Tempo de leitura: 17 minutos
ARTIGO COM VÍDEOS – Chegou ao fim a temporada regular do Super Rugby, a grande liga que reúne franquias da Nova Zelândia, Austrália, Japão, África do Sul e Argentina. Brumbies e Sharks carimbaram suas vagas às quartas de final neste fim de semana e se somaram a Hurricanes, Highlanders, Chiefs, Crusaders, Lions e Stormers no mata-mata.
O Brumbies assegurou a classificação com uma grande ajuda de seu competidor direto, o Waratahs, que perdeu na sexta-feira para o Blues, 34 x 28, e deixou o caminho aberto para o time de Canberra vencer o Western Force, 24 x 10, e avançar. Já o Sharks não teve problemas para bater por 40 x 29 em casa os japoneses do Sunwolves – que terminaram com a pior campanha da temporada – e garantir o terceiro lugar da África do Sul, eliminando o Bulls, que ainda tinha esperanças.
Os jogos mais quentes se deram nos dérbis neozelandeses, que definiram o melhor time da primeira fase. E quem emergiu no topo da terra dos kiwis foi o Hurricanes, que fez um jogão fora de casa contra o Crusaders, triunfou por 35 x 10, e ainda se beneficiou da derrota do Chiefs para o Highlanders, 25 x 15, para pular para o primeiro posto apenas no último dia da temporada regular.
Os argentinos dos Jaguares se despediram com vitória de sua temporada inaugural, derrotando em casa o Lions. Com o triunfo por 34 x 22 o time da Argentina concluiu a campanha com 5º lugar no Grupo Africano e o 1terceiro lugar geral, entre 18 times, com 4 vitórias e 11 derrotas.
Waratahs não fazem sequer o dever de casa
Crash and Burn, Waratahs dizem adeus ao Super Rugby 2016 com uma derrota frente aos incríveis Blues de Auckland. Sabíamos à partida que ia ser uma missão quase impossível para os australianos, uma vez que para além de terem que ganhar, tinham ainda de esperar uma derrota dos Brumbies frente à Force… bastante improvável, diga-se. Um jogo supra emotivo, muito devido à necessidade de os Tahs necessitarem de tries… uma corrida para “escalar a montanha” dos tries. Vejam que o jogo dos Blues foi extremamente eficaz, com 5 tries marcados em apenas 250 metros, enquanto que os australianos precisaram de quase mais que o dobro de metros para chegar a 4 tries… num jogo de mata-mata este tipo de detalhes explica – em parte –a derrota dos Waratahs. Nos australianos Bernard Foley bem que procurou soluções para dar continuidade ao bom início de jogo, coroado com um try de penalidade (derrube de scrum) aos 22’. Foley somou 70 metros com a bola na mão, 8 pontos marcados (4 conversões) com algumas movimentações ao seu estilo… fica para o registro negativo o fato de que em 9 tentativas de tackle, só 5 é que encontraram o alvo para as outras 4 terem terminado como um fracasso… um jogo q.b. e a meio “gás”.
O primeiro try dos Tahs’ apareceu aos 22’ e o dos Blues foi logo de seguida, com Tuipulotu, 2ª linha, a finalizar um bom movimento dos da casa. A partir daqui nunca mais ficaram em posição de desvantagem, respondendo bem a todas os tries dos australianos. Um dos tries mais curiosos da noite e que deverá ser revisto para “estudar” o uso da “linguagem” corporal é o terceiro dos Blues de Piers Francis. O nº13 chega à área de validação aos 48’, depois de enganar três adversários com um drible diabólico. Notem a forma como simula com os ombros para depois com o pé avançar noutra direção. Foi um jogo soberbo dos Blues que estão a melhorar a cada jogo que passa… pena que tenha sido o último nesta temporada… talvez em 2017 voltemos a ter um contender de Auckland. Em relação aos Waratahs, foi o final de uma temporada agridoce, em que a vitória frente aos Chiefs por 45-25, acaba por cair no esquecimento perante as duas derrotas frente aos Brumbies, por exemplo. Ficamos com pena, também, pela ausência de Israel Folau da fase final… tremenda temporada para o 2º centro da Austrália com 11 tries, 24 quebras de linha, a surgir em 2º lugar na tabela de maiores conquistadores de terreno com 1250 metros. Folau é um jogador determinante dentro de campo, então se aparece solto e com espaço para procurar soluções de ataque, é imparável fazendo uso da sua potência e velocidade. Ficamos sem Folau, Foley, Kaino, Nanai em 2016… mas em 2017 estarão de volta.
Brumbies não vacilam e estão nas quartas
O resultado que se esperava… uma vitória dos Brumbies que chegou cedo, com um 24-10 na primeira parte, para depois não termos mais qualquer ponto na 2ª. Foi um jogo q.b., sem grandes motivos para viver com emoção… bem, quase sem emoção, uma vez que os Brumbies necessitavam de um empate ou vitória para seguirem para a fase final como a melhor formação australiana. Os Force chegaram a “assustar”, quando empataram o jogo por Ben Taupai aos 30’, igualando o registro de 10-10. Os Brumbies tinham começado melhor com um try ao estilo do rugby league, com Cubelli a fazer um passe de “mestre”, para depois entrarem a “matar” na quebra de linha, com Matt Toomua a ter a oportunidade de fazer mais um try nesta temporada. Depois, um try de penalidade a partir de uma scrum (é o 4º nesta jornada) e um passe de Moore (mais uma vez o uso de um avançado como “moinho” de jogo, para soltar as unidades mais rápidas) para Kuridrani selou o jogo no 24-10. Daqui mais nada se passou, num jogo que fica como a confirmação dos Brumbies na próxima fase. Agora que Brumbies vamos ter? Aquela time alegre que faz um uso da oval incrível, sempre a uma velocidade lunática e a criar espaços onde não existia nada antes… ou, aquela formação que facilmente vem-se abaixo com uma contrariedade no jogo?
Sharks não dão chances ao azar e avançam
Os “tubarões” voltaram a entregar a posse de bola ao adversário, e voltaram a conquistar uma vitória “gorda” com essa estratégia. Assegurado o wildcard (o adversário nas quartas de final serão os Hurricanes), os Sharks de Durban aplicaram 180 tackles efetivas, 20 falhadas , onde o pilar Conrad Oosthuizen foi o super-homem do dia (19 tackles), seguido por um dos jogadores mais surpreendentes e 2016, Andre Esterhuizen, com 17. Os Sunwolves tiveram cerca de 63% de posse de bola e mesmo assim, nunca conseguiram ser um perigo real para os visitantes, que foram “mordiscando” sempre que existia uma tentativa de avanço dos lobos nipônicos. tries para os da casa aos 3’ (Oosthuizen), 6’ (Mvovo), 20’ (JP Pietersen), 40’ (Esterhuizen), 70’ (April) e 76’ (Bosch).
Como dissemos, os Sharks estiveram a seguir o seu método de jogo, com uma defesa se pressão q.b., procurando nas tackles fazer com que o portador da oval cometesse algum tipo de erro (normalmente, vemos um primeiro tackle, com o 2º a ir imediatamente à bola, uma prática recorrente das times que melhor defendem, com os Highlanders ou Crusaders), para depois relançar o ataque e chegar rapidamente a pontos. Nos primeiros 20 minutos conseguiram 21 pontos, saltando para um domínio de jogo (podemos não ter o território tomado, mas se dermos uma utilidade superior à bola, somos nós que a dominamos) avassalador, que só foi “perdido” na 2ª parte, quando os Sunwolves tentavam demonstrar as suas “garras”. Os Sharks acabaram por passar em terceiro no Grupo Africano, tendo que viajar até ao campo dos canes’… com ou sem Lambie? Com ou sem Jordaan? Há possibilidade para uma façanha ao estilo da África do Sul? Têm de seguir os mesmos procedimentos, do que fizeram há dois meses atrás, quando derrotaram os vice-campeões, em Durban, por 32-15. Para os Sunwolves é o final de uma temporada de experiência, é necessário “crescer”, reforçar e surpreender o Mundo em 2017. Notem que neste jogo conseguiram trazer números “perfeitos”, com só 5 penalidades cometidas, mais turnovers que os seus adversários (10), praticamente 100% nas fases estáticas, uma boa defesa (120 tackles efetivas, 20 fracassadas) e quatro tries em 450 metros. Há espaço para mais… mas haverá fome?
Hurricanes são os melhores (por enquanto)
Pelo 2º ano consecutivo, os Hurricanes terminam em primeiro na fase regular, pondo os Crusaders com um wildcard e que os obrigará visitar o reduto de uns “leões esfomeados” por glória. Jogo com duas partes distintas, onde os primeiros 40 minutos foram um “topa lá, dá cá”, que acabou por perder o equilíbrio precisamente no último minuto desta primeira parte: aos 39’ para os 40’, TJ Perenara fica de “olho” num maul dos Crusaders, que entre solavancos e falta de solidez, obriga o seu scrum-half, Mitchell Drummond, a tentar aplicar um pontapé sob pressão… Perenara carrega, recupera a oval e sai a correr para a linha de try. 14-10, nos primeiros 40’, a favor dos visitantes que assim começavam a escalar na classificação. Gostávamos que olhassem para o primeiro try dos Hurricanes para terem uma noção do trabalho de time: quando já estão dentro dos últimos dez metros de terreno, Perenara faz um primeiro passe para Barrett e este para Woodward, com este a entrar e a tentar ganhar metros… quem vai garantir o ruck? Barrett. Podia ser Savea ou Jane, o que interessa focar é a ideia de que é necessário não existir “etiquetas” em termos de ir ou não ao ruck. Barrett vai, garante, com Jane e mais um ou dois jogadores, para depois a bola andar em 8 fases e acabar em try do mesmo Woodward.
Os Crusaders, com Read, estavam a sentir dificuldades em transpor a defesa dos canes’, que só fizeram “borrada” no único try sofrido (grande tackle de Read, com Nadolo a disputar o ruck e a bola a sair disparada para fora). O try de Perenara “beliscou” de forma agressiva a cabeça dos “cruzados”, que entraram para a 2ª parte com pouca concentração e sem capacidade para aplicar um domínio ou, sequer, um equilíbrio em termos de território. É verdade, os Hurricanes pegaram na “estaca” e tomaram controlo de tudo, com 62% da posse de bola, mais tries (5), mais metros (466) e até mais penalidades contra (8). Os Crusaders não defenderam mal, entregaram-se ao tackle com a mesma veemência de outros jogos, onde Scott Barrett e Matt Todd (ambos com 20), estiveram em boa forma nesse parâmetro… mas, e atenção a este detalhe, sempre que os Crusaders placavam, os Hurricanes não deixavam de conquistar terreno (vejam o primeiro try aos 11’, para perceber que há tackles efetivos mas os “furacões” mantinham a conquista de 1 ou 2 metros). O terceiro try dos de Wellington veio aos 55’, quando Halaholo recebe a oval e com 3 adversários pela frente tenta primeiro uma finta de passe, para depois conseguir soltar-se de uma tackle (a única que Todd falhou foi aqui) e chegar ao 21-10. Como tínhamos dito, a 2ª parte foi diferente da primeira, com um domínio avassalador dos “furacões” que só por duas vezes viram os Crusaders a chegarem à linha de 22 metros… uma defesa agressiva nos momentos certos, recuperação da oval e depois usá-la quase sempre bem. Aos 70’ Gibbins e 80’ do suspeito do costume, Beauden Barrett (intercepção a um passe sem nexo de Mo’unga) que termina em primeiro lugar na lista de melhores marcadores com 184 pontos. Hurricanes em primeiro, Crusaders em 5º, mas a fase final poderá reservar uma ou duas surpresas.
Highlanders tiram Chiefs da ponta
E no último jogo, os Chiefs acabaram por deixar fugir o primeiro lugar para os Hurricanes e ficam com o “bilhete de avião” para visitarem os Stormers. Injusto como terminou a fase regular para a time de Waikato, que conseguiu encantar os fãs do Super Rugby pelo seu rugby rápido, com uma dimensão imprevisível e com uma forma de estar elegante sem perder uma “pitada” da agressividade que tanto gostamos de ver num jogo de rugby. Porém, os campeões conseguiram “amarrar” os “chefes”, num jogo, que para nós, pode ser dividido em três momentos: cartão amarelo a Tom Sanders (53’), a perda de bola de Webber (71’) e tackle de Barrett (78’). Três momentos que decidem todo um jogo que não é nada mais, que uma antecipação do jogo pelo título de campeão. Os Chiefs estiveram naquela forma ideal, ao conseguirem um try e uma penalidade, chegando aos 50’ na frente do resultado. O primeiro try foi de Pulu após bons picks and go’s, para depois os Highlanders responderem com um espetacular salta de Naholo que consegue “plantar” a oval antes de ser atirado para fora do campo por McKenzie (pouco ou nada conseguia fazer neste lance). Depois veio aquele que foi o melhor try da jornada (e um dos do ano), com uma série de combinações e entregas de classe, que trocaram as voltas aos Chiefs (exploraram bem a ausência de um 15º jogador) para Dan Pryor finalizar (se não é o MVP não fica longe, 15 tackles, 1 try e a participação em jogas de ataque). Os Chiefs responderam prontamente com um try de Boshier (67’), onde Sam Cane tem uma participação eficaz na movimentação (recebeu a bola, entrou e esperou pelo melhor momento para colocar a bola em Boshier).
Com 18-15 no placar, os Chiefs corriam contra o prejuízo e era fundamental um try para recuperar o controlo da divisão. Porém, quando tinham a posse de bola aos 71’, um mau passe de Webber, reverte a bola para o controlo dos Highlanders que daqui foram de fase em fase, até chegar, de novo, à área de validação com Sopoaga a conseguir agarrar a oval para girar e a dar o try da vitória. O juiz da partida ainda foi ao TMO, mas não havia dúvida… try claro e sem qualquer knock-on. Final do jogo, Highlanders seguem em terceiro, Chiefs em 4º… Sam Cane realizou um jogo “grande”, com várias tackles, 2 turnovers e uma grande envolvência no jogo, destacando-se na arte de liderar. McKenzie, o melhor talento deste Super Rugby 2016, esteve algo afastado do jogo, muito devido à forma como os Highlanders defenderam e procuraram pressionar a oval mal ela saia de um passe. Os de Dunedin voltaram a demonstrar que um jogo defensivo de classe, garante vitórias… mas será que vai garantir títulos?
Stormers em dia de avalanche de tries
Stormers são “reis” da sua conferência e a 2ª melhor time africana. A vitória frente aos Kings foi meramente para cumprir calendário, mas mesmo assim os Stormers não tiveram “pena” e decidiram cilindrar os Kings com 8 tries contra três dos visitantes. Leolin Zas chegou aos 8 tries com um belo hattrick e Huw Jones, o centro que só fez 7 jogos esta temporada, conseguiu um poker a coroar os seus 120 metros num bom jogo da formação da Cidade do Cabo. Os Kings só surgiram nos últimos minutos de jogo, quando os Stormers já estavam em modo de preparação para o próximo jogo. Veja-se os números idílicos dos Stormers: 681 metros (uma média de 90 metros por try), 8 vezes na área de validação adversária, só 10 erros forçados, 20 quebras de linha (Huw Jones e Leolin Zas com 6 e 5, respectivamente), 120 tackles efetivos (10 falhadas) e 3 turnovers. Mas também caíram no “pecado”: 13 penalidades cometidas, 3 das 6 scrums que tiveram a seu favor perderam, 3 dos 9 line-ups acabaram por cair para a frente e alguns erros infantis de leitura de defesa. Os Stormers têm de estar no seu melhor para esta fase final ou vão ter um dissabor quando receberem os Chiefs? É que o rugby de talento dos Stormers precisa de estar em dia “sim”, e isto significa estarem na sua melhor das formas, com domínio nas fases estáticas, com controlo de bola e sem erros na defesa. É a pedir muito, especialmente, quando Damian McKenzie e companhia aterrarem na Cidade do Cabo e tentarem espalhar o “terror”. Os Kings terminam a temporada como a pior time do Super Rugby ao lado dos Sunwolves. É um ano de crescimento, para ganhar experiência… são necessários reforços para “muscular” esta formação jovem e que quer dar outra “cor” ao seu rugby.
Rebels se despedem com triunfo em dérbi
Um dérbi australiano sem interesse aparente… ninguém lutava para nada (é um dos “males” do Super Rugby, o não existir uma descida de divisão… mas também é uma vantagem), só mesmo pela honra. Os Reds disseram adeus a Greg Holme (segue para Exeter) e dão boas-vindas a Stephen Moore (e talvez Quade Cooper?), naquilo que poderá ser um reset de projeto. Mesmo assim, o 28-31 proveio de um jogo emotivo, com as duas formações a quererem dar o seu melhor. Os Rebels dominaram os primeiros 40’, com três tries de Tom English (logo ao primeiro minuto), McMahon aos 27’ e 33’, com os Reds a responderem por Nick Frisby (a par de Samu Kerevi foi dos melhores jogadores dos koalas deste ano). Na 2ª parte, inverteu-se por completo o domínio de jogo, com os vermelhos de Queensland a crescerem e a procurarem o caminho para a área de validação… infelizmente, não foi suficiente, essa vontade em superar os Rebels, que mesmo com a igualdade em número tries, a penalidade que surgiu após o try dos Rebels, de Debreczeni, acabou por decidir o encontro. 28-31, assunto arrumado, Reds terminam como uma das piores times de 2016 (já o tinha sido em 2015), aparecendo só à frente dos Kings, Sunwolves e Force. Rebels e Reds têm potencial para ser algo diferente, mas bastará os incríveis talentos que possuem para conseguir algo mais? Os Reds já confirmaram dois reforços de peso, mas os “rebeldes” de Melbourne ainda estão em modo incógnito.
Bulls dão adeus com vitória
No Cheetahs and No Bulls no final do Super Rugby… duas times com vários talentos, com as “chitas” a terem em Sergeal Petersen um dos futuros ativos para os Springboks (terminou com 9 tries) ou Travis Ismael para os “touros” (finalizou dois tries neste jogo), naquele que foi um Super Rugby com altos e baixos. No jogo em questão, os fãs que se deslocaram ao Toyota Stadium, tiveram o prazer de ver um encontro de velocidade versus agilidade, destreza versus força e com futuro versus futuro. Jesse Kriel foi um dos jogadores a seguir neste encontro, com o nº15 (22 anos) a criar vários problemas à defesa dos visitantes, onde conseguiu completar 82 metros, assistindo por uma vez Ismael no primeiro try do jogo. Kriel tem tudo para dar um novo fullback aos Springboks, para rivalizar com o detentor do lugar, Willie Le Roux. A defesa dos Cheetahs esteve num dia para esquecer, com tackles desatentas e sem a pressão necessária ou uma desconcentração muito preocupante, como se pôde ver pelo terceiro try dos Bulls… pontapé de Schoeman, Petersen e Blommetjies tiveram todo o tempo do Mundo para agarrar na bola e pô-la fora do campo, mas não… fazem exatamente, o oposto permitindo que Ismael conseguisse placar o nº15 e depois Botham, nº8, aproveitasse a bola perdida no chão para captá-la e meter na área de validação.
Os Cheetahs pecaram sempre neste perímetro de jogo durante a época, com várias desatenções em momentos crassos… o talento lá está, mas falta consistência e capacidade de agarrar o jogo nos segundos ou minutos mais importantes. E os Bulls? Depende do que for o crescimento… se ficam as melhores unidades, que mesmo sendo jovens in the making, precisam de se manter fiéis ao projeto para ombrearem não só com os Sharks ou Stormers, mas principalmente com os Lions. O jogo terminou num 43-17, sem que os Cheetahs tivessem a hipótese de demonstrar o seu melhor rugby. Fica para 2017.
Jaguares fecham campanha inaugural de forma positiva
Uma nota prévia antes de resumirmos os detalhes e algumas incidências de jogo… os Lions trocaram 16 jogadores para este encontro, dando espaço a vários jogadores que nunca tiveram de “calçar” as botas 1 minuto nesta temporada. Muita inexperiência dentro de campo, foi bem aproveitada pelos Jaguares, uma das times que mais nos desiludiu esta temporada. Com uma formação feita, praticamente, por internacionais pelos Pumas os 21 pontos (a contar com este) alcançados são poucos perante a qualidade que existe entre as suas linhas… quem tem Nicolás Sánchez não pode estar a lutar pelas últimas posições com os Kings… quem tem Lavanini não pode “sofrer” perdas de bola nos ares, como aconteceu frente aos Bulls… quem tem Landajo não pode deixar de ir à área de try. O problema centrou-se, também, na “cabeça”: os Jaguares terminam o campeonato como uma das times mais faltosas do Super Rugby com quase 200 faltas em 15 jogos! É demasiado para uma formação que tem um bom rugby na “guelra”… a somar a isso, só mesmo os 8 amarelos e 5 vermelhos em toda a temporada. No jogo em questão, os papéis inverteram-se com a time sul-africana a cometer 19 penalidades (aqui está revelada a parte da inexperiência), com Sánchez a somar 15 pontos só em penalidades aos postes. Os Lions entraram bem, com um try aos 13’ e 26’, mas foi só isto… a partir daqui, Creevy, Lavanini, Hernandez, Sánchez, Landajo e Tuculet agarraram no jogo e foram colocando pressão na defesa dos “leões”, especialmente na scrum onde foram buscar um try de penalidade e uma penalidade que depois acabou em try.
Os Jaguares bem podem agradecer ao “acordar” na segunda parte, com Facundo Isa a sair com força e velocidade da scrum e perante as tentativas falhadas dos seus adversários, conseguiu chegar à área de validação e dar o 17-22. A partir daqui foi a somar pontos e mais pontos, atingindo o 34-22, tirando o primeiro lugar aos Lions na classificação geral e dando-a aos Hurricanes. É sempre um “prazer” ver Santiago Cordero com a oval nas mãos, aquela velocidade com o drible que só igualado por Skudder, da Nova Zelândia, põe qualquer adepto em “fogo”. 120 metros com duas quebras de linhas, em 12 carries, espalhando aquele “perfume” que nos habituou quando representa a albiceleste. Em 2017 queremos mais Jaguares, queremos mais Super Rugby nas “garras” dos argentinos e queremos menos “estilo latino” no que toca a agressividade e reação… este ano foi de adaptação, o próximo ano não há desculpas para este projeto fracassar!
Currie Cup toda definida com antecipação
Ainda resta uma rodada para o fim da Fase Qualificatória da Currie Cup, o Campeonato Sul-Africano, mas todos os classificação à fase final já estão definidos. Além das seis equipes previamente qualificadas, por serem a base dos times do Super Rugby – Western Province (Stormers), Kings, Sharks, Cheetahs, Lions e Bulls – outras três equipes já asseguraram vaga no torneio principal. São elas: Griquas, Boland Cavaliers e Mpumalanga Pumas. A qualificação dos Pumas se deu neste fim de semana com a vitória sobre os Leopards.
Super Rugby – Liga de Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão
Blues 34 x 28 Waratahs
Reds 28 x 31 Rebels
Sharks 40 x 29 Sunwolves
Crusaders 10 x 35 Hurricanes
Highlanders 25 x 15 Chiefs
Brumbies 24 x 10 Force
Stormers 52 x 24 Kings
Cheetahs 17 x 43 Bulls
Jaguares 34 x 22 Lions
Classificação final:
Equipe | Conferência* | País | Cidade | Jogos | Pontos |
---|---|---|---|---|---|
Grupo Australásia | |||||
Hurricanes | Neozelandesa | Nova Zelândia | Wellington | 15 | 53 |
Highlanders | Neozelandesa | Nova Zelândia | Dunedin | 15 | 52 |
Chiefs | Neozelandesa | Nova Zelândia | Hamilton | 15 | 51 |
Crusaders | Neozelandesa | Nova Zelândia | Christchurch | 15 | 50 |
Brumbies | Australiana | Austrália | Canberra | 15 | 43 |
Waratahs | Australiana | Austrália | Sydney | 15 | 40 |
Blues | Neozelandesa | Nova Zelândia | Auckland | 15 | 39 |
Rebels | Australiana | Austrália | Melbourne | 15 | 31 |
Reds | Australiana | Austrália | Brisbane | 15 | 17 |
Force | Australiana | Austrália | Perth | 15 | 13 |
Grupo África do Sul | |||||
Lions | África 2 | África do Sul | Joanesburgo | 15 | 52 |
Stormers | África 1 | África do Sul | Cidade do Cabo | 15 | 51 |
Sharks | África 2 | África do Sul | Durban | 15 | 43 |
Bulls | África 1 | África do Sul | Pretória | 15 | 42 |
Jaguares | África 2 | Argentina | Buenos Aires | 15 | 22 |
Cheetahs | África 1 | África do Sul | Bloemfontein | 15 | 21 |
Kings | África 2 | África do Sul | Porto Elizabeth | 15 | 09 |
Sunwolves | África 1 | Japão | Tóquio | 15 | 09 |
– Empate = 2 pontos;
– Derrota = 0 pontos;
– Vencer marcando 3 ou mais tries que o oponente = 1 ponto extra;
– Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;
Classificam-se às quartas de final:
- o 1º colocado de cada uma das 4 conferências*;
- mais três equipes de melhor campanha no Grupo Australásia;
- mais a equipe de melhor campanha no Grupo África do Sul;
Quartas de final
Sexta-feira, dia 22 de julho
05h00 – Brumbies x Highlanders, em Canberra
Sábado, dia 23 de julho
04h35 – Hurricanes x Sharks, em Wellington
11h30 – Lions x Crusaders, em Joanesburgo
14h10 – Stormers x Chiefs, na Cidade do Cabo
*Horários de Brasília
The Currie Cup – Fase Qualificatória – Campeonato Sul-Africano
Kings 24 x 32 Griffons
Sharks 10 x 26 Falcons
Blue Bulls 95 x 12 Welwitschias
Pumas 29 x 27 Leopards
Western Province 52 x 26 Bulldogs
Golden Lions 35 x 29 Eagles
Cheetahs 17 x 24 Cavaliers
Equipes | Cidade principal | Filiação no Super Rugby | Jogos | Pontos |
---|---|---|---|---|
Western Province* | Cidade do Cabo | Stormers | 14 | 61 |
Griquas | Kimberley | Cheetahs | 14 | 56 |
Boland Cavaliers | Wellington | Stormers | 14 | 54 |
Mpumalanga Pumas | Nelspruit | Lions | 14 | 51 |
Golden Lions* | Joanesburgo | Lions | 14 | 47 |
Free State Cheetahs* | Bloemfontein | Cheetahs | 14 | 44 |
Blue Bulls* | Pretória | Bulls | 14 | 38 |
Leopards | Potchefstroom | Sharks | 14 | 37 |
Griffons | Welkom | Cheetahs | 14 | 36 |
Natal Sharks* | Durban | Sharks | 14 | 33 |
SWD Eagles | George | Kings | 14 | 30 |
Falcons | Kempton Park | Bulls | 14 | 30 |
Border Bulldogs | East London | Bulls | 14 | 26 |
Eastern Province Kings* | Porto Elizabeth | Kings | 14 | 13 |
Welwitchias | Windhoek (Namíbia) | - | 14 | 01 |
* classificados automaticamente à fase final |
- Empate = 2 pontos;
- Derrota = 0 pontos;
- Anotar 4 ou mais tries = 1 ponto extra;
- Perder por diferença de 7 pontos ou menos = 1 ponto extra;
* Western Province, Kings, Sharks, Cheetahs, Lions e Bulls já têm vaga assegurada na fase final. Os 3 melhores entre os demais times também avançarão à fase final.
Escrito por: Francisco Isaac