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Menos de um minuto depois de ouvir o hino brasileiro pela última vez como atleta da seleção brasileira, Baby Futuro protagonizou uma metáfora perfeita do que foi a carreira desta gigante: furou uma linha com diversos adversários e foi longe, muito longe. Baby se aposenta hoje do rugby internacional, e neste ano de tantas incertezas nos presenteia com o fechamento de um ciclo inspirador.
Nos últimos dias, as redes sociais se inundaram de homenagens a essa mulher incrível, e chama a atenção que cada uma delas contenha uma anedota diferente pra contar, um momento marcante diferente a compartilhar. Esses 16 anos de carreira não se medem somente em títulos sul-americanos, em aparições em Copas do Mundo, em participações em Olimpíadas e no circuito mundial: além de ser uma atleta brilhante, Baby é uma mulher única, tão autêntica que fala seu próprio idioma e chama as pessoas por nomes que ela mesma inventa.
Além dessa imensidão de humanidade, Baby era a última ponte direta entre o grupo atual das Yaras e a geração de pioneiras que construiu o sonho para todas as outras que vieram depois. Todo o rugby feminino do Brasil se deve, em alguma medida, à determinação, paixão e resiliência dessa primeira geração, e é importante que isso não seja esquecido. Não se trata de romantizar a escassez de outros tempos, mas sim de reconhecer que o caminho sob nossos pés começou lá atrás, com Baby e muitas mais. Manter essa história viva não cabe somente àquelas que a viveram, cabe a todos nós.
O primeiro try do Brasil na final do último sul-americano com Baby em campo veio a partir de uma arrancada dela mesma, que chegou quase até a linha dos 5 metros até cair – encontrando, na sequência, o apoio de uma jogadora mais nova, determinada a continuar aquilo que Baby começou. Que essa seja uma metáfora para o legado deixado por ela, que é, sim, insubstituível. Nosso obrigado é tão infinito quanto você, Baby, e não por acaso a camisa 8 é sua.
Texto por: Marjorie Enya