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ARTIGO OPINATIVO – Texto novo do advogado Fábio Mariz na nossa coluna aberta “A Voz do Rugby”.
A coluna “Voz do Rugby” não expressa necessariamente a visão do Portal do Rugby.
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Tempos sombrios se avizinham! O mundo inteiro terá que cuidar de suas finanças tendo em vista a pandemia do COVID-19.
Empresas sofrerão de forma severa a recessão que o horizonte nos mostra. Terão que cortar funcionários, buscar novas formas de obtenção de rendas, eliminar gastos secundários e buscar incentivos governamentais com o intuito de todos se desenvolverem o quanto antes.
Os dois últimos itens poderão atingir o Esporte em cheio!
Nós, especialmente o Rugby, somos despesas secundárias e muitos de nós sobrevivemos com apoio de programas estatais de incentivo ao esporte via isenção de impostos às empresas.
Ou seja, a renda, especialmente aos que estão na base da pirâmide (clubes), será cada dia mais escassa e as soluções deverão ser as mais caseiras, da mesma forma que sobreviveu o Rugby em seus primórdios (não faz tanto tempo assim).
Privilegiados são os que acompanham o Rugby tupiniquim há menos de 10 anos, vivenciou o “berço esplêndido”. Muito em razão ao árduo trabalho da Grab (Grupo de Apoio ao Rugby Brasileiro) e dos fundadores da CBRu, que com ações conjuntas possibilitaram que o orçamento anual saísse da casa dos 100 mil reais para a impressionante cifra dos 20 milhões!
O Rugby brasileiro sempre teve que penar, contando migalhas para buscar objetivos irrisórios, patinando para se manter em pé, até que chegou a CBRu.
“Rios” de dinheiro foram injetados em nosso esporte, o vimos crescer, despontar, ser reconhecido na rua, ganhar fãs e agora temos que lutar para que ele não caia no ostracismo novamente.
A época da fartura acabou! Temos que nos conscientizar que devemos buscar a austeridade e achar o equilíbrio exato entre o custoso, porém eficiente em resultados, Alto Rendimento, com o barato, entretanto com resultados em longo prazo, Desenvolvimento.
O aperto orçamentário deverá ocorrer nos mais singelos cafés, passando por cortes de efetivos ociosos, até escolha nas aplicações de valores.
Não sabemos o quanto sobreviverá de nossos 18 milhões de reais (usando como base o orçamento de 2018), especialmente que, lá, sobrevivemos com pouca verba livre. Não possuímos receitas próprias.
A fonte secará, o quanto não sabemos, mas é certo que o Governo Federal apertará, e muito, a possibilidade de Leis Incentivadas, é capaz do COB reduzir os valores enviados as Confederações, e as empresas repensarão nas formas de expor suas marcas.
Junta-se a tudo isso o fato que a maioria dos atletas de alto rendimento da CBRu possuem bolsas vinculadas a projetos estatais, ou seja, devemos ter uma baixa considerável em nossos atletas que se dedicam exclusivamente ao Rugby, o que torna o nosso Alto Rendimento tão eficaz, tornando-o menos vitorioso.
Devemos nos lembrar, também, que a CBRu não possui suas contas no positivo, herança de decisões da atual gestão, devendo enfrentar todos estes sinais negativos que o horizonte apresenta, tendo que remar o dobro para ajustar seus balanços, que há anos não se equilibram.
Para ajudar a todo este cenário de incertezas, teremos, no fim deste ano, as eleições do novo Conselho de Administração da CBRu, onde conselheiros serão eleitos e reeleitos. Necessariamente teremos um novo presidente da CBRu em 2021, este deverá conduzir todo este caos que se avizinha com serenidade e austeridade, entretanto sua vida será menos difícil, visto que há o compromisso de dirigentes atuais que a CBRu não deixará dívidas para os próximos gestores.
Cabe a todos nós nos ajustarmos, buscar o diálogo e nos reinventar, ou melhor, nos recordar de como nos virávamos nos tempos idos.
Não podendo se olvidar de quem faz o espetáculo, a base, aqueles que desde sempre enfrentam as dificuldades com a mencionada austeridade e escassez de dinheiro, trazendo aos nossos campos talentos que servirão as cores da nossa seleção.
Eles devem ter voz e serem ouvidos, eles que sustentarão o Rugby brasileiro, com a garra e vontade existentes em seus trabalhos desde os tempos mais primórdios do Rugby.
Devemos buscar e incentivar outros Edis, Fabinhos, Claudinhos, Pães, Júlios, Bolinhas, Marianos, Chinos, Ticos, Daflas, Fabianos, Joarezes, Edgares, Bruxos (dentre tantos outros nomes que não caberiam neste opinativo), pessoas que representam a base, ralam cotidianamente em prol de um rugby brasileiro enraizado e verdadeiro, sempre de forma austera visando a continuidade do esforço dos nossos antecessores.
Texto por: Fábio Mariz