Tempo de leitura: 4 minutos
ARTIGO COM VÍDEOS – Habemus finalistas das divisões Premiership e Championship da Mitre 10 Cup e há uma surpresa entre os contenders aos títulos da 1ª e 2ª divisão desta competição de províncias do rugby neozelandês. Quem é a surpresa? Northland! Tasman, Auckland e Hawke’s Bay garantiram vitórias nos seus jogos em casa e mantêm-se na luta pela conquista do título, sendo que foi a equipa de Ash Dixon e Mikaele Tu’u a merecer o penúltimo prémio da Melhor Equipa da Jornada e explicamos neste artigo o porquê da nossa escolha.
O destaque da rodada: Hawke’s Bay
Querem uma equipa que fez uma exibição de campeão numa das meias-finais da Mitre 10 Cup? Então não percam tempo, basta verem o jogo (ou highlights) do encontro de Hawke’s Bay frente a Taranaki, com a equipa da baía de Napier (norte da Nova Zelândia) a fazer 8 ensaios e 59 pontos no total dos 80 minutos, obliterando com os seus adversários em todos os sectores, seja nas fases-estáticas (uma formação-ordenada demolidora), maul dinâmico ou na rotação e dinamização dada à bola, acelerando constantemente quando se abria o espaço para depois aparecer um espectacular offload ou um passe caprichoso que leva selo de ensaio.
Foi praticamente um encontro de um sentido só, com Taranaki a só conseguir ter bola em raros momentos enquanto os Magpies deram sempre uma letalidade profunda a cada nova acção ofensiva, em particular quando entravam no meio-campo adversário, olhando para os alinhamentos como o veículo perfeito para moer e abrir caminho suficiente para chegar à linha da área de validação, sendo que fizeram 3 ensaios a partir do maul. Mas nem tudo andou em redor do jogo “pesado”, apesar da participação total da 3ª linha de Hawke’s Bay com Mikaele Tu’u a surgir desamparado e lançado pelas suas linhas atrasadas graças a uma dupla de médios extremamente bem articulada – e pouco conhecida – entre Folau Fakatava e Caleb Makene, que desenvolveram um ritmo extremamente constante e intenso à sua equipa.
De certa forma, foi praticamente perfeita a exibição de Hawke’s Bay no geral, falhando só ligeiramente na defesa onde cederam algumas penalidades desnecessárias e permitiram dois ensaios de Taranaki, sem que isso beliscasse o caminho até à vitória e apuramento para a final.
A surpresa: Northland
Os patinhos feios da época passada, que terminaram em penúltimo lugar na divisão Championship, fizeram o inesperado e estão na final em 2020 podendo mesmo conseguir um extremamente improvável apuramento se estivéssemos a olhar para antes da época começar. Como é que foi possível a equipa de Northland puxar o tapete a Otago na meia-final? Duas palavras: consistência e confiança. Nada a perder, tudo a ganhar!
Durante a maior parte do tempo, o elenco da região de Whangārei soube ter paciência para se defender do atrevimento de jogadores como Josh Ioane, Jona Nareki ou Vilimoni Koroi, não consentindo faltas desnecessárias na luta no breakdown ou na saída da linha defensiva e sempre com o espírito de trabalhar no limite e explorar as penalidades para ter espaço para sair a jogar. Foi uma exibição compacta, séria e humilde, de uma capacidade inumana de trabalho e sacrifício (veja-se o ensaio de Sam Nock, que no momento do sprint final sentiu um puxão na coxa mas não deixou de correr até ao fim), de ter o capricho de inventar algumas combinações de alto risco mas que podiam render pontos, caso daquele ensaio que antecedeu o arranque fenomenal de Jone Macilai-Tori.
Apesar de sõ terem um único All Black nos convocados que entraram em campo para a meia-final, mas esse pormenor acabou por não ser decisivo para o outcome final pois foram capazes de mostrar uma voracidade espectacular, especialmente naqueles 15 minutos finais, altura em que Joshua Goodhue, Tom Robinson ou Jordan Olsen se agigantaram para pôr um fim na possibilidade de Otago conseguir uma reviravolta. Estão na final e podem ser um problema para Hawke’s Bay, caso estes não respeitem a humildade e o poder de trabalho de Northland!
O MVP da jornada: Folau Fakatawa (Hawke’s Bay)
Discute-se muitas vezes que as Ilhas do Pacífico têm graves dificuldades no que toca produzir bons formações ou aberturas, sendo uma lista muito curta daqueles que realmente conseguiram chegar a um patamar de rugby elevado e é possível que essa lista venha a receber um novo nome, como já tínhamos referido em outros artigos, que é o de Folau Fakatava.
O formação foi demolidor nesta meia-final ao serviço de Hawke’s Bay, com duas assistências, 1 ensaio, 4 quebras-de-linha, 7 defesas batidos, 80 metros conquistados e mais uma série de pormenores ofensivos do mais sórdido possível e que coloca qualquer adepto de rugby louco e a pesquisar por Fakatava, tendo sido ele um dos principais obreiros da extraordinária época dos de Hawke’s Bay que para além de terem em sua posse a Ranfurly Shield, podem vira coleccionar o título de campeões da Mitre 10 Cup Championship 2020.
Não é só pelos desequilíbrios que o nº9 nascido no Tonga se destaca, é também pela qualidade de rugby que consegue impor às suas linhas atrasadas, devolvendo quase sempre uma bola rápida e inteligente, alterando bem os ritmos e timings de jogo mediante as necessidades da estratégia da equipa, tendo neste encontro criado os problemas suficientes a Taranaki ao ponto que estes já não sabiam se haviam de pressioná-lo ou de fazer um compasso de espera, o que ainda deu mais confiança e confiança a um formação já convicto nas suas capacidades.
Tem sido peça integral para Hawke’s Bay e possivelmente vai começar a subir na escala do rugby de franquias da Nova Zelândia, pois lembramos que ele é jogador dos Highlanders, emblema que detém Aaron Smith, um dos professores assumidos de Folau Fakatava. Mas até que ponto o aluno não conseguirá ultrapassar o mestre?
Números
Maior marcador de pontos (equipa): Hakwe’s Bay – 59 pontos;
Maior marcador de ensaios (equipa): Hawke’s Bay – 8 ensaios;
Maior marcador de pontos (jogador): Lincoln McClutchie (Hawke’s Bay) – 17 pontos;
Maior marcador de ensaios (jogador): Ash Dixon (Hawke’s Bay) – 3 ensaios;
Melhor da Jornada: Folau Fakatava (Hawke’s Bay)