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Um campeão inédito para a maior liga do Hemisfério Sul. Nessa madrugada de sábado, às 4h35, Wellington, capital da Nova Zelândia, será o palco da grande final da edição 2016 do Super Rugby, com o confronto dos donos da casa, os Hurricanes, melhores até aqui na temporada, e os Lions, de Joanesburgo, maior cidade da África do Sul.
A grande final do Super Rugby produzirá o nono campeão diferente da liga desde sua fundação em 1996. De um lado, os Hurricanes são os únicos entre os cinco times neozelandeses que jamais conquistaram o título da competição. No total, a Nova Zelândia tem 13 conquistas, sendo 7 dos Crusaders, 3 dos Blues, 2 dos Chiefs e 1 dos Highlanders, contra apenas 4 dos australianos (2 dos Brumbies, 1 dos Waratahs e 1 dos Reds) e 3 dos sul-africanos (todas dos Bulls, a última no distante ano de 2010). Se os ‘Canes levarem a melhor nesse sábado, a Nova Zelândia passará a ter o dobro de títulos de Austrália e África do Sul somadas. A pressão, no entanto, estará toda em cima dos aurinegros, que já fizeram duas vezes a final do Super Rugby, e perderam ambas: em 2006, fora de casa, diante dos Crusaders, e em 2015, em casa, contra os Highlanders.
Do lado visitante, os Lions partem em busca do primeiro título e disputam a final pela primeira vez. Ou, quase isso. O torcedor de Joanesburgo sempre lembrará o fato de sua equipe ter conquistado o inaugural Super 10, em 1993. Naquele ano, quando os Lions ainda se chamavam Transvaal, equipes de África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e ainda um representante das Ilhas do Pacífico disputavam pela primeira vez um torneio internacional para o Hemisfério Sul, que seria transformado em 1996 no Super 12, com a competição sendo expandida, remodelada (com as equipes sendo transformadas em franquias) e profissionalizada. Por isso, os três torneios do Super 10 (1993, 1994 e 1995) não são contabilizados na lista de campeões do Super Rugby. Mas, um dia a glória do Sul foi sim dos Lions.
No confronto direto, a vantagem é toda neozelandesa, tendo vencendo 15 dos 19 confrontos entre os dois times até hoje desde 1996, incluindo os últimos 7 jogo. Neste ano, os dois times se encararam em abril, em Joanesburgo, e a vitória foi dos Hurricanes por larga margem, 50 x 17. A última vitória dos Lions sobre os ‘Canes foi em 2007, na África do Sul, com 30 x 7 para os vermelhos. Jamais na história dos Lions venceram os Hurricanes em Wellington. Se ocorrer a primeira vitória, ela será a maior da história da equipe. Para compensar a derrota em casa para o time de Wellington, os Lions venceram duas de suas quatro partidas jogadas em solo neozelandês em 2016.
Nesse sábado, os dois times irão ao Westpac Stadium com campanhas fabulosas. Enquanto os Hurricanes tiveram a melhor campanha da temporada regular e venceram suas partidas de mata-mata sem qualquer aperto (41 x 0 sobre os Sharks, nas quartas, e 25 x 9 contra os Chiefs, nas semis, sem sofrer tries), os Lions estão no topo dos ataques da competição, sendo os maiores marcadores de tries (81 até aqui, contra 70 dos ‘Canes) e o time que mais metros ganhou no certame (9264, contra 8548 dos kiwis). Frente a frente está o melhor ataque (Lions) contra a melhor defesa (Hurricanes), mas com o mando de jogo e um ataque também poderosíssimo são os ‘Canes que têm a vantagem.
Penais serão prontamente aproveitados pelos dois lado, o que fará da partida um duelo tenso no qual qualquer abalo psicológico e instabilidade emocional será duramente punido. Os Hurricanes têm o melhor chutador do Super Rugby, Beauden Barrett, mas os Lions têm o segundo melhor, Elton Jantjes, que farão um embate de abertura de alto nível e que em breve poderá se replicar em confrontos entre All Blacks e Springboks. Ambos estão amparados por dois scrum-halves de classe internacional, com TJ Perenara, do lado amarelo, e Faf de Klerk, do lado vermelho. Porém, é o sul-africano que vem chamando mais atenção como a grande revelação da temporada, com um jogo envolvente de buscar frenética por espaços.
O jovem time dos Lions, do técnico Johan Ackermann, vem revolucionando a forma sul-africana de jogar, quebrando paradigmas no país. Sem abandonar o forte embate físico, a dupla De Klerk-Jantjes vem fazendo os Leões rugirem mais alto com a bola em mãos e em velocidade, municiando uma linha letal, de Rohan Janse van Rensburg, Courtnall Skosan e Lionel Mapoe, três dos mais perigosos 3/4s dos Lions que estão no Top 10 de pontuadores do Super Rugby no momento, além do foguete Ruan Combrinck, que está no Top 10 de metros corridos, defensores batidos e arrancadas da liga. Grandes revelações que são parte de uma engrenagem maior de Ackermann.
O contra-ataque é uma arma letal dos dois times, com ambos liderando as estatísticas de tries marcados cujas jogadas foram iniciadas no campo de defesa. Mas, o ponto alto dos aurinegros está certamente no pack, em especial em uma poderosa terceira linha, capaz de desequilibrar qualquer jogo nos turnovers. A liderança cabe ao oitavo Victor Vito, que terá a seu lado Ardie Savea – segundo jogador com mais turnovers até aqui, 1 a menos que o australiano David Pocock, e líder da liga em número de tackles, com impressionantes 192 – e Brad Shields – também no Top 14 de “tackleadores” da liga, com 141. Junto da terceira linha, a primeira linha dos ‘Canes também está entre as mais temíveis – e móveis, liderada pelo hooker Dane Coles, um velocista de primeira linha. Porém, antídoto os Lions têm no pack, com o comando de Warren Whiteley e, sobretudo, com o asa Jaco Kriel, um tanque que ocupa o quarto lugar geral em defensores batidos, e o segunda linha Franco Mostert, Top 10 de”tackleadores” também.
Muito estará em jogo nesse xadrez físico e mental. Quem leva? Você descobrirá vendo no Watch ESPN ao vivo (ou on demand, a hora que puder) ou na ESPN+ em VT no domingo.
Super Rugby – Liga de Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Japão
FINAL – dia 06 de agosto
04h35* – Hurricanes x Lions, em Wellington – Watch ESPN AO VIVO / VT domingo, dia 07, às 07h00, e segunda, dia 8, às 02h00
Hurricanes: 15 James Marshall, 14 Cory Jane, 13 Matt Proctor, 12 Willis Halaholo, 11 Jason Woodward, 10 Beauden Barrett, 9 TJ Perenara, 8 Victor Vito, 7 Ardie Savea, 6 Brad Shields, 5 Michael Fatialofa, 4 Vaea Fifita, 3 Ben May, 2 Dane Coles (c), 1 Loni Uhila.
Suplentes: 16 Ricky Riccitelli, 17 Chris Eves, 18 Mike Kainga/Reggie Goodes, 19 Mark Abbott, 20 Callum Gibbins/Tony Lambourn, 21 Jamison Gibson-Park, 22 Vince Aso, 23 Julian Savea.
Lions: 15 Andries Coetzee, 14 Ruan Combrinck, 13 Lionel Mapoe, 12 Rohan Janse van Rensburg, 11 Courtnal Skosan, 10 Elton Jantjies, 9 Faf De Klerk, 8 Warren Whiteley, 7 Warwick Tecklenburg, 6 Jaco Kriel (c), 5 Franco Mostert, 4 Andries Ferreira, 3 Julian Redelinghuys, 2 Malcolm Marx, 1 Dylan Smith.
Suplentes: 16 Armand van der Merwe, 17 Corné Fourie, 18 Jacques van Rooyen, 19 Lourens Erasmus, 20 Ruan Ackermann, 21 Ross Cronjé, 22 Howard Mnisi, 23 Jaco van der Walt.
*Horário de Brasília