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roncero adeu

Doze histórias para encerrar 2012. Confira a nossa retrospectiva do rugby internacional!

 

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Uruguai faz história no Rio de Janeiro

Vamos começar nossa retrospectiva com o início do ano, fevereiro. E com uma competição que agitou o rugby brasileiro: o Sul-Americano de Sevens. Enquanto muita expectativa era criada sobre o Brasil, que havia conseguido resultados expressivos em 2011 na categoria masculina, quem brilhou foi o time do Uruguai. Os Teros conseguiram o inédito feito de se sagrarem campeões sul-americanos de sevens pela primeira vez na história, impondo a primeira derrota dos Pumas em uma final continental. A grande decisão foi mais do que emocionante, com os uruguaios arrancando uma heróica vitória sobre os argentinos por 17 x 14 no fim da partida.

No feminino, o título foi mais uma vez brasileiro, e por isso o incluimos em nossa retrospectiva nacional (clique aqui).

 

Gales, do céu no Six Nations ao inferno nos amistosos

O País de Gales foi uma verdadeira montanha-russa ao longo do ano. Em fevereiro e março, embalados com a grande campanha na última Copa do Mundo, os galeses foram brilhantes no Seis Nações. A campanha do 25º título europeu começou com uma vitória no último minuto sobre a Irlanda em Dublin (23 x 21), sendo seguida por vitória sobre Escócia (27 x 13), Inglaterra (19 x 12 em pleno Twickenham, com try de Shane Williams aos 76′), Itália (24 x 3) e, finalmente, sobre a França (16 x 9), garantindo a taça seu 11º Grand Slam.

A temporada de sucessos de Gales cessou, e os Dragões passaram a viver um pesadelo a partir de junho, com três derrotas em três jogos frente aos Wallabies em solo australiano (incluindo os emocionantes 25 x 23 e 20 x 19). Em novembro, jogando em casa, a campanha galesa foi ainda mais desastrosa: derrota acachapante para os Pumas por 26 x 12, derrota embaraçante para Samoa por 26 x 19, derrota esperada para os All Blacks por 33 x 10 (com primeiro tempo de 23 x 0), e novo insucesso contra a Austrália, 14 x 12, no finzinho, custando sua queda para a indesejável nona posição no ranking mundial.

 

Hegemonia dos All Blacks no sevens

Pela décima vez na história a Nova Zelândia foi a campeã da Série Mundial de Sevens. O título da temporada foi árduo de ser conquistado. O início da campanha foi muito bom para os neozelandeses, que conquistaram os torneios de Porto Elizabeth e Wellington. Porém, Fiji cresceu e disputou cabeça a cabeça com os neozelandeses o título no fim. A conquista do torneio de Glasgow, na penúltima etapa, garantiu a taça do circuito.

 

Tri-Leinster! Irlandeses vencem mais uma Heineken Cup

A Copa Europeia de Rugby foi pela segunda vez consecutiva do Leinster. Os azuis de Dublin conquistaram o tricampeonato da Heineken Cup na temporada 2011-12. Desde a heróica virada na final de 2010-11, com um show de Jonny Sexton, os irlandeses eram tidos como os favoritos para mais um título. Após uma primeira fase tranquila e uma vitória contundente nas quartas-de-final sobre o Cardiff Blues, o Leinster chegou às semifinais para enfrentar o forte Clermont, tido como o time capaz de bater os dublinenses. E foi o que quase ocorreu. Jogando na França, Clermont e Leinster fizeram o melhor jogo de clubes do ano, e o Clermont esteve muito perto de uma vitória, perdendo um try feito com Fofana, que deixou a bola escapar de sua mão a poucos centímetros de enconstá-la com sucesso no in-goal. A vitória ficou com o Leinster por 19 x 15, classificando-se para uma final toda irlandesa diante do Ulster.

O Ulster foi a grande sensação da temporada, alcançando a final após eliminar o outro rival irlandês, o Munster, nas quartas-de-final, e a outra sensação da temporada, o escocês Edinburgh, que realizou a melhor campanha da história para um time da Escócia no torneio. O duelo entre o time da capital da Irlanda do Norte (o Ulster) e o time da capital da República da Irlanda (o Leinster) foi desigual, com o Leinster se impondo incontestavelmente, fazendo implacáveis 42 x 14.

Na Amlin Challenge Cup, a segunda copa europeia, o título ficou com os franceses do Biarritz, que bateram os também franceses do Toulon por 21 x 18.

 

África do Sul põe fim ao domínio neozelandês no M20

Após conquistar as quatro primeiras edições do Campeonato Mundial Júnior de forma invicta, a Nova Zelândia sucumbiu no principal torneio M20 do rugby mundial. A invencibilidade histórica dos Baby Blacks caiu ainda na primeira fase, com derrota por 9 x 6 para Gales. Enquanto isso, no Grupo C, os Pumitas argentinos faziam história terminando em primeiro lugar no grupo e alcançando as semifinais. Os neozelandeses passaram entre os quatro melhores da primeira fase e deram o troco sobre os galeses na semifinal. Na outra partida, a África do Sul, país-sede, bateu a Argentina e chegou à tão esperada decisão. Com o estádio de Newlands, na Cidade do Cabo, lotado, os Baby Boks bateram os Baby Blacks por 22 x 16 e conquistaram o lugar mais alto no pódio do M20 pela primeira vez na história.

Na segunda divisão do M20, o Troféu Mundial Júnior, uma surpresa deu as caras: o título ficou com os Estados Unidos, que garantiram a inédita promoção à elite mundial.

 

Chiefs pela primeira vez no topo

A grande liga do Hemisfério Sul também contou com um campeão inédito: os Chiefs, da Nova Zelândia. A equipe das provínciais de Waikato e Bay of Plenty armou um elenco muito forte para a temporada, contando com atletas do nível de Sonny Bill Williams, Aaron Cruden, Liam Messam e Brodie Retallick. A equipe terminou a temporada regular com o segundo lugar, atrás apenas dos sul-africanos dos Stormers, de Bryan Habana. Porém, nas semifinais, os Stormers caíram em casa diante dos ascendente Sharks, por 26 x 19, em clássico sul-africano, enquanto os Chiefs venceram os poderosos Crusaders por 20 x 17. Na grande final, o pânico de finais dos Sharks voltou a dar as caras, e o time sul-africano, que jamais foi campeão do Super Rugby, terminou com seu quarto vice-campeonato na história. Os Chiefs venceram com estilo, fazendo 37 x 6. O try de Sonny Bill Williams encerrou a conquista do inédito título para os Chiefs.

 

Pumas debutam, mas All Blacks faturam o inaugural The Rugby Championship

O ano de 2012 foi um marco histórico para o rugby XV mundial com a entrada dos Pumas no grande campeonato do Hemisfério Sul, o rebatizado The Rugby Championhip (ex-Tri Nations). O debut argentino se deu no dia 18 de agosto, contra a África do Sul, na Cidade do Cabo, com vitória dos Springboks por 27 x 6. No final de semana seguinte, a Argentina fez sua primeira partida em casa, em Mendoza, novamente contra os Boks, e conseguiu seu melhor resultado do ano: o histórico empate por 16 x 16. Enquanto isso, a Nova Zelândia dava sérias mostras de que o título seria seu, com duas indiscutíveis vitórias sobre a Austrália.

No dia 8 de setembro, os Pumas visitaram os All Blacks e fizeram uma partida memorável, apesar da derrota por 21 x 5. No dia 15, a Argentina deixou escapar a vitória fora de casa sobre a Austrália, perdendo por 23 x 19 no fim. No mesmo dia, os All Blacks batiam os Springboks e colocavam uma mão na taça.

Em 29 de setembro, os Pumas enfim recebiam os All Blacks, no jogo mais esperado por todos os sul-americanos. Apesar da bravura inicial dos argentinos, os neozelandeses se impuseram, fizeram 54 x 15, e garantiram o título do Rugby Championship indiscutivelmente.

Por fim, a última rodada reservou o duelo entre Wallabies e Pumas em Rosário. A expectativa da vitória argentina não se confirmou, e os australianos venceram por 25 x 19.

 

Fim do sonho de recorde

Invictos desde a 2011, passando toda a Copa do Mundo sem derrotas, a Nova Zelândia perseguia seu próprio recorde de vitórias consecutivas e de jogos invictos. No anos 60, os All Blacks conseguiram nada menos que 17 vitória consecutivas, o recorde mundial entre as grandes seleções. Somando todos os times do mundo, o recorde é da Lituânia, com 18 vitórias seguidas. Com o título do Rugby Championship, os neozelandeses completaram 16 vitórias seguidas. Mas, o recorde não foi igualado. No dia 20 de outubro, All Blacks e Wallabies se enfrentaram em Brisbane pela terceira partida da Bledisloe Cup. O título já era neozelandês, e os Wallabies entraram em campo com o intuito de impedir o recorde do oponente. E foram felizes, arrancando um empate por 18 x 18.

Ainda invictos, os All Blacks foram à Europa em busca do recorde mundial de invencibilidade, nas mãos da outra equipe da Nova Zelândia campeã mundial. Entre 1987 e 1990, os All Blacks permaneceram 23 partidas sem derrotas. Os neozelandeses bateram escoceses, italianos e galeses, chegando na última partida do ano com 20 jogos de invencibilidade. E no desafio final do ano, veio a derrota. Uma vitória acachapante da Inglaterra por 38 x 21 e uma das melhores partidas do ano.

 

Inglesas mandam no feminino

O grande momento do XV feminino em 2012 foi a série de três partidas entre Inglaterra e Nova Zelândia, as duas melhores seleções do mundo, em solo inglês. A Inglaterra, vice-campeã mundial em 2010, se afirmou como a melhor equipe do mundo no momento vencendo todos os três confrontos. Até então, em dezesseis jogos entre as duas seleções, as inglesas haviam vencido somente quatro, e as três vitórias seguidas foram um marco para a equipe.

 

Despedidas e homenagens

O ano foi marcado também por despedidas de grandes craques. A primeira veio no primeiro semestre: Shane Williams, o mágico ponta galês de 35 anos, melhor do mundo em 2008, se despediu do rugby galês em alta. O jogador fez suas últimas partidas pelos Ospreys no RaboDirect Pro12, e se despediu com a conquista do título da competição em final contra o Leinster. Shane Williams anotou nada menos que dois tries na decisão, incluindo um memorável try aos 78′, que virou o placar a favor dos Ospreys e garantiu o quarto título da Liga Celta para o time de Swansea, agora o maior campeão da história da competição.

Shane Williams já havia feito a sua despedida da seleção galesa em 2008, mas ainda realizou uma última partida internacional atuando pelos Barbarians justamente diante de Gales, em junho, em partida que terminou com vitória galesa por 30 x 21. Entretanto, o ponta não se despediu por completo do rugby, transferindo-se para o Mitsubishi Dynaboars, da segunda divisão do Japão.

Despedida parcial também fez Willy Servat, hooker da França, que se aposentou dos Bleus, mas segue atuando por seu clube, o Toulouse.

Perda definitiva veio da Argentina. O ídolo Rodrigo Roncero, pilar dos Pumas, se despediu de vez do rugby atuando pela seleção argentina no Rugby Championship. Roncero, aos 35 anos, entrou em campo pela última vez diante do Wallabies, em Rosário.

De um lado tristeza pelas despedidas, de outro alegria pela homenagem. Na escolha do prêmio de melhor jogador do ano, o vencedor foi Dan Carter, o maior pontuador da história do rugby mundial. O abertura, que já havia sido escolhido o melhor do mundo em 2005, venceu pela segunda vez o prêmio do IRB.

 

Nasce a Série Mundial de Sevens Feminina

Um grande passo foi dado em prol do sevens feminino. O IRB lançou oficialmente no segundo semestre a nova Série Mundial de Sevens Feminina, o primeiro circuito oficial de sevens feminino se seleções da história. O torneio de abertura foi realizado em Dubai, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro, contando com a participação do Brasil. O título da primeira etapa ficou com a Nova Zelândia. Serão mais três torneios no primeiro semestre de 2013 encerrando a temporada 2012-13.

 

Contagem regressiva para 2015

Podem ainda faltar mais de dois anos e meio para a Copa do Mundo de 2015, mas os grupos para o Mundial foram conhecidos em dezembro de 2012, com o sorteio realizado em Londres. Inglaterra, país-sede, e Gales, que também receberá jogos em 2015, foram os grandes perdedores no sorteio. Os ingleses terminaram o ano em quinto lugar no ranking mundial e, com isso, perderam a condição de cabeças-de-chave. Gales, por sua vez, foi ultrapassado por Samoa e Argentina no ranking mundial na última rodada de amistosos e foi relegado ao amargo “pote 3” do sorteio. Os ventos conspiraram contra os dois britânicos, que caíram no chamado “grupo da morte” do Mundial.

Grupo A: Austrália, Inglaterra, País de Gales, Oceania 1 e Repescagem

Grupo B: África do Sul, Samoa, Escócia, Ásia 1 e Américas 2

Grupo C: Nova Zelândia, Argentina, Tonga, Europa 1 e África 1

Grupo D: França, Irlanda, Itália, Américas 1 e Europa 2