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É amanhã! Chegará ao fim a temporada europeia de 2014-15 com a grande final do campeonato mais longo do continente, o Top 14 francês. Em campo, no grandioso Stade de France, em Paris, o Stade Français volta à sua primeira final do campeonato nacional desde 2007, e terá a vantagem de contar certamente com a maioria do estádio a seu favor, ao passo que o Clermont tenta apagar as dores de mais um vice-campeonato europeu para afastar a sina de eterno vice-campeão. Quem vencer se tornará o quarto time em quatro anos a levantar o Bouclier de Brennus, nome da taça da competição, mostrando o equilíbrio do Top 14, a liga mais rica do mundo. O jogo acontece às 16h00 de Brasília, com transmissão ao vivo da TV5 Monde.
O Stade Français tem uma história peculiar. Maior campeão dos anos iniciais do Campeonato Francês, com oito títulos entre 1893 e 1908, numa época que o time contava com um brasileiro: Paulo do Rio Branco, filho do Barão de Rio Branco, que, tendo jogado desde hooker a fullback, foi um dos grandes nomes da história do clube parisiense. Após o sucesso inicial, o Stade Français passou incríveis noventa anos sem conquistar o campeonato, dos quais cinquenta foram passados na segunda ou terceira divisões do país. O renascimento veio na era profissional, sob o comando de Max Guazzini, magnata das comunicações, que assumiu o clube em 1992 e o recolocou como protagonista do rugby francês e europeu. Renovado, o Stade Français conquistou mais cinco títulos franceses, entre 1998 e 2007, ironicamente o último em cima do Clermont, mas nos últimos anos voltou a viver um declínio, sendo inclusive ameaçado de rebaixamento em alguns anos. Em 2014-15, o Paris, como é chamado, voltou a ser grande, fez uma sólida campanha e retornou ao mata-mata, despachando primeiro seu rival parisiense Racing Métro e depois o bicho-papão galático Toulon.
Já o Clermont tem uma história famosa pelas frustrações. O time amarelo da cidade da Michelin nasceu com o nome de Montferrand, assumiu o nome Clermont recentemente, mas segue o mesmo martírio. Apesar de contar frequentemente com grande elencos, o Clermont se notabilizou pelo excesso de vice-campeonatos e pelos poucos títulos. Foram nada menos que dez vices do Campeonato Francês entre 1936 e 2009, até, enfim, conquistar seu primeiro título da competição em 2010, derrotando o Perpignan na final. Desde então, os Jaunards não voltaram a disputar a final do Top 14, escorregando nas fases anteriores, apesar de sempre estar entre os ponteiros da liga. Porém, a equipe chegou a duas finais da Copa Europeia, e perdeu ambas para o Toulon, voltando a ser assombrado pelo estigma de eterno vice. A volta à final do Top 14 vem sendo entendido nas últimas semanas pelo torcedor do clube como a chance de afastar de vez o fantasma e a equipe vem sendo considerada favorita para o jogo, por conta da campanha superior que teve com relação ao Stade Français ao longo da temporada.
O Clermont é mais forte no papel, com um dos melhores scrums da Europa, com Vahaamahina, Zirakashvili e Domingo, aliado a uma linha que, apesar de desfalcada de Fofana e Nakaitaci, é sempre competente. Os Vulcões, como são conhecidos, funcionam como um perfeito – ou quase-perfeito – relógio, com um trabalho sempre dinâmico de transição do jogo de contato para a linha, conduzido por Morgan Parra, e tendo o apoio sempre perfeito de homens como Abendanon e Brock James.
O Stade Français, além da menor pressão e do menor desgaste, por não ter jogado a Champions Cup, tem como vantagem a forma perfeita de seu abertura Morné Steyn, que vai punir duramente o Clermont em caso de penais, aliado à força de seu pack, capaz de dominar o Toulon, e liderado pelo monstro Sergio Parisse, além da inteligência tática do treinador Gonzalo Quesada, que buscará a melhor forma de anular os amarelos. Espere uma batalha empolgante pelo domínio das terceiras linhas e dos rucks, com Burban, Parisse e Lakafia do lado rosa, Lee, Chouly e Bardy da parte amarela.
Top 14 – Campeonato Francês
Final – dia 13 de junho
16h00 (hora de Brasília) – Stade Français x Clermont, em Paris
Clermont: 15 Nick Abendanon, 14 Napolioni Nalaga, 13 Aurélien Rougerie, 12 Benson Stanley, 11 Jean-Marcellin Buttin, 10 Camille Lopez, 9 Morgan Parra, 8 Fritz Lee, 7 Julien Bardy, 6 Damien Chouly (c), 5 Sébastien Vahaamahina, 4 Paul Jedrasiak, 3 Davit Zirakashvili, 2 John Ulugia, 1 Thomas Domingo.
Suplentes: 16 Benjamin Kayser, 17 Raphaël Chaume, 18 Julien Pierre, 19 Alexandre Lapandry, 20 Ludovic Radosavljevic, 21 Brock James, 22 Mike Delany, 23 Clément Ric
Stade Français: 15 Djibril Camara, 14 Julien Arias, 13 Waisea, 12 Jonathan Danty, 11 Jérémy Sinzelle, 10 Morné Steyn, 9 Julien Dupuy, 8 Sergio Parisse (c), 7 Raphaël Lakafia, 6 Antoine Burban, 5 Alexandre Flanquart, 4 Hugh Pyle, 3 Rabah Slimani, 2 Rémi Bonfils, 1 Heinke van der Merwe
Suplentes: 16 Laurent Sempéré, 17 Zak Taulafo, 18 Pascal Papé, 19 Jono Ross, 20 Jérôme Fillol, 21 Meyer Bosman, 22 Geoffrey Doumayrou, 23 Davit Kubriashvili