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ARTIGO ATUALIZADO – Às vésperas do campeonato mais importante do Rugby Sevens mundial, uma série de notícias da imprensa sobre a CBRu caíram de forma não muito positiva. A mais crítica veio da Época, que sugeriu um grau preocupante de endividamento das Confederações Brasileiras de quase todos os esportes olímpicos, com a CBRu inclusa (9º maior endividamento bruto, e 4ª maior dívida relativa ao tamanho patrimônio) e prevendo um cenário sombrio para o esporte olímpico nacional pós-Rio 2016, o que de certa forma não é nenhuma novidade, com diversos cortes em programas sociais já anunciados ou em curso pelo governo federal, o grande financiador do esporte no país, e as empresas cortando custos em função da crise que o país atravessa, provavelmente focando onde o retorno é certo, em esportes como o futebol (que detém 57% de toda verba destinada ao esporte olímpico), vôlei e lutas nos próximos anos. Um knock-on olímpico nacional que, pelo que sugere a publicação, merece atenção redobrada nos próximos meses.
Manifestação da CBRu
A CBRu logo se manifestou acerca da publicação, solicitando errata. O comunicado oficial da entidade segue abaixo:
No dia 25/07, foi publicada a matéria “Mau sinal olímpico – a dívida das confederações cresceu mais do que a receita em 2015″ pela Revista Época, com informações equivocadas sobre a situação financeira da Confederação Brasileira de Rugby. Ao contrário do publicado, a CBRu não possui passivos financeiros.
Esclarecemos a importância da distinção dos valores dos passivos de fornecedores, da operação que não gera juros e que faz parte do dia a dia operacional da entidade (capital de giro), de passivos financeiros contratados junto a instituições financeiras que deveria ter sido levada em conta na análise do balanço.
O valor o qual se refere a matéria, R$ 1.233.000,00 (e não R$ 1.326.000,00, conforme publicado), não é passivo financeiro. Este valor se divide em obrigações trabalhistas e tributárias (salários de janeiro, contabilizados em dezembro), e pagamentos a fornecedores (que já prestaram seus serviços, com seus pagamentos devidos entre janeiro e março). Ou seja, trata-se do capital de giro da Confederação, que não gera custos de juros.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é o nível de dívida apontado em 119% no artigo. Esclarecemos que o cálculo executado não se aplica a entidades sem fins lucrativos, em especial as esportivas. O valor considerado como passivo para realização da análise pelo veículo, leva em conta verbas públicas oriundas de leis de incentivo ao esporte ou por transferência direta do Governo Federal à Confederação por meio de parcerias firmadas com o Ministério do Esporte. O montante, embora repassado em parcelas únicas em contas específicas, segue um cronograma de execução previamente aprovado pelo Ministério Esporte e normalmente o repasse ocorre no ano anterior à execução do objeto, por isso no balanço é contabilizado como um Passivo Líquido. Esclarecemos ainda que esse montante não onera financeiramente a CBRu.
A CBRu preza por sua boa gestão, sempre transparente, que é referência entre as modalidades olímpicas, e reitera, portanto, que não tem nenhuma dívida vigente em razão de empréstimos.
A CBRu está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais. As demonstrações financeiras da CBRu são abertas ao público e podem ser acessadas na íntegra aqui. ”
No mesmo dia, o presidente do conselho da CBRu, Eduardo Mufarej, abordou a questão da transparência e da governança necessárias às entidades esportivas, em coluna no Meio & Mensagem. Clique aqui para acessar.
As declarações de Chris Neill
Mas o knock-on de efeito mais imediato, pensando em Jogos Olímpicos, foi outro. Em entrevista ao Lance!, o treinador da seleção feminina, o neozelandês Chris Neill, teria apontado deficiências nos campeonatos internos e nas categorias de base (este pontos ainda mais críticos quando se olha para o Rugby feminino), a falta de público e de como a visão atual da entidade deve impactar seu futuro no longo prazo. Pontos que já tratamos aqui no próprio Portal do Rugby de forma crítica.
A três dias da estreia da seleção, a publicação sugere uma completa falta de timing do comandante da seleção mais forte do rugby nacional, pois trata-se de um discurso negativo que pode desestabilizar a seleção na véspera de seu maior desafio.
Resposta de Chris Neill
Nesta quinta-feira, o treinador do Brasil enviou uma resposta, sugerindo erros na reportagem:
“Fiquei desapontado com o artigo do Lance!. Quando disse que “é hora de partir”, referi-me ao fato de estar três anos longe de minha família. Quando perguntado se o rugby crescerá após os Jogos Olímpicos, disse que haveria um grande influxo no esporte sim, que o apoio que os clubes precisam poderia diminuir, mas que treinadores, managers e competições vão ficar e este é um novo esporte que os brasileiros vão se apaixonar.
O repórter perguntou se a CBRu não seria capaz de auxiliar nesse crescimento e afirmei que não é muito difícil entender que com a economia do jeito que está e com os gastos de ter recebido a Olimpíada o governo vai provavelmente agora olhar para outras áreas prioritárias que não o esporte, então provavelmente patrocínios e verbas serão mais difíceis de se conseguir após os Jogos Olímpicos.
Também mencionei que haverá cinco academias de alto rendimento para homens e mulheres, portanto esse será o futuro do rugby brasileiro”.
Knock-on!
NOTA: Diante dos novos pronunciamentos, este artigo, que havia sido publicado ontem com outro teor, foi modificado.
O timming não é o ideal para as meninas, mas tb já é sabido que elas não curtem o treinador como pessoa, (entrevistei o Neill, ele é pragmático, assim como o modelo de jogo que definiu para o Brasil) não acho que suas opiniões nesse quesito influenciarão de forma significativa na performance da equipe.
Até porque essa deve ser mais ou menos a forma que as jogadoras entendem como será o futuro próximo, vivem o dioturnamente pnsando em rugby, incluindo o próprio futuro dentro do esporte.
As meninas já conhecem bem o treinador, eles não se gostam, mas se respeitam. E isso que importa.
Agora, para o rugby feminino o timming foi perfeito. Botar o dedo na ferida com todos os holofotes da mídia olimpica é o melhor remédio para a falta de vontade com o rugby praticado pelas mulheres no Brasil.
Esportes femininos em geral não dão mídia, mas não é papel da federação acompanhar a maré, ainda mais tendo na mão os resultados e as possibilidades de sucesso internacional em prazo infinitamente menor que o masculino.
Desde 2009, quando o rugby foi incluido nos Jogos Olimpicos, a oportunidade para rugby seven tornar-se uma modalidade rentável se materializou pelo mundo, nós infelizmente só pensamos nos J.O. Aí pergunto: Como em 7 anos de preparação, grana e mídia favorável, não foi ossível fomentar mais equipes, campeonatos e ter consolidado um circuito nacional de sevens feminino?
Na minha modesta opinião, não basta ter uma Confederação monetariamente forte, se os clubes estão desaparecendo por falta de recursos financeiros e material humano. A CBRU tem que rever seus conceitos e investir nos clubes, pois são eles que irão trazer a base para que o esporte desenvolva. Não adianta fazer seleções permanentes, pois estarão estagnadas em poucos anos. Os clubes sim serão o futuro do esporte e da forma como estão hoje, o futuro é preocupante!
Muito pouco tem sido feito pelos clubes, ou pelas catedorias de base, pelo contrario, a CBRU transfere suas responsabilidades aos clubes impondos severas punições, com impossibitar a disputa de determinados torneior (ex super8 principal torneio nacional de XV). Ao meu ver, investir nos top 100 e contratar gringos-brasileiros é tapar o sol com a peneira e tatar mascarar a nossa realidade.. trabalho a longo prazo é TRABALHO DE BASE! Se realmente querem desenvovler o rugby nacional, ha de ser feito o trabalho de formiguinha, arduo, constante e de longo prazo, por traz das cameras e holofotes.
Se a CBRU é assim tao transparente, publique suas contas.. mostre os salarios volumosos e sisparidade de investimentos nas categorias..
A categoria feminina é nossa categoria de melhor representação, estao a um passo de conseguir uma vaga permanente no proximo circuito mundial, toda via não é a que mais recebe invetimentos.. pelo contrario.. tem inclusive verba recebida diretamente a IR desviada para tapar os buracos causados pelas contratações dos “mega gringos”.
A CBRU enche a boca pra falar que o nosso nível esta maior.. Porem, se verificarmos nosso Rank IR de dez anos ate atual, perceberemos que continuamos no mesmo patamar.
Vou reescrever um comentário que fiz sobre este asunto: Esse tal de Chis é um covarde e um aproveitador, mas o pior é que esse tipo é comum, e iremos escutar em breve coisa semelhante de gente semelhante em função semelhante. MUITA FORÇA PARA AS NOSSAS QUERIDAS MENINAS, que são nosso orgulho e merecem muito mais do que estes caras tem para dar. Estamos todos juntos com os nossos bravos guerreiros e guerreiras, esses sim nos representam.
Que sirva de motivação pra elas mostrarem dentro de campo quem resolve! Ali são 7 contra 7 e só isso q importa!
E que knock-on. Mas, espero que nossas Yaras aproveitem esse knock-on e façam um belo try.
O novo artigo mostra com clareza a questão financeira, particularmente acredito firmemente na competência administrativa e financeira da CBRU, mas o Chis parece realmente ter um problema de timing, e depois de tanto tempo no Brasil poderia ter se esforçado um pouco para aprender a nossa língua e não ter que dar desculpas em inglês.