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ARTIGO COM VÍDEOS – Nesse domingo, dia 2, a Austrália irá parar para a grande final da NRL, o Campeonato Australiano de Rugby League. Na terra dos cangurus, ao contrário da maior parte do mundo, é o Rugby League (o rugby de 13 jogadores), a modalidade mais popular de rugby, e não o Union, o que explica o tamanho do evento que está por vir. O ANZ Stadium, em Sydney, estará lotado, certamente com mais de 80 mil pessoas, colorindo a grande final.

 

Na decisão de 2016 a NRL terá frente a frente uma torcida sofrida e outra pouco apreciada na Austrália. De um lado, jogando com a maioria da torcida estará o Cronulla Sharks, único dos 9 clubes de Sydney que jamais foi campeão da NRL. O pequeno sofrido da maior cidade australiana deverá contar com a simpatia dos torcedores da maioria dos demais times, que não nutrem rivalidades fervorosos com o time do “Shire”, o extremo sul da cidade. Do outro lado, estará o rico e “intruso” Melbourne Storm, único time da segunda maior cidade, Melbourne, na NRL, fundado apenas em 1998 e dono de dois títulos “válidos”, em 1999 e 2012. O clube fundado pela News Ltd conquistou a taça da NRL outras duas vezes, em 2007 e 2009, que, contudo, foram retiradas do time após se comprovar que o Storm burlou a regra de teto salarial da liga.

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Nos últimos anos, o poderoso Storm havia perdido um pouco de sua força, mas em 2016 atropelou e terminou com o primeiro lugar da temporada regular, liderado pelos seus astros veteranos Cameron Smith (melhor jogador do da NRL em 2006, do mundo em 2007 e capitão da Austrália e da seleção de Queensland no State of Origin inúmeras vezes) e Cooper Cronk (melhor da NRL em 2013 e de 2016). O Storm anda revelou bons nomes neste ano, como o fullback Cameron Munster (que arcou com a missão de substituir o ex melhor do mundo Billy Slater) e o fijiano artilheiro Vunivalu, maior anotador de tries da temporada, com 23 (empatado com Jordan Rapana, do Canberra Raiders, até aqui).

 

O Sharks, por sua vez, vive um conto de fadas. O clube esteve à beira da falência em 2014, vivendo também uma crise ligada a dopagem de atletas e chegando a ter sua relocação para outra cidade cogitada, terminando em último lugar na NRL naquele ano. O renascimento foi incrível, com o clube voltando ao mata-mata em 2015 e agora chegando à grande final, liderado pelo grande ídolo de sua história, o capitão Paul Gallen, símbolo dos Sharks que já quebrou um dos mais incômodos tabus do League australiano quando em 2013 capitaneou a seleção de Nova Gales do Sul na conquista do título do State of Origin, o duelo anual entre as seleções de Nova Gales do Sul e Queensland, quebrando jejum de oito anos. Gallen (cujo rosto virou cartaz da torcida dos Sharks, na foto acima) prometeu que se despedirá dos gramados dando o título inédito aos Sharks. Será?

 

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NRL – Campeonato Australiano de Rugby League

FINAL – sábado, dia 02 de outubro

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05h15  – Cronulla Sharks x Melbourne Storm, em Sydney

*hora de Brasília

Vídeo da final de 2015, entre North Queensland Cowboys e Brisbane Broncos, que teve os Cowboys vencendo a NRL pela primeira vez em sua história

 

Na Austrália será Melbourne x Sydney o fim de semana todo

Se a popularidade maior do League sobre o Union na Austrália é realidade, ela só acontece em metade do país, nos estados de Queensland e Nova Gales do Sul. Não por acaso Sydney, berço da NRL e capital de Nova Gales do Sul, tem tantos clubes. Na outra metade do país, quem prevalece é o futebol australiano, paixão em cidade como Melbourne, Adelaide e Perth. Sua liga, a AFL, tem nada menos que 9 clubes em Melbourne, que costumeiramente atraem mais atenção que o Storm, único time da cidade na NRL, ou o Rebels, representante local no Super Rugby (Union). O Storm é o time com o qual todo clube de Sydney nutre uma rivalidade. O detalhe deste final de semana, é que no sábado acontecerá justamente a final da AFL e em campo estará o Western Bulldogs, um dos clubes de menor torcida em Melbourne, que venceu a AFL apenas uma vez em sua história, em 1954, contra justamente o representante de Sydney na liga dominada por Melbourne, o Sydney Swans.

 

Pode-se dizer que a mesma relação de forças que a final da NRL terá a final da AFL também terá. Nos dois jogos estarão frente a frente o pequeno sofrido da cidade mais tradicional do esporte contra o gigante “intruso” da cidade rival.

Vídeo da final da AFL de 2015 – o futebol australiano é um esporte bem distinto do rugby, mas também é de contato físico intenso

 

O Rugby League

Quer saber mais sobre o rugby de 13 jogadores? O Rugby League é jogado com regras diferente do mais famoso e difundido Rugby Union. O Rugby League se separou do Rugby Union em 1895, na Inglaterra, quando um grupo de clubes do norte do país, defensores profissionalismo, rompeu com a RFU – União Inglesa de Rugby. A nova Northern Rugby Union (NRU), posteriormente RFL – Rugby League – alterou as regras e formou um esporte novo. Com 13 atletas de cada lado, as principais diferenças do Rugby League para o Union são:

 

– A pontuação. No League, o try vale 4 pontos, o penal 2 pontos, a conversão 2 pontos e o drop goal 1 ponto;

 

– A inexistência de rucks. Quando um atleta vai ao solo, ele deve imediatamente ser liberado pelo “tacleador”, efetuando o play the ball, ação na qual o atleta rola a bola para trás e permite a continuidade do jogo. Cada equipe tem direito a efetuar 5 vezes o play the ball, sendo que no sexto tackle a bola troca de posse e passa ao time adversário, com a posse de bola se alternando;

 

– A inexistência de lineouts e a ausência de disputa dos scrums. No scrum do League, formado por 6 atletas, a bola é introduzida diretamente nos pés da equipe que recebeu a infração.

 

NRL premiou os melhores do ano

Nesta semana, a NRL anunciou os melhores de sua temporada, a premiação do Dally Messenger Awards. Cooper Cronk, cérebro do Mebourne Storm, foi eleito o melhor jogador do ano, dividindo o prêmio com Jason Taumololo, do North Queensland Cowboys, com ambos terminando com o mesmo número de votos. A medalha Provan-Summons, prêmio de melhor atleta votado pelos fãs, ficou com Jarod Crocker, do Canberra Raiders, que também foi eleito o melhor capitão de 2016 e terminou como o maior pontuador da temporada regular, com 276 pontos, ao passo que Ash Taylor, do Gold Coast Titans, ganhou o prêmio de melhor novato do ano. Cameron Smith, do Storm, por sua vez ganhou o prêmio de melhor atletas dos jogos entre seleções, pela campanha no State of Origin, vencido outra vez por Queensland.

 

 

Foto: Cameron Spence – Stuff.co.nz