 2016 – Getty Images