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ARTIGO OPINATIVO – Brasil e Romênia vão se enfrentar no dia 15 de junho na cidade de Jundiaí, cerca de 60 km da capital paulista. O jogo será às 19h30. Porém, no mesmo dia, a grande final do Campeonato Paulista vai rolar, ainda com campo e horário a serem definidos – mas o mando, pelo regulamento, pertence à Federação Paulista de Rugby. O jogo poderá ser ou em São Paulo ou no Vale do Paraíba.

A situação atual dos jogos dos Tupis é de apatia. Com a exceção da partida contra os Maori All Blacks (de óbvio apelo inclusive para fora da comunidade do rugby e com grande investimento em promoção), os jogos dos Tupis viraram um marasmo só quando o assunto é público. A quantidade de público não varia, sempre girando ao redor das 1 mil pessoas – seja em São Paulo Capital ou Interior ou BH…

Tal estagnação nos eventos “comuns” me preocupa, pois o maior desafio é justamente o de consolidar uma cultura de se seguir os Tupis nas partidas em casa – e não apenas quando houver uma haka para se ver. “Cultura de rugby”, “cultura de estádio”, criar um evento padrão que seja ansiado pelos rugbiers e que ganhe alguma fama para fora da comunidade.

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Não sou desinformado. Sei que esportes que não são futebol sofrem em formar públicos constantes em seus eventos. Da mesma maneira, os Teros não levam multidões ao Charrua. Mas claramente ainda não exploramos todos os modelos possíveis de evento para os Tupis. E essa questão já é latente se pensarmos que em 2020 deveremos ter franquias – criadas do zero – numa futura liga profissional.

 

A tendência contra a Romênia é público baixo

Antes de abordar o modelo de evento, vou analisar rapidamente o jogo do dia 15.

Não sei o motivo da escolha novamente de Jundiaí para o jogo dos Tupis. O estádio não está em boas condições, a iluminação é ruim e o público da partida contra o Chile pelo Americas Rugby Championship foi inferior às 1 mil pessoas. No entanto, a CBRu sofre com o calendário do futebol nos estádios que utiliza, além, é claro, da questão dos valores para aluguel. E antes que alguém pergunte por que o jogo não é fora de São Paulo, a explicação é óbvia: o World Rugby ajuda a financiar as viagens de equipes europeias para outros continentes e o voo dos romenos vai até Guarulhos. Levar o jogo para outro estado implicaria custo extra.

A escolha das 19h30 de um sábado é boa e ruim ao mesmo tempo. Boa porque foge do horário da final do Paulista. Ruim porque noites de sábado não são as atrativas para os rugbiers se deslocarem a outras cidades – seja porque a tarde é de rugby, seja porque a combinação carro-sábado-viagem intermunicipal não agrada. Ou seja, espere muito pouca gente de fora da região de Jundiaí-Campinas indo à partida. Será muito importante a mobilização de clubes da região, como o Wallys, mas outros clubes da região jogam no mesmo dia: Piratas e Jaguars entram em campo pelo Paulista B no dia 15.

Por sua vez, o adversário do Brasil não é atrativo – e isso só ocorre porque a cultura do rugby ainda é capenga no Brasil. A Romênia é uma escola tradicional do esporte e jogou simplesmente todas as Copas do Mundo até hoje – exceto a de 2019, pois foi excluída por uso de atleta irregular, após ter se classificado. É um adversário que deveria gerar interesse, mas sou cético se a comunidade do rugby vai valorizar a presença dos romenos por aqui. O estádio e o horário acabam sendo os fatores mais importantes.

 

Espírito do Rugby = trabalho coletivo. O exemplo precisa vir de cima

É constante dentro do rugby a reclamação de um distanciamento entre o mundo do rugby de clubes e os Tupis. O mesmo problema é vivido na Argentina entre Jaguares e o rugby de clubes do país, com os públicos do Super Rugby tendo ficado abaixo do potencial de Buenos Aires.

Se o sábado a tarde é o dia clássico do rugby de clubes, quando muita gente calça as chuteiras e vai jogar a ovalada, não parece óbvio querer juntar isso com o evento profissional? Se te gente jogando, tem amigos e família assistindo também.

Juntar aos eventos da CBRu o rugby de clubes deveria ser uma prática constante – e que raramente ocorre. A final do Paulista Série A e Brasil x Romênia deveriam ser um evento só! Isso não seria simples, demandaria negociações, uma vez que garantir dois jogos no mesmo estádio depende do proprietário do estádio concordar com tal uso do gramado. Se houver duas emissores envolvidas – TV NSports, do Paulista, e ESPN, para os Tupis – é preciso acomodar ambas dentro do estádio. Trocar placas de publicidade não são real problema se houver voluntariado e margem de tempo, assim como logística de vestiários. E venda de ingressos é mais que negociável, sobretudo porque o rugby de clubes não tem essa prática.

Para essas questões serem resolvidas, é preciso uma coisa: FPR e CBRu quererem fazer eventos juntas. E por que iriam querer? Ambas se beneficiariam com o acúmulo potencial de gente no mesmo estádio. E ofereceriam um exemplo positivo de espírito do rugby a ser seguido, em prol de um bem maior que é o rugby. Um evento robusto, ao invés de dois “miados”. Na minha cabecinha isso deveria bastar como argumentos definitivos de que é para ontem unir forças.

Mas a iniciativa tem que começar em algum lado e infelizmente não creio que vá ocorrer.

3 COMENTÁRIOS

  1. Já comentei anteriormente sobre este assunto, em uma abordagem diferente. O choque de calendários.
    Temos neste final de semana Brasil x Espanha, Semi- finais do Paulista ( Poli x Pasteur – SJC x Jacareí) . Não é a primeira vez, não é o primeiro ano em que isto acontece.

    Nivelamos as finais do Paulista por baixo. Sem que os 4 times possam contar com seus principais jogadores que estarão servindo a seleção.

    O público já pequeno fica disperso em 3 eventos diferentes. A tv tem a concorrência de jogos. O que certamente afeta a audiência e afeta também a percepção dos patrocinadores.

    A idéia da rodada dupla, é interessante, já aconteceu no ano passado no SPAC.

    Não existem (mesmo sem ser especialista) um grande problema de logística em relação aos patrocinadores. (Bastaria que a filmagem, se necessário, fosse realizada em lados opostos do campo)

    Mas seguimos com um inexplicável choque de datas.