Tempo de leitura: 6 minutos
Depois do Piauí, nossa série “O rugby pelo Brasil”, que está dando espaço aos estados de fora do Sul e Sudeste, desembarca hoje no Mato Grosso, que também vem ganhando destaque nacional com as participações do Melina no Super Sevens feminino! O estado, aliás, já montou seu circuito estadual de sevens e conta com uma jovem federação. Além disso, clubes como o Primavera e o Cuiabá também já desfrutam de grande destaque no cenário do XV do Centro-Oeste.
Para falar disso tudo conversamos com Alejandro Bermúdez, presidente do Primavera Rugby Clube e conselheiro da Federação de Rugby do Mato Grosso, e com Elizabeth Rieth, manager e atleta do Melina Rugby Clube.
Número de clubes no CNRU: 4 – Cuiabá, Melina, Primavera e UFMT
Número de jogadores no CNRU: 149
Federação: Federação de Rugby do Mato Grosso
Campeonatos Estaduais: Circuito Matogrossense de Sevens
Clubes fora do CNRU que jogaram estadual: Parecis, Nova Mutum, Rondonópolis e Araguaia
Participações nos Nacionais em 2017: Super Sevens Feminino (Melina)
Participações nos Regionais em 2017: Taça Pantanal (Primavera e Cuiabá), Copa Centro-Oeste (Primavera) e Pequi Sevens
Como você enxerga o rugby no estado nos últimos 5 anos?
Alejandro: O rugby cresceu. Temos dois times fortes na Capital (Cuiabá), um forte em Primavera, Mutum, Rondonópolis e Campo Novo dos Parecis e times iniciando (seven Masc) em Poxoréo, Barra do Garças, Sorriso, Sinop. Com Rugby infantil nesses municípios, com algumas prefeituras já promovendo festivais das categorias de base.
Elizabeth: Eu, particularmente, sequer sabia o que era Rugby há 5 anos atrás. Conheci o esporte há 3 anos, por duas vertentes distintas que se cruzaram. Vale dizer: estava em um Congresso Internacional de Direito Ambiental em Cuiabá e um dos palestrantes começou sua palestra de Direito Ambiental falando sobre o Haka e em 1h30 do tempo ele falou sobre Rugby por 1h e sobre o assunto propriamente dito em 30min. Concomitantemente, umas gringas com quem eu jogava capoeira Angola na UFMT, me convidaram para representar as mulheres e jogar futebol com os gringos, se eles me aceitassem, convidariam para jogar sempre, no primeiro sábado, joguei, fiz sucesso, recebi o convite para os próximos treinos e no próximo treino, quando cheguei havia um grupo de mulheres jogando algo estranho! Era Rugby! Parei para assistir, quis saber mais e me convidaram p/ treinar… nunca mais parei!
O Rugby cresce, se desenvolve muito mais do que os outros esportes por aqui (claro, partindo da premissa do total desconhecimento para a existência efetiva, graças a paixão de cada envolvido que se doa em prol do esporte). Em 3 anos muitos projetos estão sendo implantados e onde há uma oportunidade para evidenciar o Rugby, lá estamos nós. Muitos times novos, em diversas cidades, estão se formando e apesar da dificuldade geográfica, financeira e da cultura, conseguimos esse ano, realizar um campeonato estadual, com 4 etapas. Para 2018, muitos planos envolvem um crescimento ainda maior do Rugby na região. Esperamos a aprovação dos projetos, para trabalhar, na mesma trilha da CBRu, a meta de tornar o Rugby o segundo esporte coletivo mais praticado no Brasil. Vamos fazer nossa parte no Mato Grosso! Havia 3 times: Cuiabá, Primavera do Leste e Rondonópolis, todos fundados a partir do Cuiabá, com atletas que mudaram de cidade e em Primavera do Leste graças ao Alejandro, um Rugbier que segue seu plano de difundir o esporte, incansável! Aqui também temos o maior entusiasta do Rugby, que quer deixar um legado para o irmão, Michel, responsável por tornar reais muitos sonhos, a frente da gestão do Melina Rugby Clube e patrocinando muitos projetos pelo Brasil afora, especialmente relacionado ao Rugby feminino, que segundo ele, teve mais comprometimento. Atualmente o Rugby aparece com clubes formados e em formação, sendo 2 na capital (Cuiabá Rugby Clube e Melina Rugby Clube), Primavera do Leste, Campo Novo do Parecis, Nova Mutum, Barra do Garças, Rondonópolis, e mais alguns em inicial formação, nas cidades de Sorriso e Sinop.
Quais vem sendo as maiores dificuldades na região?
Alejandro: Os problemas vem sendo a divulgação e a necessidade de quebrar a hegemonia do futebol, basquete e handebol perante os professores de educação física. Uma coisa que atrapalha são as grandes distâncias entre as cidades , encarecendo muito a participação de torneios estaduais e regionais.
Para os atletas atuais dos times adultos, falta um estímulo maior para participar dos campeonatos estaduais e regionais, já que os mesmos não garantem vaga para os torneios nacionais.
Elizabeth: Deixando a hipocrisia de lado, a maior dificuldade, no final, é a financeira, como não está suficientemente difundido ainda, os patrocínios e apoio público são quase inexistentes, mas acredito que depende do nosso esforço de buscar as mídias, afinal: “quem não é visto, não é lembrado”. A geografia, logicamente, não nos favorece (apesar de estarmos no Centro Geodésico da América do Sul), no cenário atual que concentra os polos de Rugby no eixo sul e sudeste, mas eles começaram primeiro, vamos chegar lá, a intenção é tornar nossa região um polo também. Sonhamos e vamos realizar! Se conseguirmos, a médio prazo, implantar um “NAR” por aqui, a evolução do esporte de alto rendimento será fabulosa! O que não podemos é formar atletas e perdê-los para os mesmos times de sempre, precisamos nos estruturar por aqui, fortalecer a região e é isso que estamos fazendo. Vejo enorme potencial, mas ainda existe uma dificuldade até mesmo de trazer atletas para o rugby, pelo desconhecimento e ante a necessidade de seguir estudos e profissão, ainda não conseguimos apoiar ninguém a ponto de obter dedicação exclusiva ao esporte, mas a intenção também é atingir essa meta. Por isso, inserir o Rugby nas escolas é um dos pontos cruciais!
Como está a situação de setores chave como rugby infantil e juvenil, arbitragem e evolução dos treinadores?
Alejandro: Muito pouco desenvolvido ainda.
Elizabeth: Aqui tudo precisa funcionar ao mesmo tempo… antes só se preocupavam em jogar Rugby, agora cresce essa necessidade, estamos buscando os cursos, muitos já foram ministrados e repetidos. Para 2018, virão “olheiros” e orientadores da CBRu, das categorias de base da seleção infantil e juvenil, avaliar nossas bases, vamos fortes nesse propósito de prepará-los para receberem as palmas pelo trabalho aplicado! Muitos árbitros em formação e iniciando suas carreiras que vejo longevas e bem sucedidas. Treinadores ainda estamos buscando fora, mas iniciando as capacitações, há professores em cada região fazendo o que podem e se atualizando diuturnamente para treinar seus pupilos rugbiers, mas nem todos tem aquela capacitação “profissional” especializada no Rugby ainda. Aqui se ensina mais com o coração, se joga mais com a raça, porém perseguimos a técnica perfeita a todo custo! Aqui se formam famílias, aqui os rugbiers precisam se unir p/ ir mais longe! Apoio é o ponto primordial, estamos fazendo nossa parte, podem olhar prá gente com bons olhos e apoiar-nos também!
Quais os planos da região para 2018 e para o futuro?
Alejandro: É preciso investirmos nas categorias de base para termos um futuro.
Elizabeth: Como já mencionei, sonhamos alto e estamos buscando, passo a passo (na prática, percebendo que estamos com passos mais largos do que o esperado, diga-se de passagem). A intenção é tornar o Mato Grosso um polo, criar aqui, um centro de desenvolvimento do Rugby, fundar um NAR, nos estruturar em “casa” (aliás, já possuímos uma super estrutura se compararmos aos demais clubes do Brasil e até do mundo), queremos estar preparados para receber seleções e atletas de alto rendimento, desde as categorias de base. Queremos chegar aos campeonatos nacionais, como fortes competidores. Os projetos de Rugby nas escolas são pontos primordiais para 2018. Estamos capacitando os professores de Educação Física para o Rugby, de modo que possam inserir o Rugby na grade curricular de ensino. Par e passo, entendemos que para fomentar o esporte e voltar os olhos das crianças, adolescentes e atletas, para o rugby, precisamos estar bem no cenário nacional, então a meta é traçar planos paralelos de desenvolvimento, fazendo tudo crescer ao mesmo tempo e para tanto, nossa Federação precisa ser formalmente reconhecida pela CBRu, estamos trabalhando para cumprir todos os requisitos necessários (essa é a primeira meta a ser atingida, dela decorrem as demais). Estamos sentando para acertar se seguimos como federação ou nos unimos como região, fundando uma confederação.
Circuito Matogrossense de Sevens
Clube | Cidade | Pts Geral | Etapa 1 | Etapa 2 | Etapa 3 | Etapa 4 |
---|---|---|---|---|---|---|
Masculino | ||||||
Primavera | Primavera do Leste | 96 | 21 | 25 | 25 | 25 |
Cuiabá | Cuiabá | 88 | 25 | 21 | 21 | 21 |
Parecis | Campo Novo do Parecis | 64 | 10 | 18 | 18 | 18 |
Araguaia | Barra do Garças | 30 | 15 | 15 | ||
Melina | Cuiabá | 24 | 12 | 12 | ||
Cuiabá B | Cuiabá | 18 | 18 | |||
Nova Mutum | Nova Mutum | 15 | 15 | |||
Rondonópolis | Rondonópolis | 15 | 15 | |||
Parecis B | Campo Novo do Parecis | 12 | 12 | |||
Feminino | ||||||
Melina | Cuiabá | 100 | 25 | 25 | 25 | 25 |
Parecis | Campo Novo do Parecis | 81 | 18 | 21 | 21 | 21 |
Primavera | Primavera do Leste | 69 | 15 | 18 | 18 | 18 |
Cuiabá | Cuiabá | 51 | 21 | 15 | 15 | |
Queixadas | Primavera do Leste | 15 | 15 |
Foto: Melina
Thumbs up!