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O País de Gales se sagrou bicampeão do Six Nations Championship ao derrotar neste sábado a Inglaterra em Cardiff por um atropelamento de nada menos que 30 x 3, para a festa da torcida vermelha. Com o segundo título consecutivo, Gales se tornou o maior campeão da história do campeonato – contando os títulos desde 1883 – somando nada menos que 26 títulos inteiros – o mesmo número da Inglaterra – e 11 divididos, totalizando 37 conquistas, uma a mais que a Inglaterra. Uma merecida apoteose para o rugby do Dragão, que privou os rivais da Rosa de continuarem no topo do ranking histórico do torneio mais antigo do mundo.
O clássico se iniciou parelho, mas pouco a pouco foi mostrando que sua retomada não seria facilmente impedida pelos ingleses, que já haviam dado sinais de queda na partida do domingo passado com a Itália. No Millennium Stadium, Gales jogou inspirado desde o início da partida. Logo aos 3′, Dan Biggar mostrou que estava ligado na partida, desferindo um lindo chute para a lateral, colocando Gales pela primeira vez no campo de ataque.
A superioridade no scrum fixo se mostrou o trunfo vermelho na disputa, e se mostrou desde os primeiros minutos. Aos 10′, a pressão imposta pelo pack anfitrião levou ao primeiro penal da partida. Halfpenny foi preciso, 3 x 0. O domínio Gales se seguiu na base, induzindo os ingleses aos erros. Com novo penal aos 17′, os galeses ampliaram, 6 x 0, novamente com Halfpenny, de longa distância.
A Inglaterra não pemitiu que Gales abrisse rapidamente o placar, e reduziu aos 20′, com penal chutado por Owen Farrell, batendo antes na trave. Porém, o domínio galês no scrum fixo era patente, e novamente a primeira linha vermelha levou a Rosa a novo penal, não perdoado por Halfpenny, 9 x 3. O “toma lá, dá cá” se seguiu, e a Inglaterra conseguiu novo penal aos 26′. Mas, dessa vez, Farrell não foi feliz. E quem não faz, leva. Ou quase. A Inglaterra se manteve no ataque, mas sem criatividade. Ben Youngs fez um passe desastroso que, interceptado por George North, quase se tornou fatal, se não fosse a maestria de Mike Brown no “tackle francês”. O momento, no entanto, era da Rosa, e, aos 33′, a jogada de mão do time branco saiu, com Farrell desferindo pela ponta lindo chute para Brown, que, contudo, recebeu o tackle na corrida e cometeu o knock-on.
No último lance do primeiro tempo, Dan Biggar arriscou um drop goal, mas não foi feliz. 9 x 3 no intervalo, com Gales mandando nos scrums, mas pecando no lateral. No geral, justiça feita À maior posse de bola e agressividade galesa.
O segundo tempo foi todo do time da casa, que voltou com muito mais gana pelo título, sentindo bem seu momento superior. Entretanto, quem começou com um lance mais agudo foi a Inglaterra, que conseguiu lateral no campo de ataque e armou um poderoso volante, que não progrediu sobre os vermelhos. Gales ainda concedeu alguns turnovers a mais na partida, mantendo a Inglaterra no páreo, mas por pouco tempo.
Aos 48′, Gales construir ótimas fases, e pressionou a Inglaterra em cima da linha de meta. Após mais de uma dezena de fases se defendendo sem perder a marca e flutuando incansavelmente, a Inglaterra cometeu mais um penal, que Halfpenny não perdeu, 12 x 3, colocando finalmente Gales com mais de 7 pontos de vantagem – diferença mínima necessária para os galeses serem campeões.
Os ingleses sentiram o bom momento galês, e não foram capazes de emplacar uma reação, com seu pack sendo dominado e sua linha nada inspirada. O resultado foi o merecido try galês aos 56′. Os vermelhos garantirão o turnover no meio campo e Justin Tipuric puxou o contra-ataque, que terminou com uma linda finalização de Alex Cuthbert, que correu pela ponta e mergulhou para o try, para o delírio da torcida celta.
Focado, Gales seguiu dominando as ações e, aos 65′, Dan Biggar viu muito bem a possibilidade de aumentar a vantagem, e desferiu um preciso drop goal, fazendo 20 x 3. Os ingleses sentiram o golpe, e a partir desse momento não houve mais chance de virada. Aos 66′, Faletau garantiu o lateral, Warburton puxou o contra-ataque, a bola sai rápido para a linha e Tipuric, após lindo dummy, serve novamente Cuthbert, que corre para seu segundo try no jogo, sepultando os poderosos arquirrivais. Tryzaço.
Aos 70′, Biggar chutou novo penal, ampliando o marcador, 30 x 3. No fim, a Inglaterra buscou defender sua honra, e quase conseguiu seu try, com Toby Flood se infiltrando e recebendo o tackle pouco antes do in-goal. Na sequência, Danny Care fez um passe tenebroso para Ashton, desperdiçando o momento e caindo diante da forte defesa galesa, que subiu com perfeição.
Vitória maiúscula do País de Gales, que superou a sequência de 8 derrotas consecutivas entre junho de 2012 e a primeira rodada do Six Nations 2013, para arrancar para um título memorável, conquistado no saldo de pontos. Festa para os heróis do XV do Dragão, que se superaram ao longo da disputa. E festa também para o técnico interino Rob Howley, que passou de treinador sem vitórias para campeão europeu.
303
País de Gales 30 x 3 Inglaterra, em Cardiff
Gales
Tries: Cuthbert (56, 65)
Conversões: Biggar (66)
Penais: Halfpenny (10, 17, 23, 51), Biggar (70)
Drop goals: Biggar (64)
15 Leigh Halfpenny, 14 Alex Cuthbert, 13 Jonathan Davies, 12 Jamie Roberts, 11 George North, 10 Dan Biggar, 9 Mike Phillips, 8 Toby Faletau, 7 Justin Tipuric, 6 Sam Warburton, 5 Ian Evans, 4 Alun-Wyn Jones, 3 Adam Jones, 2 Richard Hibbard, 1 Gethin Jenkins (c).
Suplentes:16 Ken Owens, 17 Paul James, 18 Scott Andrews, 19 Andrew Coombs, 20 Aaron Shingler, 21 Lloyd Williams, 22 James Hook, 23 Scott Williams.
Técnico: Rob Howley
Inglaterra
Penais: Farrell (20)
15 Alex Goode, 14 Chris Ashton, 13 Manu Tuilagi, 12 Brad Barritt, 11 Mike Brown, 10 Owen Farrell, 9 Ben Youngs, 8 Tom Wood, 7 Chris Robshaw (c), 6 Tom Croft, 5 Geoff Parling, 4 Joe Launchbury, 3 Dan Cole, 2 Tom Youngs, 1 Joe Marler.
Suplentes: 16 Dylan Hartley, 17 David Wilson, 18 Mako Vunipola, 19 Courtney Lawes, 20 James Haskell, 21 Danny Care, 22 Toby Flood, 23 Billy Twelvetrees.
Técnico: Stuart Lancaster