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ARTIGO OPINATIVO – Continua a época de surgimento de novas revelações e para os lados de Christchurch houve embate titânica de terceiras-linhas, com Cullen Grace, Tom Sanders e Tom Christie (21 placagens, 2 turnovers, 1 quebra-de-linha e 2 defesas batidos) e Angus Scott-Young, Liam Wright e Ryan Wilson, e é o 8 precisamente um dos destaques desta 6ª ronda do Super Rugby 2020!
As razões, explicação e dados de cada um dos destaques desta ronda!
HARRY WILSON (REDS)
E sai mais um novato da fábrica de talentos de Queensland chamado de Harry Wilson, um maciço terceira-linha centro de 1,95 metros e 110 quilos que realizou uma extraordinária exibição em Christchurch a começar por ter sido o jogador com mais metros percorridos da equipa australiana no encontro (75 metros conquistados)!
Foi dominante nas saídas da formação-ordenada, mostrando um equilíbrio sensacional para aguentar com a primeira aproximação de Cullen Grace e Tom Sanders, o que ofereceu tempo e espaço para Malolua ou McDermott tirarem a oval e darem início a uma sequência de ataque, tendo ainda sido preponderante nas saídas mais juntas ao ruck onde se debateu bem no tackle para se desfazer dos seus tackleadores e sair num rampage imparável em certas circunstâncias, como foi no try de Henry Speight já nos últimos minutos de jogo.
Sempre foram 3 quebras-de-linha e 3 defesas batidos durante 80 minutos, uma marca excelente ainda por mais quando foi registado contra uma defesa “asfixiante” como são os Crusaders, com a equipa neozelandesa a revelar vários problemas em como parar um arranque de Wilson. Agressivo e dominante na colocação do ombro no tackle, é neste momento uma peça essencial no planeamento estratégico de Brad Thorn e as boas exibições rubricadas neste início de época começam a fazer “barulho” e a lançar olhos muito centrados no impacto físico que Harry Wilson oferece ao tabuleiro de jogo.
MART TELEA (BLUES)
Mais uma ronda e mais um show de um jogador que ninguém esperava pela sua ascensão logo no seu ano de estreia, com Mark Telea a rubricar uma bela exibição na visita ao campo dos Hurricanes: 140 metros de conquista, 5 quebras-de-linha, 11 defesas batidos, 1 try, 5 tackle busts, 4 bolas bem colhidas no ar, 3 placagens (100% eficácia) e 0 (zero) erros com a oval em seu poder.
Números impressionantes para apresentar no seu primeiro dérbi de Wellington, certo? Poderíamos ter escolhido Rieko Ioane também, pois o centro foi extraordinário nas suas ações defensivas (sempre bem no cobrir da segunda cortina defensiva) e melhor ainda no ataque, em que foi essencial dando uma aceleração essencial às jogadas iniciadas por Otere Black e Stephen Perofeta (o abertura e defesa estão a combinar de forma impressionante nesta época), mas Telea foi constantemente uma ameaça seja à ponta ou no aparecer em jogadas no centro do terreno.
Parece num primeiro momento ser um atleta comum, sem um formato físico expressivo, contudo quando a oval entra em contacto com o ponta tudo muda, tornando-se uma “flecha” apontada a ir à conquista de metros ou a constantemente irritar os tackleadores que não conseguem capturá-lo com facilidade, como aconteceu no encontro frente aos Stormers ou, agora, contra os Hurricanes.
Nas tabelas de dados estatísticos do Super Rugby, Mark Telea surge em vários ocupando o 2º lugar de jogador com mais metros percorridos com bola (480), 1º nos defesas batidos (41), 2º nas quebras-de-linha (15) e tries (5), isto tudo na sua primeira temporada na competição, relembrando Sevu Reece na sua época de estreia.
ROSKO SPECKMAN (BULLS)
Demorou, mas Rosko Speckman finalmente teve direito a aparecer em jogo corrido revelando-se o melhor jogador em campo (a par de Morné Steyn) na vitória ante os Highlanders, pondo fim a um ciclo complicado de derrotas dos Bulls de Pretória. A formação sul-africana só “acordou” na segunda metade e muito deve à forma como à capacidade de finalização do antigo internacional sul-africano de 7’s, em especial no primeiro try onde mostrou inteligência e velocidade de movimentos ao retirar a oval rapidamente do chão e entrar no contacto para chegar ao toque de meta.
Ajudado por Warrick Gellant (o defesa quando tem espaço torna-se uma ameaça de topo, sempre com o foco posto em ludibriar os defesas adversários), Rosko Speckman foi surgindo lançado desdobrando-se bem perante os tackleadores próximos para depois fazer um pico de explosão intenso e imparável até aplicar o toque final, mas reduzir a boa prestação do ponta ao facto de ter feito tries seria limitador. A forma como deu um contínuo impulso às ações atacantes dos Bulls conferiu uma importante “agressividade” às linhas atrasadas, empurrando-os não só a arriscar mais mas também a ter outra vontade de sair dos 22 metros com a bola controlada, fugindo ao jogo de trocas de pontapés.
Como é que um ponta pode ser tão decisivo na estratégia de uma equipa? Bryan Habana o foi, Jonah Lomu também, Rieko Ioane idem (continua a ser o ponta que mais rapidamente chegou às duas dezenas de tries a nível internacional), como tantos outros, ou seja, basta que a equipa tenha predileção em optar por uma estratégia mais de procura do toque de meta e constante perfuração
Texto: Francisco Isaac