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Esse artigo é uma reprodução do artigo original do Blog do Carniato, do Leo Carniato, jogador do Rugby São Carlos e que escreve sobre muitas coisas, não só Rugby.
Já se foram duas semanas desde o início a Copa do Mundo de Rugby, que neste ano está sendo realizada na Inglaterra. Confesso que o vídeo da abertura me emocionou bastante e, se você não o viu, veja abaixo:
Confesso, também, que foi surpreendente ver as participações de Jonny Wilkinson e do Príncipe Harry no vídeo. Só não me surpreendi mais com Harry do que os jornais britânicos… De qualquer maneira, isso fez com que começasse a me perguntar se houveriam outras participações especiais. E isso pra não falar da pergunta mais óbvia: quem seriam os jogadores que estavam apresentando as cidades-sede da Copa? E essa pergunta só levou a outras: de quem seriam as narrações? Que locais específicos das cidades-sedes estão sendo apresentados? E qual a partida que estava sendo representada naqueles momentos?
Bem, confesso que para algumas dessas perguntas consegui encontrar respostas. Para outras, continuo a procurá-las. E, sendo assim, fiquem com as respostas que encontrei.
Começando o vídeo temos um voz de fundo fazendo um discurso de encorajamento. Vemos, depois, que essa voz pertence a um garoto que está a convocar seus companheiros para uma partida. Essa garoto é nada menos que Asa Butterfield, ator londrino e famoso por seu papel protagonista no filme A Invenção de Hugo Cabret (2011).
Logo antes do início da partida, aos 1:27, podemos ver Bill Beaumont e Will Greenwood devidamente caracterizados. Ambos são ex-jogadores ingleses, tendo Beaumont atuado nas décadas de 1970 e 1980 e Greenwood nas décadas de 1990 e 2000. Beaumont é, hoje, Chairmain da Rugby Football Union e Greenwood fez parte da Inglaterra campeã mundial em 2003. Beaumont reaparece aos 1:57.
Aos 1:33 aparecem no vídeo Jason Leonard e, de bigode, Sir Ian McGeechan. Leonard é um dos grandes nomes da história do rugby inglês e mundial: jogou 4 Copas do Mundo, sendo o jogador com mais aparições em jogos da competição, sendo vitorioso em 2003; também conquistou os Grand Slams em 1991, 1992, 1995 e 2003. Em 2015, foi anunciado como presidente da Rugby Football Union. Já Sir Ian McGeechan é um ex-jogador de rugby escocês e treinador da seleção britânica: os British & Irish Lions.
Aos 1:37, vemos o francês Serge Betsen e o argentino Gonzalo Camacho. Grandes nomes do rugby em seus países, tanto Betsen como Camacho também conseguiram seu espaço no rugby inglês. Tanto é assim que estão aí no vídeo da cerimônia de abertura…
Continuando, aos 2:12 do vídeo, logo após Webb Ellis (Edward Anthony, aluno da Rugby School) sair correndo, podemos observar um homem jogando seu chapéu no chão. Esse homem nada mais é que Sir Clive Woodward, ex-jogador de rugby e treinador da seleção inglesa entre 1997 e 2004, o que faz dele o treinador campeão da Copa do Mundo de 2003. Ao seu lado vemos Meggie Alphonsi, vencedora da Copa do Mundo de Rugby de 2014, do prêmio de Esportista do Ano em 2010 pelo Sunday Times (Sunday Times Sportswoman of the Year) e do Pat Marshall Award em 2011. Maggie foi a primeira mulher a ganhar esse renomado prêmio entregue pela Rugby Union Writers’ Club e, na ocasião, desbancou a lenda neo-zelandesa Richie McCaw. Uma das embaixadoras da Copa do Mundo de 2015, Maggie conquistou, em 2012, seu sétimo título consecutivo do Six Nations – sendo o seu sexto Grand Slam em sete anos.
Ainda que não seja uma descoberta minha, também merece destaque a já referida participação de Jonny Wilkinson e do Príncipe Harry neste vídeo aos 2:16. Representando jardineiros da Rugby School, Wilkinson e Harry tem um breve diálogo ao verem Webb Ellis passar correndo: “O que ele está fazendo?”, pergunta Wilkinson. “Não se preocupe, Jonny, isso nunca dará certo”. Wilkinson, pra quem ainda não sabe, é um recém-aposentado jogador inglês de rugby e principal nome dentro de campo na conquista da Copa do Mundo de 2003. Já o Príncipe Harry é, bem, o Príncipe Harry… Atualmente quinto na linha de sucessão ao trono inglês, Harry é um aficionado por rugby e é o presidente honorário da England Rugby 2015.
Já fora dos portões, Webb Ellis passa a bola e quem a pega, em Milton Keynes, é Peter Jackson. Não o diretor que colocou cenas de trash B em Senhor dos Anéis, mas sim um grande jogador das décadas de 1950 e 1960. Jackson nasceu em 1930 e, apesar de jogar com a camisa 2, era ponta (a numeração da época era diferente da atual). A cena representada no vídeo é de uma partida amistosa entre Inglaterra e Austrália no ano de 1958 no Estádio de Twickenham. Foi um dos jogos do tour mundial da Austrália e os ingleses saíram-se vitoriosos por 9 a 6 e com grande atuação de Jackson. Vocês podem ver os melhores momentos desse jogo aqui e aqui. A cena representada na abertura pode ser vista em ambos os vídeos, porém de um ângulo diferente. No primeiro vídeo, mais curto, a cena começa em 1:06 e termina em 1:20; obviamente, ela é mais longa que o apresentado na abertura. No segundo vídeo, a cena de Jackson começa em 1:42 e vai até 1:44. Uma versão longa pode ser vista entre 9:35 e 9:44. Ambos os vídeos são mudos e em preto e branco.
Na sequência, apresentando Birmingham, vemos o galês Gareth Edwards. Ou melhor, Sir Gareth Edwards. Scrum-half que jogou na década de 1960 e 1970, Sir Gareth foi considerado como o melhor jogador de todos os tempos em uma votação realizada com jogadores internacionais pela revista Rugby World. Também é conhecido por ter marcado o Maior Try de Todos os Tempos.
Em seguida vemos Serge Blanco na apresentação de Newcastle Upon Tyne. Blanco, francês nascido na Venezuela, foi um símbolo da seleção francesa durante a década de 1990 tendo defendido Les Bleus nas Copas do Mundo de 1987 (quando foi decisivo na semi-final contra a Austrália) e de 1991 (quando foi o capitão bleu). É atual presidente do Biarritz Olypique, equipe da qual foi jogador, e também foi presidente da Ligue Nationale de Rugby.
Quem recebe a bola do chute de Blanco, nos apresentando Leeds, é Andrew Gavin Hastings, lenda do rugby escocês. Fullback, Hastings jogou entre a década de 1980 e 1990, tendo participado das Copas de 1987, 1991 e 1995, competição da qual é o segundo maior pontuador (atrás apenas de Wilkinson). Foi capitão do British & Irish Lions durante o tour de 1993 pela Nova Zelândia. Em 1996, após se aposentar, jogou futebol americano pelo Scottish Claymore, mas sem muito destaque. Atualmente, é Chairman do Edinburgh Rugby. Sua cena me parece ser da disputa de terceiro lugar na Copa do Mundo de 1991, quando a Escócia enfrentou a Nova Zelândia. Infelizmente, não encontrei nenhum vídeo para corroborar minhas impressões. Ainda assim, fiquem com esse resumo da disputa do 3º lugar: vídeo.
Na sequência de Brighton & Hove, quem aparece é a lenda australiana David Campese. Assim com Hastings, Campese disputou as Copas de 1987, 1991 e 1995. Mas, ao contrário do escocês – que perdeu um penal frontal na semifinal de 1991 contra a Inglaterra que acabou por tirar sua equipe da final -, Campese foi campeão, melhor jogador e tryman da Copa de 1991 (marcou 9 tries). Apesar de não ter encontrado o vídeo original de sua cena, encontrei esse vídeo no qual Campo dá show pra cima da Nova Zelândia na semifinal da Copa de 1991.
Então temos Cardiff e o sul-africano Joost van der Westhuizen. Considerado um dos melhores scrum-half da história, van der Westhuizen foi jogador dos Springboks entre 1993 e 2003, tendo participado das Copas de 1995, 1999 (quando foi capitão) e 2003. Grande tackleador, van der Westhuizen é considerado um dos grandes responsáveis por parar Jonah Lomu na final da Copa de 1995. Parou de jogar em 2003 e em 2007 tornou-se comentarista, mas ganhou mesmo atenção da mídia após o vazamento de um vídeo íntimo regado a drogas e sexo. Em 2011 foi diagnosticado com Doença do Neurônio Motor (MND, na sigla em inglês), que afeta as células que controlam a atividade muscular, desde a fala até o movimento de todos os membros e não tem cura. Van der Westhuizen, então, fundou a Van der Westhuizen J9 Foundation para ajudar pessoas com a mesma doença. Em outubro de 2014 van der Westhuizen entrou em campo no intervalo da partida entre África do Sul e Nova Zelândia no Ellis Park (África do Sul) pelo Rugby Championship daquele ano. Veja matéria e vídeos sobre o ocorrido clicando aqui. No último final de semana, a última aparição pública de van der Westhuizen: os jogadores da seleção samoana, os Manu Samoa, entoaram um versão do hino de Samoa para o ex-atleta sul-africano. Ah… e com relação a cena de van der Westhuizen, certamente que ela é da Copa de 1995. Não consegui averiguar com precisão, mas acredito que a cena seja do jogo contra Samoa, pelas quartas-de-final.
E então, pelas ruas de Leicester, temos o monstro neo-zelandês Jonah Lomu. Ele é, sem dúvidas, o jogador de rugby mais conhecido mundialmente, sendo, inclusive, considerado como o primeiro grande superstar do esporte. Grande estrela dos All Blacks na década de 1990, jogou as Copas de 1995 e 1999, sendo tryman em ambas, mas sem conquistar o título. Em contrapartida, foi campeão mundial de sevens em 2001. Em 2002 parou de jogar pela primeira vez em virtude da síndrome nefrótica, que lhe atinge os rins e o obriga a realizar sessões de hemodiálise. Volta aos campos em 2005, depois de um transplante de rim realizado no ano anterior, mas, novamente, precisa deixar os gramados em 2007 por causa da síndrome e da necessidade de outro transplante. Tentou uma vez mais voltar em 2009, na terceira divisão francesa, mas os problemas ocasionados pela síndrome o impossibilitaram. Em 2011 realizou seu terceiro transplante de rim. Sua cena me parece ser referente a final com a África do Sul em 1995, mas preciso refinar minhas buscas para confirmar minhas suspeitas.
Então estamos em Manchester e o irlandês Brian O’Driscoll corre em nossa direção. Atuando profissionalmente entre o final da década de 1990 e meados da década de 2014, O’Driscoll é um símbolo irlandês. Jogou pela seleção irlandesa desde as categorias de base, participou de quatro Copas do Mundo (1999, 2003, 2007 e 2011) e é o jogador que fez mais tries pela Irlanda. Também é o maior artilheiro do Six Nations e o segundo jogador com mais jogos na história do Rugby Union. Aposentado do profissionalismo, atualmente faz parte da equipe de Rugby da University College Dublin. Acredito que sua cena seja referente a algum jogo da Copa de 1999 mas, novamente, preciso refinar a pesquisa pra averiguar essa suposição.A bola então é recebida por Jason Robinson, inglês, em meio as docas de Gloucester. Jogando de fullback ou ponta, Robinson começou no rugby league e depois migrou para o Rugby Union. Jogou entre as década de 1990 e 2000, aposentando-se em 2011. Jogou a Copa do Mundo de 2003, na qual marcou o try inglês na final, e ficou no “elenco de apoio” na Copa de 2007. A cena em que o vemos foi retirada do jogo entre Inglaterra e Gales pelas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2003. Você pode ver a cena original clicando aqui (a partir dos 2:04).
Adentramos, então, por Exeter e, finalmente, temos um try. O autor é o fijiano Rupeni Caucaunibuca, ou simplesmente Caucau e é considerado um dos mais rápidos e extravagantes jogadores que já passaram pelo Rugby Union. Sua cena foi retirada do jogo entre Fiji e França pela fase de grupos da Copa do Mundo de 2003. Nesse vídeo, a corrida de Caucau pode ser vista a partir de 0:38.
Por fim, a bola retorna às mãos do jovem Webb Ellis e vemos que estamos em Londres, em frente ao Estádio de Twickenham. Webb Ellis dá um drop, a bola vai até o espaço e cai no centro do gramado. O vídeo termina e começa a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Rugby de 2015.