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ARTIGO COM VÍDEO – O Rugby League tem seus donos, mas também tem seus competidores. Pela 11ª vez na história – e pela 8ª vez em suas últimas 9 edições – o título da Copa do Mundo de Rugby League, o rugby de 13 jogadores, ficou nas mãos da Austrália, a potência hegemônica da modalidade. Porém, o título deste sábado não foi nada fácil. A Inglaterra, campeã pela última vez em 1972, deu o sangue para reaver o troféu e acabou caindo no detalhe no estádio de Lang Park, em Brisbane, quase produzindo um grande choque em solo australiano. 6 x 0 para os Kangaroos foi o placar final de um verdadeiro épico.
O placar (1 try a 0) revela apenas o quão duro foi o jogo fisicamente e como foi parelha e disputa, na qual, apesar do placar baixo, não faltou emoção. O primeiro tempo foi de domínio territorial australiano e o try não tardou, com Boyd Cordner, aos 16′, finalizando rápida troca de passes, iniciada com Cameron Smith mudando direção do ataque e com o espaço sendo criado por Michael Morgan.
O try parecia que inauguraria uma partida recheada de tries, mas não foi o que ocorreu. Os Lions fecharam a porta, seguraram os Kangaroos até o intervalo e no segundo tempo fizeram uma partida grandiosa, apresentando maior volume de jogo e pressionando a Austrália como podiam. Mas, o try do empate teimou em não sair. No fim, Jermaine McGillvary arrancou e a chance do try apareceu para Watkins, mas Josh Dugan efetuou o tackle da vitória australiana. 6 x 0 e um título que coroou provavelmente o fim da era dos imortais Billy Slater, Cooper Cronk e Cameron Smith com a camisa dos Kangaroos.
O australiano Valentine Holmes acabou o torneio como o maior artilheiro de tries, em um total de 12 tries.
Em 2021, a Inglaterra terá em casa a chance de quebrar o jejum, quando receberá o Mundial.
Match Highlights from @Kangaroos v @England_RL#AUSvENG#RLWC2017 pic.twitter.com/9MHRq6Qaoa
— RLWC2017 (@RLWC2017) 2 de dezembro de 2017
0600
Austrália 06 x 00 Inglaterra, em Brisbane
Austrália
Try: Cordner
Conversão: Smith (1)
1 Billy Slater, 2 Dane Gagai, 3 Will Chambers, 4 Josh Dugan, 5 Valentine Holmes, 6 Michael Morgan, 7 Cooper Cronk, 8 Aaron Woods, 9 Cameron Smith (c), 10 David Klemmer, 11 Boyd Cordner, 12 Matt Gillett, 13 Josh McGuire;
Interchanges: 14 Wade Graham, 15 Jordan McLean, 16 Reagan Campbell-Gillard, 17 Tyson Frizell;
Inglaterra
1 Gareth Widdop, 2 Jermaine McGillvary, 3 Kallum Watkins, 4 John Bateman, 5 Ryan Hall, 6 Kevin Brown, 7 Luke Gale, 8 Chris Hill, 9 James Roby, 10 James Graham, 11 Sam Burgess, 12 Elliott Whitehead, 13 Sean O’Loughlin (c);
Interchanges: 14 Alex Walmsley, 15 Thomas Burgess, 16 Ben Currie, 17 Chris Heighington;
Lista de campeões
Ano(s) | Sede(s) | Campeão | Vice campeão | Observações |
---|---|---|---|---|
1954 | França | Grã Bretanha | França | 4 países participantes, incluindo Austrália e Nova Zelândia |
1957 | Austrália | Austrália | Grã Bretanha | Mesmos 4 participantes |
1960 | Inglaterra | Grã Bretanha | Austrália | Mesmos 4 participantes |
1968 | Austrália e Nova Zelândia | Austrália | França | Mesmos 4 participantes |
1970 | Inglaterra | Austrália | Grã Bretanha | Mesmos 4 participantes |
1972 | França | Grã Bretanha | Austrália | Mesmos 4 participantes |
1975 | Jogos em todos os países | Austrália | Inglaterra | 5 participantes, com a Grã Bretanha dividida em Inglaterra e Gales |
1977 | Austrália e Nova Zelândia | Austrália | Grã Bretanha | 4 participantes, com a volta da Grã Bretanha |
1985-1988 | Jogos em todos os países | Austrália | Nova Zelândia | 5 seleções, com a Papua Nova Guiné estreando. Formato de todos contra todos, turno e returno, com jogos ao longo de 4 anos |
1989-1992 | Jogos em todos os países | Austrália | Grã Bretanha | Mesmo formato e equipes de 85-88 |
1995 | Inglaterra | Austrália | Inglaterra | 10 participantes, com a Grã Bretanha dividida em Inglaterra e Gales definitivamente. Estreias de Fiji, Samoa, Tonga e África do Sul |
2000 | Inglaterra, Gales, Escócia, Irlanda e França | Austrália | Nova Zelândia | 16 participantes. Estreias de Escócia, Irlanda, Ilhas Cook, Rússia e Líbano |
2008 | Austrália | Nova Zelândia | Austrália | 10 participantes. 1º título da Nova Zelândia |
2013 | Inglaterra e Gales | Austrália | Nova Zelândia | 14 participantes. Estreias da Itália e dos Estados Unidos |
2017 | Austrália, Nova Zelândia e Papua Nova Guiné | Austrália | Inglaterra | 14 participantes (mesmo formato de 2013). Novo ciclo de 4 anos instituído |
2021 | Inglaterra | - | - | 16 participantes. Estreias de Grécia e Jamaica |
Lista de campeões | Títulos | Vices | ||
Austrália | 11 | 3 | ||
Grã Bretanha | 3 | 6 | ||
Nova Zelândia | 1 | 3 | ||
França | 0 | 2 |
Resultados de 2017
Dia | Local | Time | Placar | X | Placar | Time | Grupo/Fase |
---|---|---|---|---|---|---|---|
27/10/2017 | Melbourne (Austrália) | AUSTRÁLIA | 18 | X | 04 | INGLATERRA | Grupo A |
28/10/2017 | Auckland (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 38 | X | 08 | SAMOA | Grupo B |
28/10/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 50 | X | 06 | GALES | Grupo C |
28/10/2017 | Townsville (Austrália) | FIJI | 58 | X | 12 | ESTADOS UNIDOS | Grupo D |
29/10/2017 | Cairns (Austrália) | IRLANDA | 36 | X | 12 | ITÁLIA | Grupo C/Grupo D |
29/10/2017 | Cairns (Austrália) | ESCÓCIA | 04 | X | 50 | TONGA | Grupo B |
29/10/2017 | Canberra (Austrália) | FRANÇA | 18 | X | 29 | LÍBANO | Grupo A |
03/11/2017 | Canberra (Austrália) | AUSTRÁLIA | 52 | X | 06 | FRANÇA | Grupo A |
04/11/2017 | Sydney (Austrália) | INGLATERRA | 29 | X | 10 | LÍBANO | Grupo A |
04/11/2017 | Christchurch (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 74 | X | 06 | ESCÓCIA | Grupo B |
04/11/2017 | Hamilton (Nova Zelândia) | SAMOA | 18 | X | 32 | TONGA | Grupo B |
05/11/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 14 | X | 06 | IRLANDA | Grupo C |
05/11/2017 | Townsville (Austrália) | ITÁLIA | 46 | X | 00 | ESTADOS UNIDOS | Grupo D |
05/11/2017 | Townsville (Austrália) | FIJI | 72 | X | 06 | GALES | Grupo C/Grupo D |
10/11/2017 | Canberra (Austrália) | FIJI | 38 | X | 10 | ITÁLIA | Grupo D |
11/11/2017 | Sydney (Austrália) | AUSTRÁLIA | 34 | X | 00 | LÍBANO | Grupo A |
11/11/2017 | Cairns (Austrália) | SAMOA | 14 | X | 14 | ESCÓCIA | Grupo B |
11/11/2017 | Hamilton (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 22 | X | 28 | TONGA | Grupo B |
12/11/2017 | Perth (Austrália) | GALES | 06 | X | 34 | IRLANDA | Grupo C |
12/11/2017 | Perth (Austrália) | INGLATERRA | 36 | X | 06 | FRANÇA | Grupo A |
12/11/2017 | Port Moresby (Papua Nova Guiné) | PAPUA NOVA GUINÉ | 64 | X | 00 | ESTADOS UNIDOS | Grupo C/Grupo D |
17/11/2017 | Darwin (Austrália) | AUSTRÁLIA | 46 | X | 00 | SAMOA | Quartas de final |
18/11/2017 | Christchurch (Nova Zelândia) | TONGA | 24 | X | 22 | LÍBANO | Quartas de final |
18/11/2017 | Wellington (Nova Zelândia) | NOVA ZELÂNDIA | 02 | X | 04 | FIJI | Quartas de final |
19/11/2017 | Melbourne (Austrália) | INGLATERRA | 36 | X | 06 | PAPUA NOVA GUINÉ | Quartas de final |
24/11/2017 | Brisbane (Austrália) | AUSTRÁLIA | 54 | X | 06 | FIJI | Semifinal |
25/11/2017 | Auckland (Nova Zelândia) | TONGA | 18 | X | 20 | INGLATERRA | Semifinal |
02/12/2017 | Brisbane (Austrália) | AUSTRÁLIA | 06 | X | 00 | INGLATERRA | FINAL |
O que é o Rugby League?
O Rugby League é uma modalidade do rugby que nasceu em 1895 no Norte da Inglaterra. Na época, o rugby (o Rugby Union) proibia o profissionalismo no mundo todo, mas um grupo de clubes ingleses se opôs à proibição de pagamentos a jogadores e romperam com a federação inglesa, formando uma liga independente. A fim de mudar a dinâmica do jogo e torná-lo mais aberto, a liga passou a promover mudanças nas suas regras, criando uma modalidade distinta, jogada com regras diferentes e organizada por entidades distintas do Union. O League, no entanto, se difundiu fortemente apenas no Norte da Inglaterra e na Austrália, onde é mais popular que o Union. O esporte ganhou popularidade ainda na Papua Nova Guiné (país da Oceania onde é o League e não o Union que reina) e, em menor dimensão, na Nova Zelândia e em algumas partes da França, onde segue bem abaixo do Union.
Quais as principais diferenças?
- O League é jogado por 2 times de 13 jogadores cada, com 4 reservas, sendo que um atleta que foi substituído poderá retornar a campo;
- No League, o try vale 4 pontos, a conversão 2, o penal 2 e o drop goal (chamado também de field goal) 1 ponto;
- Não é usado sistema de pontos bônus nas tabelas de classificação. A vitória vale 2 pontos, o empate 1 e a derrota 0;
- Não existem rucks. Quando um atleta sofre o tackle, é seguro e vai ao chão o jogo é parado. O atleta com a bola é liberado, rola a bola com os pés para trás e o jogo é reiniciado. É o chamado “play the ball”;
- Cada equipe tem direito a realizar 5 vezes o play the ball e, na sexta vez que um atleta é derruba, a posse da bola troca de equipe. É a chamada “Regra dos 6 tackles”. Com isso, é comum após o 5º tackle a equipe com a posse da bola chutá-la;
- Se a equipe defensora tocar na bola entre um play the ball e outro a contagem de tackles é zerada. Quando uma equipe com a posse de bola comete um erro de manuseio e a bola troca de posse o primeiro tackle é considerado “tackle zero” e a contagem se inicia apenas após ele;
- Não há lineouts. A reposição da bola que saiu pela lateral é feita a partir de um scrum. Penais chutados para a lateral são cobrados com free kick;
- Na prática, os scrums não possuem disputas, pois a equipe que introduz a bola na formação pode introduzi-la diretamente no pé de sua segunda linha. Porém, a equipe sem a bola pode tentar empurrar a formação para roubar a bola (o que é raro de acontecer);
- Não existe o mark. Com isso, chutes no campo ofensivo são frequentes;
- Um chute dado atrás da linha de 40 metros do campo de defesa que saia pela lateral após a linha de 20 metros do campo ofensivo é chamado de “40/20” e premia a equipe chutadora com a manutenção da posse da bola e com a contagem de tackles zerada;
- A numeração dos atletas no League muda. Os números mais altos são para os forwards e os números menos são para a linha. O fullback é o camisa 1 e o pilar o 13, por exemplo;