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Do Piauí e Mato Grosso ao Ceará. Nossa série “O rugby pelo Brasil” desembarca hoje no Ceará, onde uma nascente federação estadual busca fortalecer o bola oval onde ela já não é mais pequena. Com 3 clubes jogando rugby XV na capital Fortaleza e várias outras equipes se aventurando no sevens, o rugby cearense vai ganhando quantidade e também qualidade. Em 2016, o Asa Branca, na época NaFor, venceu o Nordeste Super XV, na maior conquista do XV cearense, enquanto as Leoas, equipe feminina do estado, deram um passo adiante em 2017 disputando uma etapa do Super Sevens – e elas não saíram em branco de São José.
Para falar do Ceará, conversamos com Eudson Marques, treinador das Leoas e diretor de desenvolvimento da Federação Cearense, e com Erlon “Jamaica” Ferreira, do Centuriões Rugby Clube, ex diretor de eventos da federação.
Número de clubes no CNRU: 9 – Asa Branca, Centuriões, Sertões, Associação Rugby Ceará (Tubarões e Leoas), Dona Maria, Aurora, Monólitos Quixadá, Cariri Indians e Araripe Soldiers;
Número de jogadores no CNRU: 285
Federação: Federação Cearense de Rugby
Campeonatos Estaduais: Campeonato Cearense de XV (parte do Nordeste Super XV) e Circuito Cearense de Sevens
Participações nos Nacionais: Super Sevens Feminino (Leoas)
Participações nos Regionais: Nordeste Super XV
Títulos fora do estado: 1 título do Nordeste de Rugby XV – Asa Branca (CE NaFor) 2016
Como você enxerga o rugby no estado nos últimos 5 anos?
Eudson: O rugby cearense cresceu bastante, porém ainda crescemos sem nos manter. Muitos times foram criados entre 2013-2015, o Ceará chegou a ter 7 equipes masculinas, categoria adulto, e 6 equipes femininas, categoria adulto. Entretanto, de 2016 até hoje, ao fim de 2017, temos 5 equipes masculinas, contando outra equipe que se desenvolveu em 2016, e apenas 2 equipes femininas, ambos na mesma categoria. Existem ainda duas equipes infantis, ainda com pouca expressão. Temos organizado campeonatos de rugby Sevens desde 2014 e de rugby XV desde 2015. Isso é basicamente o que acontece no rugby cearense.
Erlon: Nestes últimos 5 anos a melhor forma de exemplificar o que representa o rugby cearense é uma montanha russa, onde todos os clubes já passaram por períodos altos e baixos, levando consigo o esporte neste mesmo embalo.
A exatamente 5 anos iniciava-se o ciclo de maior participação em competições no ceará com Centuriões e Sertões participando com equipes próprias da Liga Nordeste de Rugby que era organizada pelos clubes do Nordeste e no mesmo ano o nascimento do Asa Branca Rugby Clube (até então a terceira equipe do estado).
Em 2013 fizemos a primeira tentativa de uma competição estadual o “Desafio Cearense de Rugby”, onde houveram 2 jogos femininos de 7s, 1 jogo masculino de XV e 2 jogos masculinos de 7’s em sequencia e foi uma boa perspectiva de que poderíamos fazer nosso estadual, já que para o final deste mesmo ano nascera o Tubarões Rugby.
Em 2014 foi a “explosão” de Rugby no estado, onde aparecerem equipes em Aurora, Juazeiro do Norte e pequenos projetos em cidades do interior do Ceará, Sendo possível realizar o primeiro campeonato cearense de 7s (ainda sem a participação do Aurora).
Em 2015 a etapa Fortaleza que é até agora o evento cearense com a maior participação de equipes, totalizando 10 equipes na competição (5 masculinas e 5 femininas), e a primeira edição do campeonato cearense de XV com a participação das 4 equipes da capital (Centuriões, Sertões, Asa Branca, Tubarões)
Desde então equipes nasceram e morreram, não sendo possível repetir tampouco ampliar este feito, chegando ao ponto de em 2016 termos 3 equipes participando do cearense de XV, termos um campeonato cearense de 7s femininos com 4 equipes na primeira etapa e 3 na segunda etapa.
Em 2017 foi ligado um sinal de alerta de queda livre no rugby cearense, com 3 equipes participando do estadual de XV, que acabou sendo reduzido de 2 rodadas para 1 e com a não realização do circuito feminino de rugby 7s
Com este cenário aparece a necessidade de fazer o rugby cearense voltar a crescer e nasce uma iniciativa chamada “União Cearense de Rugby” que estão dando seus primeiros passos e dando sinais de uma nova ascensão do rugby no Ceará.
Quais vem sendo as maiores dificuldades na região?
Eudson: Além da constante falta de apoiadores financeiros, de material humano encarregado de desenvolver bem o rugby no esporte, ainda esbarramos no amadorismo e na cultura futebolizada do cearense, que chega aos clubes para treinar e não absorve/pratica os princípios fundamentais do rugby, diversos casos de indisciplina, que existem no nordeste em geral, não são todos, mas existem os poucos que ainda possuem esse comportamento e esse pensamento.
Erlon: Hoje nossa principal dificuldade é gestão, de uma forma ou de outra as coisas acabam indo pra gestão. Seja no gerenciamento de pessoas pra manter os atletas nas equipes, seja na organização interna individual para definir metas e fazer os clubes manterem um certo nível de organização ou até coisas muito simples como comunicação entre os clubes para se conseguir gerar organização de eventos e atividades.
De uma certa forma o tamanho territorial do ceará é uma barreira por si só (assim como é para a Bahia por exemplo), o que dificulta e encarece as viagens das equipes do estado para jogar com as equipes de todos os estados vizinhos e infelizmente até viagens dentro do estado se tornam cansativas por conta das condições da malha rodoviária de algumas regiões do estado.
Como está a situação de setores chave como rugby infantil e juvenil, arbitragem e evolução dos treinadores?
Eudson: Atualmente o rugby cearense possui uma federação que ainda tenta manter o rugby vivo organizando competições, porém sem expandir os esforços para outros âmbitos do rugby em geral. O rugby infantil e juvenil é muito pouco expressivo no estado, em Fortaleza temos duas equipes infantis, sendo uma delas mais ativa semanalmente enquanto a outra passa por uma pausa. Quanto a arbitragem, temos alguns árbitros com Nível 1 CBRu/World Rugby, porém ativos na atividade existe apenas eu e mais dois, que ainda se dividem com o lado atleta. Os treinadores se capacitam de maneira individual, estudando com materiais trazidos de diversas fontes e tentam buscar aplicar o básico do rugby.
Erlon: Engatinhando. Existem iniciativas de todos este setores sendo pensadas e planejadas, mas ainda falta mão na massa, falta gente que queira contribuir e coordenar atividades.
Hoje o Tubarões possui um projeto ativo (Simba), com crianças da comunidade ao redor do local de treino deles e se consagram hoje como o projeto a mais tempo em atividade no estado, mas não é suficiente, os outros clubes precisam tirar seus projetos do papel para que o próprio Simba possa de desenvolver e ter um objetivo mais claro.
Sobre arbitragem e treinadores, ambos sofreram com a queda livre que houve no rugby cearense nos 2 últimos anos. Com menos jogos e menos equipes se torna mais difícil de colocar as pessoas que demonstram interesse em arbitragem e coaching para aprender e praticar. Como colocar 12 pessoas pra apitar 5 jogos em um ano? Como colocar 15 pessoas pra treinar 5 equipes?
Quais os planos da região para 2018 e para o futuro?
Eudson: Para 2018, existem planos de desenvolver clínicas de coaching, de leis e de rugby infantil nas cidades do interior do estado. Organizar a 5ª edição do Cearense de Sevens e tentar planificar outras ações que busquem desenvolver o esporte de maneira séria e eficiente. Para o futuro, tentaremos buscar um nível maior de organização, incentivar a criação de competições infanto-juvenis, estimular novos árbitros e capacitar os treinadores, tentando objetivar a filiação à CBRu e estruturar de vez o rugby cearense.
Erlon: 2018 ainda é muito nebuloso, tendo em vista as incertezas do cenário do rugby no Nordeste (não sabemos como ficará o regional de XV ano que vem), mas isso não está nos impedindo de planejar e de pensar o que faremos em 2018.
Sertões, Centuriões e Tubarões aproveitaram que possuem ideias muito parecidas sobre como fazer as 3 equipes crescerem e se juntaram formando a União Cearense de Rugby, um projeto que visa promover treinos com maior quantidade de atletas e maior qualidade de treino, já que todos os treinadores das 3 equipes estarão juntos e compartilhando informação e experiência.
Já no interior do estado a expectativa é bem maior, já que o Monólitos Rugby (Quixadá) esta fazendo seu papel no desenvolvimento do rugby no Ceará colaborando com a criação e desenvolvimento de uma equipe em uma cidade próxima os Conselheiros Rugby em Quixeramobim.
Não tenho perspectiva sobre como ficará o rugby feminino em 2018, creio que este seja um ponto que tenhamos que nos juntar para possibilitar a volta das competições femininas no estado.
Campeonato Cearense de XV
Clube | Cidade | P | J | V | E | D | 4+ | -7 | PP | PC | SP |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Asa Branca | Fortaleza | 10 | 2 | 2 | 0 | 0 | 2 | 0 | 161 | 10 | 151 |
Sertões | Fortaleza | 5 | 2 | 1 | 0 | 1 | 1 | 0 | 50 | 92 | |
Tubarões | Fortaleza | 1 | 2 | 0 | 0 | 2 | 1 | 0 | 29 | 138 | -109 |
Dia | Hora | Local | Casa | vs | Adversário | ||
---|---|---|---|---|---|---|---|
18/03/2017 | Fortaleza | Asa | 95 | X | 03 | Tubarões | |
29/04/2017 | Paracuru | Sertões | 43 | X | 26 | Tubarões | |
20/05/2017 | Pacatuba | Sertões | 07 | X | 66 | Asa |
Campeonato Cearense 7s 2017- Classificação Geral
? Asa Branca
?Sertões
?Tubarões
4ª – Monólitos
5ª Centuriões
Foto: Stephan Eliert – Asa Branca x Orixás – Final do Nordeste de 2016, no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza
O rugby cearense ainda tem muito a evoluir e enfrentara grandes dificuldades como a grande extensão territorial,a falta de investimento e a própria disseminação do esporte já que o cearense e bastante ligado ao futebol e também a falta de conhecimento da nossa juventude em relação ao rugby pouca gente conhece o esporte é novo no estado e a muito pouco material humano interessado já que não temos uma tradição no esporte