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Texto de Renata Martines para a coluna Voz do Rugby!
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Atualmente, quando falamos em rugby feminino no Brasil, só escutamos falar em Seven, certo?
Pois bem, eis que mais de 50 meninas invadiram o SPAC no último sábado (25) para mostrar que também querem jogar XV e merecem atenção.
Bom, antes de começar a escrever sobre o incrível sábado, levantei algumas informações sobre o XV feminino no nosso país com algumas amigas e elas sempre tentaram fazer disto, uma realidade:
– Em meados de 2000, o SPAC feminino se aventurou em jogos de XV em Posadas, Argentina;
– Em 2008, as meninas se uniram, pagaram passagem, torneio, uniforme e foram se aventurar em Amsterdam;
– Em 2013, rolou uma clínica em Indaiatuba com vários times de SP num sábado, seguido de um mini torneio no domingo com as mesmas equipes;
– Em 2016, a Federação Paulista de Rugby organizou um mini torneio com alguns times de SP;
– Até 2018, havia uma clínica por ano no Centro-Oeste para aplicarem as regras e teorias num sábado e jogos no domingo;
– Ainda em 2018, tivemos a iniciativa do Magic Weekends com 8 etapas, mas, não seguiu em frente por ‘N’ motivos… além de muitas outras iniciativas que não vingaram.
Bom, meu ponto aqui não é levantar porquê as iniciativas não vingaram até hoje, aqui quero destacar o universo de oportunidades e dizer que valerá muito as novas iniciativas que a Confederação está programando daqui pra frente (leia mais aqui e aqui).
Enfim, sobre o sábado:
Cheguei ao SPAC sábado às 10h20 para dois jogos de XV masculino pelos torneios Paulista A e E da Federação Paulista de Rugby. Em seguida a magia começou: às 15h20 começamos o jogo de XV feminino onde várias equipes de SP se organizaram ao longo de várias semanas para fazer do jogo possível!
Time Vermelho / Azul:
O combinado entre SPAC+ Pasteur + Leoas juntou muito mais que três times, ao todo tivemos a participação de 8 times para promover esse timão: SPAC, PAC, Manda Nudes, São Jorge, Fenix, Barbarians, Tatuapé, Niterói e Leoas. Ao todo foram 25 meninas.
A capitã Thays Kume contou que o técnico do Pasteur feminino deu a ideia e as ajudou na organização do time. Elas divulgaram os treinos abertos no colégio Liceu Pasteur e conseguiram ter bastante adesão: “Para mim foi incrível jogar XV! Sei que ainda falta o entendimento do jogo, mas, o importante é que todas as meninas saíram com gostinho de quero mais e animadas para os próximos jogos. Queríamos disputa no scrum, mas, entendemos a questão da segurança e queremos treinar para isto.”
Time Preto:
Montado em sua maioria pelas meninas do Band e Mogi, conseguiram reunir representantes dos times USP, Rio Branco e Tsunami , juntando 28 meninas!
A capitã Marina Fioravanti conta que o Band treina XV com o time masculino algumas vezes por mês, vai quem pode e quando pode, mas, já ajuda muito a ter noção do jogo que é bem diferente do sevens: “Conseguimos organizar um pouco a estrutura do XV porque o Will (treinador) colocou meninas que assistem muitos jogos em posições chave para o bom andamento da partida. Além disso, tivemos ajuda de alguns caras do masculino com o tempo do scrum e a vivência da Pala, Iris e eu em times na Inglaterra e Austrália.”
Como árbitra da partida, posso dizer que o jogo foi muito limpo e faltam poucas coisas que apenas treinando a chavinha irá mudar: XV tem muito mais contato e estratégia sobre os contatos com seus respectivos apoios e o que cada pessoa do scrum precisa fazer para ser seguro.
Foi uma experiência incrível e espero repetir por muitas outras vezes no apoio de todas vocês: Lara, Geroldi, Laís, Simone, Meire, Natália, Helia, Isabela, Kume, Suellen, Fernanda, Shera, Duda, Fabiana, Leticia, Patrícia, Karol, Karina, Bottini, Pedrosa, Cacá, Marcinha, Babi, Denise, Boadas, Jhenifer, Pamela, Pala, Moda, Michele, Sofia, Fu, Grasi, Iris, Bruna, Colors, Tchoba, Lea, Rúbia, Lala, Pri, Ana, Dri, Bau, Joy, Xaxá, Ryanne, Irmã, Nath, Aniele, Maria, Cris, Rafinha, Izzy, Turola e tantas outras que estavam lá no final de semana!
Dizem as boas línguas que em 2020 acontecerá um sul-americano de XV feminino entre Brasil, Colômbia e Argentina e, o campeão entrará para repescagem para a Copa do Mundo de 2021. (não será ‘tão’ simples assim, terão vários outros jogos após esse torneio para alcançar a Copa do Mundo de rugby, mas, explicarei depois quando as datas forem definidas).
O resultado da partida foi Time Preto 53 x 0 Time Vermelho / Azul.
Independente do resultado, quero dizer que todas estavam felizes em campo, participando mais uma vez de uma experiência incrível e tenho certeza que ajudarão os clubes e o país a chegarmos onde precisamos!
Parabéns pela coragem e alegria, por compartilharem este incrível sábado e escreverem mais um pedacinho da nossa história.
Para mais textos de Renata Martines, acesse o blog no ESPN W.