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melrose cup gales

A Copa do Mundo de Sevens nasceu em 1993 por iniciativa conjunta do IRB e da SRU (União Escocesa de Rugby), homenageando a cidade escocesa de Melrose, onde nasceu o rugby sevens em 1883, com o nome da taça: a Melrose Cup. A iniciativa do torneio se deu em decorrência dos sucesso da organização das duas primeiras Copas do Mundo de Rugby (XV), em 1987 e 1991, que tinham caráter experimental. Com a continuidade da Copa do Mundo assegurada, o IRB contemplou o sevens com um torneio de igual magnitude. Coube à cidade escocesa de Edimburgo receber em seu Murrayfield Stadium a primeira edição do Mundial.

Disputada de 4 em 4 anos, a Copa do Mundo de Sevens já passou por 4 países, sendo que Hong Kong teve a honra de receber a competição em duas oportunidades (1997 e 2005). Além de escoceses e hong kongers, a Argentina sediou o torneio em 2001, em Mar del Plata, e os Emirados Árabes Unidos receberam a última edição, em 2009, com Dubai sendo a sede. A edição árabe marcou a primeira edição do torneio feminino da Copa do Mundo de Sevens, ampliando ainda mais a dimensão do evento. Em 2013, Moscou receberá o torneio, tornando a Rússia a quinta nação a sediar a competição, que já teve sua continuidade confimada. Mesmo com a inclusão do sevens nos Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de Sevens continuará a ser realizada, porém em anos pares, opostos aos anos de Jogos Olímpicos. Assim, a 7ª edição da Copa do Mundo de Sevens será realizada no ano de 2018, ainda sem local definido.

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Ao longo de 6 edições da Copa do Mundo de Sevens, já incluindo a edição de 2013, nada menos que 36 países estiveram presentes, número muito superior ao da Copa do Mundo de Rugby (XV), que contou até hoje, ao longo de 7 torneios, com apenas 25 participantes. Já o torneio feminino, também somada a edição de 2013, contou com 19 participantes, número também superior ao de participantes da Copa do Mundo Feminina (de XV), que contou com 17. Tal caráter reforça o seven-a-side como a modalidade mais democrática do rugby union, motivo pelo qual foi escolhido pelo IRB para representar o esporte nos Jogos Olímpicos a partir de 2016.

O Brasil esteve presente apenas em uma edição da Copa do Mundo de Sevens: em 2009, com sua seleção feminina. Em 2013, o Brasil voltará a ser representado pelas Amazonas, que se tornam cada vez mais protagonistas no cenário internacional.

 

Os Mundiais

Se a Nova Zelândia domina por completa a Série Mundial de Sevens, com 11 títulos, contra 1 de Fiji, 1 de Samoa e 1 de África do Sul, na Copa do Mundo de Sevens os All Blacks são os maiorais. A condição de maior campeão da história do torneio é de Fiji, com 2 taças, motivo pelo qual os fijianos são considerados os reis do seven-a-side. Os neozelandeses, por sua vez, contam com 1 título, mesmo número de ingleses e galeses, atuais campeões.

A edição inaugural de 1993 marcou o início de tudo e coroou pela primeira vez o rugby da Inglaterra com um título mundial. Contando com 24 times – o mesmo número de hoje – a Copa do Mundo de Sevens contou com 4 grupos com 6 seleções cada. A competição foi o primeiro Mundial disputado pela África do Sul, que ainda estava no processo de transição do regime do apartheid para a democracia racial. O torneio originalmente estava planejado para contar com a participação da União Soviética, que, dissolvida, deu lugar à Letônia, que derrotou a Rússia em qualificatório local. Nas quartas-de-final do torneio, Nova Zelândia e África do Sul ficaram pelo caminho e quem chegou às semifinais foram Irlanda – que ainda se destacava na modalidade – Austrália, Inglaterra, Fiji – de Waisale Serevi e Tomasi Cama (pai de Tomasi Cama Junior, dos All Blacks), que já espantava o mundo. Os ingleses bateram os fijianos nas semifinais e superaram os australianos por 21 x 17 na decisão, em duelo que opôs Lawrence Dallaglio, da Inglaterra, e David Campese, da Austrália. Ao contrário do que ocorre hoje, na época os atletas que se destacavam no XV também defendiam suas seleções no sevens.

Em 1997, em Hong Kong, o formato foi alterado, com as 24 seleções sendo repartidas em 8 grupos com 3 seleções cada. Nas quartas-de-final, a surpreendente Coreia do Sul caiu diante de Fiji, enquanto a campeã Inglaterra foi superada por Samoa por 21 x 5. Os samoanos caíram nas semifinais diante dos fijianos, enquanto África do Sul e Nova Zelândia reeditaram no sevens a final da Copa do Mundo de XV, novamente terminando com vitória sul-africana, apesar de Jonah Lomu atuando do lado neozelandês. Na decisão, no entanto, quem falou mais alto foi Fiji, do lendário Waisale Serevi, que venceu por 24 x 21. Na primeira edição da Copa do Mundo de Sevens na Era Profissional do rugby, o título ficou com a diminuta ilha do Pacífico Sul, que já se mostrava uma potência na modalidade.

Em 2001, o palco foi Mar del Plata, na Argentina, naquele que é até hoje o maior torneio de rugby já disputado na América do Sul. Pela primeira vez também um país sul-americano além da Argentina jogou o Mundial de Sevens, cabendo ao Chile o feito. Quem brilhou, no entanto, foi a Nova Zelândia, do monstro Jonah Lomu, que atropelou os adversários até a grande final diante da Austrália, com os neozelandeses garantindo seu primeiro e único título até hoje do torneio. Fiji, de Serevi, e a Argentina, de Agustín Pichot, ficaram nas semifinais.

O torneio de 2005 voltou a ser realizado em Hong Kong, terra consagrada do sevens, e o título voltou para as mãos de Fiji, coroado como a nação do sevens. Os fijianos passaram pelos argentinos nas quartas-de-final e pelos ingleses na semifinal, para duelarem com os neozelandeses na grande decisão. Já sem Lomu e outros craques do XV, mas campeã de todas as edições realizadas da Série Mundial de Sevens até então, a Nova Zelândia não foi páreo para Fiji, que conquistou seu segundo título mundial vencendo por 29 x 17, com Serevi e William Ryder em alto nível.

 

Amazonas invadiram Dubai

Em 2009, o torneio de Dubai coroou a Copa do Mundo de Sevens com a primeira disputa do torneio feminino e com um resultado inesperado no torneio masculino. Mas, acima de tudo, o ponto alto – para nós – da Copa do Mundo de Sevens de 2009 é a participação inédita do rugby brasileiro na maior evento do sevens mundial, com a seleção feminina.

As brasileiras fizeram bonito em terras emiratis alcançando uma impressionante décima colocação, entre 16 participantes. Na primeira fase, o Brasil caiu diante da Espanha e do Canadá, mas derrotou a Tailândia. Nas quartas-de-final da Taça Bronze, o Brasil se sobressaiu, batendo Uganda e a Rússia, para chegar à decisão diante da China. No vitória chinesa por 10 x 7 deixou o Brasil com a 10ª posição.

Já na disputa pelo título feminino, quem falou mais alto foi a Austrália. As Wallaroos derrotaram a Inglaterra nas quartas-de-final e a supreendente África do Sul na semifinal, para fazer a final contra a favorita Nova Zelândia. No fim, as australianos se superaram e bateram as poderosas rivais por 15 x 10.

No torneio masculino, as surpresas deram as caras. Nas quartas-de-final, a Nova Zelândia seguiu sua sina em Mundiais sendo derrotada por Gales por 15 x 14, enquanto o poderoso Fiji perdeu para o Quênia por 26 x 7. Nas semifinais, o Quênia não aguentou e foi derrotado pela Argentina, que já havia eliminado a forte África do Sul. Já Gales passou por Samoa, que havia superado a Inglaterra, e a certeza na final já era de campeão inédito. No fim, quem deu as cartas foi Gales, que venceu os Pumas por 19 x 12 e se sagrou campeão mundial pela primeira vez.