Tempo de leitura: 5 minutos
O time de hoje de nossa prévia do Super 10 é o Curitiba Rugby Clube, da capital paranaense, sétimo colocado em 2012. Quem falou um pouco mais sobre o time foi edgar Wilkens, presidente do clube e membro da comissão técnica. Agradecimento especial a Juarez Vilella, da Federação Paranaense.
PdR: O Curitiba não enfrentou maiores dificuldades até aqui no campeonato estadual. Como você enxerga esse primeiro semestre mais tranquilo como preparação para o Super 10? Trata-se de uma desvantagem com relação a outros times?
Wilkens: Depende do ponto de vista. O estadual vem crescendo de produção e se ainda não temos uma competitividade maior entre os demais clubes e o CRC, vimos uma acirrada disputa entre os times do interior e a outra equipe da capital (Urutau). Uma vantagem é poder testar e impor o seu jogo, algo que é mais difícil no Super 10. Este ano uma desvantagem foi a mudança do calendário nacional antecipando o início do Super 10, impedindo-nos assim de fazer a Taça da Amizade, quando jogamos contra o Desterro, partidas essas que nos dão um panorama mais real e concreto de como estamos em nível nacional.
PdR: No ano passado, o Curitiba começou o Super 10 como uma grande promessa, mas não obteve uma classificação final tão alta como alguns esperavam. O que faltou ao time? E quais as diferenças da equipe de 2012 para 2013?
Wilkens: Em 2012 definitivamente o resultado final (7ª colocação) não refletiu o que fizemos em campo. Fomos intensos, perdemos 3 partidas no último lance do jogo, tivemos alguma dificuldade com interpretações diferentes de lances idênticos e fomos castigados. Como grande erro, tivemos um aproveitamento pífio nos chutes e coincidentemente duas das partidas que perdemos, mesmo jogando melhor, foram decididas no final do jogo com chutes certeiros dos adversários (derrotas diante do Spac em São Paulo e para o Bande em Curitiba na 1ª fase)
Entretanto o elenco ainda era muito jovem, vários atletas debutando na elite nacional e isso nos custou um pouco mais de serenidade e calma na hora de decidir as partidas.
Creio que este ano essa dose de experiência venha a nos ajudar.
PdR: Os Touros invariavelmente conseguem grandes resultados no Seven-a-side, mas não alcançam o mesmo desempenho no XV. Quais as mudanças na preparação que são necessárias para reverter esse quadro? Pela proximidade, como é o intercâmbio com profissionais argentinos para fazer a equipe evoluir?
Wilkens – A principal diferença vai na cabeça, na mentalidade dos atletas. Temos uma geração que foi bi campeã brasileira juvenil e uma vez vice de seven-a-side. Isso faz diferença, porque não precisamos implementar mentalidade de seven na maioria dos atletas, isso vem de “berço” no CRC há alguns anos.
Entretanto em seven ter 6 jogadores que saibam a estrutura do jogo nos faz uma enorme diferença. Já no XV, se somente 10 souberem bem os fundamentos, existe um déficit de ainda 30%. Assim como temos uma diferença positiva no seven, temos essa deficiência no XV.
Os argentinos que temos morando em Curitiba são uma diferença dentro e fora de campo. Eles veem de uma cultura onde se vive o rugby no dia a dia e ajudam muito na mudança de mentalidade que temos aqui e sem sombra de dúvidas nos ajudam na evolução. Boa parte vai ao clube diariamente, se envolve nas categorias de base, no feminino, enfim, ajudam na construção de um clube de rugby e não somente num time de rugby, algo que estamos conseguindo fazer com êxito dentro do CRC.
PdR: Quais as metas do Curitiba para o próximo Super 10? E quais dificuldades a equipe espera enfrentar?
Wilkens: Num campeonato competitivo e difícil como o Super 10, as metas devem objetivadas aos poucos, por partes. Primeiro queremos estrear bem, tirar o peso da 1ª partida e busca da primeira vitória o quanto antes. Depois queremos jogar bem e de igual para igual com todos os adversários dentro de nossa casa, mostrando para nossa torcida a força dos Touros. Depois a classificação para a fase final. Ou na pior hipótese, melhorar tanto quanto possível a classificação final.
Sabemos que podemos mais e por isso nos cobramos. Passamos por alguns anos de transição e cremos que a hora de colher os primeiros frutos está se iniciando.
PdR: Quais os pontos fortes e os pontos fracos da equipe? Quais os destaques?
Wilkens: Sempre nos destacamos por uma defesa sólida, mas um time com alguma dificuldade em anotar tries especialmente. Houve durante um bom tempo uma busca pelo try, não se atentando que no rugby moderno o chute decide e muito!
Acho que a inteligência do time, o gerenciamento da comissão técnica e os treinos de fundamentos, posicionamento e a disciplina tática podem surpreender nossos adversário este ano. Temos uma “cara”, um sistema de jogo e não sairemos dele, aconteça o que acontecer durante os jogos.
Lógico que dependendo do tempo de jogo e da maneira como esteja o adversário em campo, vamos nos adaptar a essas condições, mas sem fugir do nosso jeito de jogar. A implementação de um sistema de jogo, o foco no coletivo e não nas individualidades creio ser nossa mais poderosa ferramenta este ano.
Como ponto fraco talvez seja não temos um time ainda experiente em jogos mais fortes e termos um elenco bom, mas não na quantidade que se precise para um campeonato difícil e longo como o Super 10. Ano passado tivemos os desfalques de dois de nossos principais jogadores logo no início do certame (o centro Duka e o ponta Yan, ambos selecionáveis) e mesmo com todo o esforço e empenho de seus substitutos, sentimos bastante suas ausências.
Dependendo de como forem os jogos, podemos nos ressentir de alguns jogadores chave para fazermos uma boa campanha.
PdR: O trabalho forte com as categorias de base sempre rendeu ao Curitiba bons jogadores. Teremos algum novo talento em campo nesse ano?
Wilkens: Nosso trabalho de base é muito sério e não á toa os resultados do CRC/Unibrasil nos juvenis historicamente foi bom. Temos um dos jogadores que está crescendo muito nos últimos tempos, se dedicando e que para nossa alegria, veio de nosso projeto social, o VOR – Vivendo o Rugby -, passou pela base e já está no adulto.
Mas como nosso fundamento de jogo é coletivo, fica difícil destacar um só jogador. Tivemos uma alteração feita pela Comissão Técnica entre nosso fulback e half scrum que deu muito certo e pode surpreender.
Nosso desafio é fazer com que o coletivo funcione bem que os destaques individuais surjam naturalmente.