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O site português Mão de Mestre publicou um interessante artigo acerca do debate atual em Portugal sobre o futuro do rugby no país. Reproduzimos aqui o artigo gentilmente cedido por Manuel Cabral, pois ele revela a densidade e amplitude do debate nacional que ocorre do outro lado do Atlântico.

 

Publicamos hoje a segunda parte do relatório elaborado por Luís Filipe Lança de Morais, Pedro Fragoso Mendes e João Miguel Diniz, sobre os debates que foram realizados sobre o futuro do rugby nacional, no passado mês de Outubro.

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Hoje publicamos as 53 conclusões tiradas sobre os temas debatidos, e que poderão servir como base orientadora das candidaturas às eleições para os Orgãos Sociais da FPR que se desenrolarão brevemente.

CONCLUSÕES DOS DEBATES

Tema 1A FPR. Os Estatutos, Estrutura e Regulamentos. O Regime Jurídico das Federações Desportivas. Representatividade externa da FPR. A situação financeira da FPR. Patrocínios. Marketing e Comunicação. A envolvência dos clubes na gestão das competições nas suas várias vertentes.

1. Os Estatutos da FPR deverão merecer uma revisão ampla e profunda, não só na sua sistematização, mas principalmente, entre outros assuntos, na regulamentação da representatividade dos agentes desportivos na Assembleia Geral da FPR.
2. A FPR em conjunto com outras de federações desportivas deverá junto da Secretaria de Estado do Desporto sugerir a reformulação do Regime Jurídico das Federações Desportivas, no sentido de as autonomizar relativamente ao futebol.
3. Realização das Assembleias Gerais descentralizadas, a terem lugar em várias cidades do País, e consagração do sistema de vídeo.
4. Implementação do voto electrónico nas Assembleias Gerais da FPR
5. Reformulação do organograma da FPR, contemplando uma estrutura que terá como funções a definição de politica e objectivos estratégicos e outra direcionada á parte executiva, com vista a uma gestão eficiente, competente e funcional.
6. Os Regulamentos da FPR deverão ser revistos no sentido da sua simplicidade e transparência, nomeadamente, o de Disciplina que, sempre com garantia dos direitos de defesa, deverá prever uma maior celeridade nas decisões.
7. Revisão dos Regulamentos de Transferências e de Clubes Satélites.
8. A FPR deverá fazer-se representar na World Rugby e na Rugby Europe e nas várias comissões destes organismos de forma activa e participativa.
9. Cometer a entidades autónomas a auditoria das contas da FPR para conhecimento integral da situação financeira.
10. Criação de Departamentos autónomos e profissionais na FPR direcionados ao Marketing e Comunicação, bem como angariação de patrocínios, com a contratualização, mediante concurso público, de empresas privadas em regime de prestação de serviços.
11. A realização de jogos da seleção nacional em França, como medida de expansão do jogo, captação de novos jogadores luso descendentes e de reconhecimento aos portugueses ali residentes, isto para além das vantagens financeiras que daí podem advir.
12. Associação de sponsors/marcas empresariais ao nome das diversas competições nacionais, como medida extraordinária de receitas.
13. Equacionamento da venda da sede da FPR (fração autónoma no prédio sito na R.Julieta Ferrão- Lisboa) e deslocação das instalações federativas para o CAR, numa perspectiva de redução do passivo e simultaneamente no investimento nas seleções nacionais, que são o maior veiculo de promoção do jogo e captação de patrocínios.
14. Parcerias a estabelecer com televisões e órgãos de comunicação social e outros meios de comunicação, e a possibilidade da criação da Rugby TV.
15. Participação dos clubes na gestão das competições em que estão envolvidos, nomeadamente através de comissões a instituir no âmbito da FPR, com competências próprias para marcação, calendarização de jogos e arbitragem.
16. O Presidente e Direção logo que eleitos deverão junto da World Rugby apresentar o novo projeto da FPR e solicitar/negociar um financiamento a curto prazo, para assegurar a sustentabilidade do projecto desportivo do Rugby em Portugal. A mesma ação deverá ser feita junto ao Presidente do IPDJ.

Tema 2 – A autonomização dos Sevens, enquanto modalidade olímpica, face ao XV. Aposta de Portugal nos Sevens. Formação de jogadores e técnicos. Implementação de torneios e circuitos nacionais e participação de equipas portuguesas nos diversos circuitos mundiais e europeus.

17. A primeira prioridade da FPR, num ciclo de 10 anos, deverá ser os Sevens e a sua autonomização face ao XV.
18. Enquanto modalidade olímpica os Sevens deverão merecer por parte da FPR um tratamento e consagração especial e, sem colocar em causa o XV, recolher as principais atenções.
19. Formação de jogadores apenas afectos aos sevens e sua profissionalização.
20. Medidas para implementação e viabilização de competições de sevens em todos os escalões etários. Criação de circuitos nacionais e internacionais. Participação de equipas portuguesas nos vários torneios internacionais. Manutenção do Algarve Sevens e regresso do Lisboa Sevens como referências internacionais do rugby em Portugal.
21. Participação nos Circuitos Europeu, regresso às World Series e participação nos Torneios Olímpicos e Campeonatos do Mundo, como objectivos principais.
22. Possibilidade de criação de uma “pool” de jogadores de sevens, à semelhança do que se passa noutras modalidades, por ex. nos EUA, para formação de equipas a participarem nas competições nacionais, sem necessidade da obrigatoriedade da presença dos clubes nessas competições.

Tema 3A implementação do rugby de alto rendimento, sua regulamentação e objectivos. A criação de três níveis de rugby : 1. Seleções Nacionais; 2. Franquias e Seleções Regionais; 3. Rugby de clube. Modelos competitivos, sua reformulação e enquadramento, tanto a nível nacional como local, quer no âmbito do alto rendimento quer no rugby social. Implementação de novas
competições para além dos campeonatos nacionais. Criação de franquias com vista à participação em competições internacionais e o regresso de seleções regionais. As competições ibéricas nos escalões sub 18 a sénior.

23. Necessidade de se reconhecer a existência de diversos níveis de rugby, nomeadamente preparar a coexistência do rugby a dois andamentos: O rugby de competição de alto rendimento e o rugby social.
24. Consagração e implementação no rugby de competição de alto rendimento em três níveis. (1) Seleções nacionais; (2) Franquias e Seleções Regionais (3) Rugby de Clube. Definição, independência e regulamentação de cada um dos níveis e sua articulação.
25. Profissionalização dos jogadores de rugby de alto rendimento, mediante contratos a celebrar entre jogadores e FPR.
26. Colocação de jogadores portugueses em clubes estrangeiros assegurando-se a atribuição de subsídios federativos para tal fim e articulação com polos universitários e/ou empresariais.
27. Manutenção dos Campeonatos Nacionais nos moldes actuais – 1ª, 2ª e 3ª Divisão com 8 equipas cada.
28. Reformulação das competições dos escalões de Sub 16 e Sub 18, garantindo um maior equilíbrio competitivo, sendo pela sua relevância se anexa a proposta apresentada pelo CR Évora para análise e ponderação.
29. Equacionar o interesse de se manter a Taça de Portugal., ou em alternativa reorganizar a sua forma de disputa – através de grupos na sua fase inicial -, ou a possibilidade de ser participada por seleções regionais.
30. Implementação de novas competições em todos os escalões etários com a criação de torneios regionais autónomos e com nome e patrocinadores próprios, em todo o país, que serão jogadas nos períodos dos jogos das seleções nacionais e regionais/franquias.
31. Tais competições, a disputar anualmente, serão participadas por equipas, agrupadas por critérios geográficos, e serão jogadas em poule por todos os escalões, desde sub 16 a sénior, dos clubes envolvidos, em jornadas com 4 jogos disputados pelos mesmos clubes. Cada escalão terá a sua classificação própria, sendo que o conjunto das classificações permitirá estabelecer o vencedor da competição global. Poderá haver competições no Norte, Centro, Lisboa e Alentejo/Sul..
32. As seleções regionais serão constituídas com recurso a jogadores de cada uma das competições regionais, que, apara além de eventuais participações internacionais, disputarão entre si um torneio anual, que poderá eventualmente ser a Taça de Portugal.
33. Participação de clubes e franquias em competições ibéricas e europeias. Medidas a tomar para organização de uma competição ibérica participada por equipas de clube portugueses e espanhóis.
34. Organização de competições regionais ibéricas.
35. Criação de Franquias para participação portuguesa nas competições europeias.
36. Revisão dos escalões etários com a introdução dos Sub 17 e Sub 19
37. A estrutura federativa responsável pelas competições, nacionais e regionais, deverá ter obrigatoriamente representantes dos clubes participantes em cada uma delas, tendo em vista a sua autonomia.

Tema 4 – As Seleções Nacionais de XV e VII. Sua autonomia relativamente ao rugby de clube. As Academias nacionais e regionais sua interligação e coordenação. O Director Técnico Nacional. A
formação de jogadores e acompanhamento quer em Portugal quer no estrangeiro, mediante parcerias a estabelecer entre FPR e Clubes com equipas estrangeiras mediante bolsas a atribuir pela FPR. Treinadores e árbitros. Seu recrutamento e formação.

38. Autonomização das seleções nacionais de XV e VII, em todos os escalões, face aos clubes.
39. A profissionalização dos jogadores mediante contratos a celebrar com a FPR. Os jogadores por via de tais contratos apenas serão cedidos aos clubes nos termos e condições a definir, prevalecendo o primado da representação nacional.
40. A implementação das Academias Nacionais e Regionais, tanto de VII como de XV, que serão supervisionadas pelo Diretor Técnico Nacional.
41. Traçar como objectivos das seleções nacionais, no ciclo de 10 anos, a participação no Campeonato do Mundo de 2023 e 2027, na Rugby Europe Championship, no World Trophy, nos torneios europeus de sub 18 e 19, nos Campeonatos do Mundo de Sevens, nos torneios Olímpicos de sevens e nos circuitos europeus e mundiais.
42. Envolvimento da FPR na organização de competições internacionais sob a égide da World Rugby e/ou da Rugby Europe, nomeadamente nos escalões de sub 17 a sub 20.
43. Colocação de jogadores portugueses em clubes/academias no estrangeiro comparticipando a FPR nos seus custos.
44. Regulamentação da utilização dos jogadores portugueses residentes no estrangeiro e dos lusos descendentes.
45. Contratação de Directores Técnicos Nacionais para a área dos Sevens e para o XV, que terão como função primeira traçar o plano de desenvolvimento técnico do rugby em Portugal e implementação de um modelo jogo comum a todos os clubes/escolas, isto para além da formação e coordenação de técnicos, supervisão das academias e das equipas técnicas de cada seleção.
46. Revisão dos métodos da sua formação e classificação dos treinadores.
47. Comprometer os clubes na indicação de novos árbitros. Formação e supervisão. Profissionalização dos árbitros. Enquadramento da arbitragem nas estruturas federativas e sua participação na gestão das competições em parceria com os clubes.

Tema 5Rugby escolar. Sua regulamentação. O envolvimento dos clubes na sua implementação em coordenação com as Associações Regionais e com os Municípios.

48. Paralelamente com os Sevens deverá ser a aposta maior da FPR. nos próximos anos.
49. O rugby, para além de jogadores, de alto rendimento ou não, precisa de adeptos para se implementar e conquistar espaço no panorama desportivo de Portugal. Uma das medidas a reforçar será a de levar o Rugby às escolas. Para além de reforçar o que se tem feito, haverá a necessidade de envolver os clubes no rugby escolar.
50. De forma articulada com a FPR, Associações Regionais, Câmaras Municipais, Ministério da Educação e IPDJ, os clubes assegurarão a implementação e organização do rugby escolar, disponibilizando as suas instalações desportivas e técnicos para tal fim, actuando num conjunto de estabelecimentos de ensino, por eles indicado, iniciando os alunos na prática do jogo e aproveitando aqueles que já o jogam, organizando competições entre as várias escolas.
51. No âmbito de tal actividade os clubes receberão parte dos apoios financeiros contratualizados com o IPDJ.
52. Conjugação do rugby escolar com o rugby de formação de cada clube.
53. A envolvência das Autarquias Locais no desenvolvimento de rugby escolar e juvenil

Estas são as principais conclusões/recomendações alcançadas no decurso dos debates realizados, sendo certo que muito mais foi falado e discutido, sendo de enaltecer o envolvimento e o interesse que todos os participantes colocaram nas suas intervenções, evidenciando uma enorme disponibilidade dos agentes do rugby em discutir de forma séria e empenhada o jogo que a todos nos une.

Concluída esta missão a que nos propusemos, e na perspectiva de eleições para os órgãos sociais da FPR a terem lugar a curto prazo, é nossa convicção que aqueles que pretenderem assumir a gestão dos assuntos e desígnios do rugby português, com o presente documento, estarão mais habilitados e informados sobre o que pensa uma larga maioria dos clubes, jogadores, treinadores e árbitros acerca do futuro e dos caminhos a percorrer para o crescimento e sustentabilidade da nossa modalidade.