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Kia Ora amigos do Portal do Rugby e a todos que tem lido o Rugby Kiwi! Esta semana vou trazer para vocês um pouco do trabalho dentro dos clubes amadores e esclarecer as dúvidas do pessoal sobre o material dos atletas, mensalidades etc.
Estive gravando e representando a seleção do Estado do Rio de Janeiro essa semana com o presidente do meu Clube Bobby, que me recebeu muito bem e fiz perguntas a ele que considero curiosidade de todos nós amantes do rugby no Brasil. Basicamente perguntas sobre o funcionamento de toda estrutura dentro de um clube amador, foi bastante proveitoso porque pude correlacionar com a situação que vive o rugby no nosso país e pensar em boas ideias e soluções para poder adaptar a realidade do meu clube.
Agora vou falar sobre o que maioria do pessoal que lê o blog quer saber sobre materiais, mensalidades e outras coisas mais. Os atletas que jogam pelos clubes aqui pagam um subsídio anual que varia a cada ano de acordo com a quantidade de atletas, patrocinadores e outras coisas que podem tornar esse valor um pouco mais alto ou mais baixo. Esse valor é direcionado ao pagamento das instituições que organizam os campeonatos, compra de material para treinamento e manutenção geral do clube, mas aqui cada atleta que paga seus subsídios recebe seu material que geralmente são meias, short ou camisa e casaco do clube.
O mais interessante é que todo esse material como, camisas de passeio, casacos, shorts é pago pelos patrocinadores, mas nós só recebemos depois de toda anuidade paga ou pelo menos a maior parte. Se analisarmos bem podemos ver como é vantajoso você ter seus materiais produzidos pelos patrocinadores e usados como uma forma mais organizada e atrativa de fazer os atletas pagarem suas contas com o clube, o que no Brasil é uma grande luta de todos os clubes essa cobrança, eu sei por que já fiz isso, além de fazer você ser o cara mais evitado também é cansativo e estressante demais.
Os clubes funcionam à base de trabalho voluntário, um pequeno grupo é pago pelo serviço que presta, mas é um valor simbólico que considero uma ajuda de custo pelas responsabilidades e grande trabalho nessas funções. Nesse grupo estão inclusos o presidente e mais 2 ou 3 cargos que tem responsabilidades semelhantes, o restante, que é de mais de 90% são voluntários.
Sinceramente acho que isso nunca vai funcionar perfeitamente no Brasil, pois grande maioria das pessoas só ajuda no trabalho do clube quando tem algo em troca para receber, a cultura do futebol e política nacional tornou isso típico e perdemos o valor do que é o amador na maioria das vezes.
Na cultura dessa terra o atleta depois que passa a ser profissional ou quando não joga mais, geralmente retorna ao clube para ajudar de alguma forma e continuar tendo o rugby em sua vida. Pode parecer besteira, mas o clube onde estou jogando tem mais de 130 anos e uma boa estrutura física graças a pessoas que como o presidente e muitos outros voluntários fazem isso para retribuir tudo que o rugby trouxe para a vida deles e não em troca de nada. E quando pergunto a eles se acreditam que o Brasil pode ser uma grande equipe um dia eles me dizem que sim, mas depende de quem está por trás e trabalha para fazer crescer.
Eu queria escrever mais sobre detalhes de funcionamento das estruturas aqui, mas realmente estava chato de ler porque parecia um livro de estatísticas e acabei apagando tudo e reescrevendo, pois sobre todos esses detalhes vocês vão poder ver de forma mais interessante no documentário e vão poder acompanhar também visualmente o nível do rugby nos clubesaqui.
Espero que as perguntas e dúvidas sobre material dos atletas tenha ficado claro para o Fellipe, que perguntou no último post e se houver mais alguma coisa que eu possa ajudar ou esclarecer pra vocês será uma honra.
Nesta última semana tivemos uma folga nos treinamentos porque não houve jogo e então fizemos um churrasco no clube na quinta a noite e no sábado eu fui curtir um pouco de rugby feminino acompanhando minha namorada. O jogo não foi nada mal apesar delas terem perdido fizeram um grande jogo como equipe e as fowards foram impecáveis, não perdendo um scrum ou ruck!
Você curte as fotos que estão fantásticas no álbum do Rugby Kiwi no facebook.
Grande abraço a todos vocês que leem e me ajudam de alguma forma a transcrever esse mágico mundo do rugby na Nova Zelândia!
Guto