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O campeão europeu de clubes será conhecido nesse sábado, com a grande final da Copa Europeia de Rugby, a Heineken Cup, acontecendo no Millenium Stadium, em Cardiff, País de Gales. Estarão frente a frente, pouco antes do futebol europeu conhecer o campeão da Liga dos Campeões da UEFA, os dois novos ricos do rugby inglês e do rugby francês, ambos finalistas de suas ligas nacionais: o Saracens, de Londres, que jamais levantou uma taça continental, e o Toulon, da Riviera Francesa, atual campeão da Heineken Cup.
Um dia antes, no Cardiff Arms Park, a segunda copa europeia, a Amlin Challenge Cup, conhecerá seu campeão em um duelo entre dois ingleses ex-campeões da Heineken Cup: Northampton Saints e Bath.
Finalistas de tudo
Saracens e Toulon chegaram às finais das duas competições que disputam e estão entre a chance de fazerem uma temporada impecável e medo de naufragarem de mãos vazias após tanto remarem. O título europeu certamente é a cereja do bolo, maior que as prestigiadas taças da Premiership e do Top 14.
Sem jamais ter conquistado um título europeu, o Saracens tem uma memória fresca nada positiva do Toulon. No último confronto entre os dois, na semifinal da Heineken Cup de 2013, o Toulon venceu em Londres por 24 x 12. Em 2014, a reedição da partida será em escala ainda maior, com o tão aguardado duelo de aberturas ingleses: Wilkinson, do lado francês, Farrell, do lado londrino.
A campanha até aqui do Saracens teve altos e baixos, mas as estatísticas provam o mérito dos rubronegros do Norte de Londres. O time caiu na primeira fase diante do humilde Connacht e acabou em segundo lugar em seu grupo, atrás do Toulouse, que também o derrotou uma vez. As quartas-de-final assistiram a uma classificação na “bacia das almas”, vencendo por 17 x 15 um Ulster com 14 homens e superior durante boa parte da partida. A semifinal, no entanto, foi um atropelamento do Saracens sobre o Clermont por inacreditáveis 46 x 6, apagando a suposta tremedeira do time diante de franceses. O pack dos Sarries é temível, com o capitão Borthwick dominando os laterais e Billy Vunipola impecável nos tackles. Schalk Brits também figura no topo da H Cup entre os maiores carregadores de bola da competição, enquanto o asa Jacques Burger vem se tornando um dos mais aclamados terceiras linhas do mundo, formando uma das melhores terceiras linhas do mundo com Vunipola. Certamente, o jogo de rucks e contra-rucks será chave para a partida e quem garantir vantagem no breakdown terá meio caminho andado para a vitória.
O Toulon não fica nada atrás quando o assunto são os forwards. O time francês é estrelado e aposta na gana de veteranos como Bakkies Botha, que estará na cola de Borthwick o jogo todo, e os terceiras linhas Juan Smith, Steffon Armitage e Juan Martin Fernández Lobbe. A primeira linha também é forte, mesclando a juventude de Chiocci e a experiência de Carl Hayman. Ao longo de sua campanha, o Toulon caiu somente em uma partida da primeira fase, justamente na única vez que foi a Gales, contra o Cardiff Blues. Nas quartas, o time provençal venceu com clara superioridade o Leinster, anulando o tricampeão europeu, anotando 29 x 14, antes de bater o Munster na semifinal por 24 x 16, em jogo que o Toulon não fez tries e Wilkinson decidiu.
Nenhum dos dois times conta com grandes scrum-halves, mas Tillous-Borde, do Toulon, tem melhor fase que Wigglesworth, do Saracens. O ponto forte da criação jaz nos aberturas, com Wilkinson, que se despedirá do rugby na final do Top 14, de um lado, e Owen Farrell, sucessor de “Wilko” na seleção, do outro. A pressão sobre Farrell será imensa e a balança tende a pender a favor do Toulon nesse ponto. No restante da linha, o equilíbrio é grande com as duas formações em alta. O Saracens pode ter a melhor fase, com Strettle, Ashton e Goode jogando o fino da bola e liderando as estatísticas de corridas. Mas, o currículo dos 3/4s do Toulon dispensa qualquer interrogação, com nomes como Matt Giteau, Mathieu Bastareaud, Bryan Habana e Drew Mitchell assombrando qualquer defesa. Se a velocidade da linha dos Sarries assusta, a experiência e potência física do lado francês é notável.
A expectativa é de decisão nos instantes finais e preocupação com a forma física dos dois lados. Olho nas lesões, pois, apesar do esquecimento que o imponderável desfruta nas análises, certamente o desequilíbrio em uma partida tão equilibrada pode estar na resistência física dos dois times. Ambos vem sofrendo com lesões e desgaste de seus atletas e a balança poderá pender contra quem não tiver peças de reposição. O Toulon é mais velho, mas tem mais banco.
Para a final de sábado, a frase não poderia ser outra: seria uma surpresa se houvesse uma vitória fácil de qualquer um dos lados. Suspense no ar.
Palpite: Toulon, outra vez. Afinal, Wilkinson está se despedindo.
Copa inglesa ou europeia?
Uma final inglesa entre Northampton Saints e Bath transformou a Amlin Challenge Cup numa Copa da Inglaterra.Na sexta-feira, os dois fortes times da Terra da Rainha jogam por suas segundas conquistas da segunda competição continental.
O Northampton Saints chega à final com seu foco dividido com a final da Premiership e desgastado por uma batalha épica travada na semifinal nacional contra seu arquirrival Leicester Tigers. Em busca de seu primeiro título de Premiership, mas já dono de taças da Heineken Cup e da Amlin Challenge Cup, certamente o foco do Northampton pende um pouco mais a favor de uma maior preparação para o duelo nacional no dia 31 contra o Saracens.
O Bath, por outro lado, passou por uma dura decepção com sua eliminação na primeira fase da Premiership, deixando escapar a classificação às semifinais na última partida, após ficar tanto tempo entre os quatro primeiros. O fato pode ter sido doloroso, mas permitiu ao Bath descansar e ter a melhor preparação possível para a final da Copa Desafio Europeu, jogando todas as suas fichas da temporada nesse título – que já foi seu no passado.
A última partida entre os dois times se deu no início deste mês, com um empate polêmico em Bath por 19 x 19, no qual a arbitragem se complicou no final e os Saints arrancaram a igualdade de forma dramática, para a decepcção da torcida local. Além de ter o empate e a eliminação da Premiership engasgados como estímulos, o Bath contará com o retorno do sul-africano François Louw, que fará uma dupla de terceiras linhas implacável com Carl Fearns, em grande fase. A lesão no ombro sofrida por George Ford e o futuro incerto de Gavin Henson abrem dúvidas sobre como a linha dos azuis estará para a batalha do Arms Park.
O Saints terá um peso menor em suas costas na decisão, o que deverá vacinar a equipe do velho fantasma da indisciplina, que costuma assombrar Northampton em decisões. Da mesma forma, a pressão menor permitiu que Jim Mallinder optasse por deixar no banco atletas importantes como Luther Burrell, Courtney Lawes e Tom Wood. A ausência do suspenso Ma’afu também poderá ser sentida, mas o elenco mais forte dos Saints permite aos verdes sonharem com o título do mesmo jeito. Da mesma forma, a ausência de Hartley deverá dar vantagem nas formações ao Bath, o que impõe um desafio maior ao Saints, que terá que criar como nunca com Fotuali’i e Myler (que certamente podem corresponder), para municiar com qualidade George North, em grande fase. As expectativas são altas para o torcedor dos Saints, mas as dificuldades também serão.
Palpite: Bath, salvando a temporada contra um Saints mais focado na Premiership.
Heineken Cup – Copa Europeia de Rugby
Final
Sábado, dia 24 de maio – às 13h00 (hora de Brasília)
Saracens (Inglaterra) x Toulon (França), no Millenium Stadium, em Cardiff (Gales)
Árbitro: Alain Rolland (Irlanda)
Amlin Challenge Cup 2013-14 – Copa Desafio Europeu
Final
Sexta-feira, dia 23 de maio – às 16h00 (hora de Brasília)
Northampton Saints (Inglaterra) x Bath (Inglaterra), no Cardiff Arms Park, em Cardiff (Gales)
Árbitro: Jérôme Garcès (França)