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ARTIGO COM VÍDEO – Depois de no fim de semana passado a Austrália ter sofrido uma das piores derrotas de sua história em casa frente à Nova Zelândia, os Wallabies visitaram os All Blacks neste sábado na busca de seguirem no sonho de retomarem a Bledisoe Cup pela primeira vez desde 2002 e se reabilitarem no Rugby Championship. Com a entrada de Quade Cooper como abertura, Bernard Foley passou ao 1º centro, apoiado por Samu Kerevi, que relegou Tevita Kuridrani para o banco. Já no lado neozelandês só houve direito a uma novidade com a titularidade de Anton Lienert-Brown a substituir Ryan Crotty, por lesão. Israel Dagg passa a ponta para Ben Smith voltar à posição de fullback. O resultado foi outro atropelo neozelandesa, com direito a quatro tries não respondidos e 29 x 09 no marcador em Wellington. Pela 44ª vez a Bledisloe Cup é de posse dos All Blacks.
O início de jogo parecia saído do da semana passada… só domínio dos All Blacks, que em 10 minutos de jogo tiveram a bola durante 8 minutos seguidos, com os australianos a demonstrarem sérias dificuldades em controlar a posse da ovalada. O primeiro try chegou aos 8’, com Israel Dagg a receber um passe de Lienert-Brown (excelente estreia do jogador dos Chiefs) e a lançar-se para dentro da área de try, isto depois de uma excelente combinação de movimentos entre os jogadores neozelandeses (W. Crockett tem duas entradas de bom nível). Uma boa resposta dos australianos, logo de seguida, permitiu a Foley fazer o 07-03. Infelizmente para a equipe de Michael Cheika, nova falta dos seus “pupilos” possibilitou a Barrett em pedir numa penalidade para “atirar” aos postes e o nº10 não falhou na execução. A Austrália encontrou alguma paz e começou a tentar montar o seu jogo de forma mais natural, com Kerevi a subir bem, enquanto que Hooper e Pocock estavam com dificuldades em aparecer mais ao largo, uma vez que era necessário estarem mais junto da oval (a Nova Zelândia no 1º jogo tinha criado sérias dificuldades no que toca à disputa de ruck e “roubo” de bola nesse mesmo setor). Foley voltou a converter para mais três pontos, mas foram os All Blacks a ir ao try: lineout bem captado que acaba por a oval sair disparada do mesmo para o chão, Aaron Smith – ao seu estilo – reage rápido e atira para Brown, com o centro a encontrar Barrett na linha de passe… depois foi o costume, aceleração perfeita do jogador dos Hurricanes, quebra de linha e Israel Dagg a aparecer no apoio para fazer o seu segundo try no jogo. Numa primeira e rápida análise ao porquê de novo aparente desastre ofensivo Wallaby, vai para o facto da fraca produção ofensiva com más trocas de bola (por mais que uma vez Scott Fardy está envolvido numa situação em que a sua equipe perde a bola no contacto) ou sem a agressividade que é necessária para este tipo de jogo. Só mesmo nas scrums é que os australianos inverteram o domínio, conquistando 3 penalidades em 4… numa delas, Reece Hodge (entrou aos 16’ por Ashley-Cooper) conseguiu meter um longo e excelente pontapé para o 15-09. A defesa australiana começou a fazer algo que não fez bem no jogo em casa, pressionar alto e sufocar nas “pontas”, o que tirava algum espaço aos All Blacks, obrigando, por mais que uma vez, a Aaron Smith, Ben Smith ou Beauden Barrett. 15-09 ao intervalo, com a necessidade de Cheika corrigir as movimentações dos avançados e Hansen a ter que transmitir calma e concentração aos All Blacks.
Reinício de encontro com a equipe da casa a “carregar no pedal” e a tentar “atropelar” os australianos o mais rápido possível… a defesa australiana subiu de qualidade e conseguiram parar as tentativas de Savea e Brown aos 41’ e 43’. Num dos melhores minutos de todo jogo, a Nova Zelândia chega ao 3º try: primeiro Will Genia consegue ganhar uma bola no ar e escapa a três defesas para levar a bola até aos 22 metros… tacleado por Barrett, o formação aussie ainda fez um offload para Hooper mas passado 20 segundos, há uma penalidade por obstrução. Em segundo, Barrett mete no lineout, que é realizado em velocidade “luz” para o médio de abertura chutar bem para o alto, onde aparece Israel Dagg a “roubar” uma bola controlada a Israel Folau (quando o nº15 Wallaby perde uma bola no ar, algo está mal) e em menos de dois passes, Julian Savea, na ponta oposta, capta a bola e mergulha para o 22-05 (conversão de Barrett). Num momento estão os Wallabies perto de empatar a contenda e, como se magia negra fosse, os All Blacks estão dentro da área de try adversária a festejar. Jogo rápido, prático e inteligente, a Nova Zelândia conseguia defender melhor dois contra cinco, do que a Austrália em ter cinco contra seis… como demonstração dessa defesa precária foi no 5º try. Após uma saída de maul, a Austrália tem 6 para 6 e consegue falhar duas tackles consecutivas a Ben Smith que vai do meio dos 22 metros até aos 5 metros finais… try de Sam Cane a passe curto de Aaron Smith aos 61’. Hooper, Cooper ou Kerevi falharam o seu trabalho defensivo, permitindo um avançado sucessivo de um só jogador, perdendo toda a sua disciplina defensiva para o encanto dos adeptos dos All Blacks. Até ao final do jogo o controlo foi total por parte da equipe da casa, com mais de 75% de domínio territorial e com uma média de quase dez minutos nos últimos quarenta metros… a Austrália do Mundial só surgiu a espaços, sem vontade de jogar aquele rugby próprio que Cheika tinha conseguido trazer e acabou por sair derrotada por 29-09 no final dos 80’.
Para os All Blacks são 10 pontos em 5 jogos, mais de 71 pontos marcados, garantindo não só a Bledisloe Cup assim como atingiram um recorde único de 41 vitórias consecutivas em jogo em casa, algo que nunca nenhuma seleção antes conseguiu. Entre o espetáculo de Barrett, a raça de Sam Cane ou o virtuosismo dos Smith’s, Malakai Fekitoa e Dane Coles foram os melhores em campo, com o centro a disponibilizar-se por 11 vezes, realizando 5 tackles enquanto que o hooker foi uma força fenomenal, demonstrando aqueles pormenores de ¾’s no corpo de um avançado “agressivo” e que já é uma das lendas dos All Blacks. Na Austrália, Michael Hooper e Bernard Foley estão a km’s da sua melhor forma, nunca aparecendo em jogo da melhor forma possível. Questiona-se a decisão de Cheika em manter Folau a nº15, quando podia ter ocupada a camisola 13 e Kerevi a 12. A decisão de manter Quade Cooper terá sido a melhor?
No próximo final de semana as duas equipes irão folgar e voltarão a campo no dia 10 de setembro, quando a Nova Zelândia receberá a Argentina e a Austrália terá a visita África do Sul.
Nova Zelândia 29 x 09 Austrália, em Wellington
Árbitro: Romain Poite (França) / Assistentes: Jaco Peyper (África do Sul) e Federico Anselmi (Argentina) / TMO: Shaun Veldsman (África do Sul)
Nova Zelândia
Tries: Dagg (2), J Savea e Cane
Conversões: Barrett (3)
Penais: Barrett (1)
15 Ben Smith, 14 Israel Dagg, 13 Malakai Fekitoa, 12 Anton Lienert-Brown, 11 Julian Savea, 10 Beauden Barrett, 9 Aaron Smith, 8 Kieran Read (c), 7 Sam Cane, 6 Jerome Kaino, 5 Samuel Whitelock, 4 Brodie Retallick, 3 Owen Franks, 2 Dane Coles, 1 Joe Moody.
Suplentes: 16 James Parsons, 17 Wyatt Crockett, 18 Charlie Faumuina, 19 Liam Squire, 20 Ardie Savea, 21 TJ Perenara, 22 Aaron Cruden, 23 Seta Tamanivalu.
Austrália
Penais: Foley (2) e Hodge (1)
15 Israel Folau, 14 Adam Ashley-Cooper, 13 Samu Kerevi, 12 Bernard Foley, 11 Dane Haylett-Petty, 10 Quade Cooper, 9 Will Genia, 8 David Pocock, 7 Michael Hooper, 6 Scott Fardy, 5 Adam Coleman, 4 Kane Douglas, 3 Sekope Kepu, 2 Stephen Moore, 1 Scott Sio.
Suplentes: 16 Tatafu Polota-Nau, 17 James Slipper, 18 Allan Ala’alatoa, 19 Dean Mumm, 20 Will Skelton, 21 Tevita Kuridrani, 22 Reece Hodge, 23 Nick Phipps.
Títulos da Bledisloe Cup
1 – Nova Zelândia – 44 títulos
Austrália – 12 títulos
País | J | P | País | J | P | |
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Grupo A | Grupo B | |||||
Austrália | 3 | 8 | Nova Zelândia | 3 | 9 | |
Fiji | 3 | 7 | França | 3 | 7 | |
EUA | 3 | 6 | Espanha | 3 | 5 | |
Colômbia | 3 | 3 | Quênia | 3 | 3 | |
Grupo C | ||||||
Grã Bretanha | 3 | 9 | ||||
Canadá | 3 | 7 | ||||
Brasil | 3 | 5 | ||||
Japão | 3 | 3 | Veja mais |
Escrito por: Francisco Isaac