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ARTIGO ATUALIZADO – Mais um ano se encerra e a temporada 2015 trouxe de volta ao topo velhos campeões e confirmou a ascensão definitiva de forças que vieram para ficar. Nos estaduais, a maioria viu a manutenção de um clube dominante seguir intacta, mas novos atores no cenário regional que ainda precisam confirmar se serão mais uma onda passageira.

 

Esse foi o ano do Rugby no Brasil para o Portal do Rugby. Como foi o ano para você? Incluiria algum ítem nessa lista?

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Super 8

A principal competição nacional teve um formato inédito em 2015, com um pé nas origens. Retornou a disputa entre as oito melhores equipes, mas em disputa de turno e returno e finais. E assim como esperado, o Super 8 2015 foi um dos mais equilibrados de sua história, com seis equipes na briga pelas quatro vagas finais até a última rodada.

 

Um torneio muito desgastante que privilegiou as equipes com grande plantel e físico em dia, então não foi surpresa que São José e Curitiba revivessem a final de 2014, ainda que o Band Saracens tenha contado com uma das mais espetaculares campanhas de recuperação jã vistas, totalizando nove vitórias seguidas. No entanto, o enredo final mudou, com os joseenses retornando com méritos ao lugar mais alto do pódio, o nono título nacional de sua história.

 

O Jacareí fez sua estreia na elite nacional, premiando um trabalho iniciado na base e de longo prazo, credenciado pelo título da Taça Tupi no ano anterior. A campanha com apenas duas vitórias não foi suficiente para manter o clube na primeira divisão, mas certamente os garante como um dos favoritos ao bi da Taça Tupi, e faz pensar se o rebaixamento direto do último colocado era de fato a melhor opção para o campeonato manter o seu alto nível.

 

Taça Tupi

Impossível Niterói! Apenas um ano depois de seu esperado rebaixamento, os rubro-negros do Rio de Janeiro mostraram trabalho e tiveram um ano de gala no XV, retomando sua supremacia no estado e coroando a temporada com o título da segunda divisão, que lhe garantiu a vaga de volta ao Super 8 em 2016.

 

E ao contrário do que possa parecer, foi um título calcado longe de suas estrelas consagradas como Daniel Gregg, Robledo Veiga e David Grael, apesar de suas participações sempre importantes. Nesse ano, pintaram nomes como Mateus estrela, já estabelecido na seleção, o argentino Franco e Geudsy, sempre muito periogoso, mostrando um time muito mais independente de nomes individuais, e mais coletivo, como deve ser sempre. O único porém é que o plantel ainda conta com muitos veteranos, e a se repetir o mesmo formato, o Super 8 2016 será uma prova de fogo para o clube.

 

Quem apareceu como coadjuvante e quase roubou a cena foi o San Diego. Apenas quarto colocado no Gaúcho, o clube da capital não tomou conhecimento de Charrua e Serra (vice-campeão da Tupi em 2014) e alcançou o seu lugar na final, fazendo um jogo equilibrado com o Niterói, mas sucumbindo no final. Ainda assim, uma campanha animadora.

 

Super Sevens

O Sul dá as cartas mais uma vez no Rugby feminino! O Curitiba chegou firme ao topo do Super Sevens mantendo uma boa regularidade ao longo de cinco etapas (uma acabou cancelada) e negou o bicampeonato ao Charrua, que ficou com o vice. Com isso, são três títulos seguidos para a região, que ainda teve o Desterro vencedor em 2013. Além da qualidade do jogo coletivo, o que se destaca nas Touritas é a baixa média de idade, de um grupo que despontou campeão M19 no extinto BR Sevens em 2011 e cresceu ano a ano, lideradas por Gabi Pellegrini.

 

Foi um ano de redefinição de forças no Rugby feminino, com a ascenção do Delta, vencendo a barreira geográfica e levando mais uma vez o Nordeste ao destaque, cargo que já coube ao Recife anos atrás. Mas talvez a inexperiência (e o cansaço pelo excesso de deslocamentos) tenha falado mais alto no final. Sexto lugar geral, á frente de potências como Niterói, SPAC e BHRugby, a equipe não repetiu as boas campanhas no Qualifier para o Super Sevens 2016, e se quiser se colocar à prova novamente entre as grandes, precisará mais uma vez começar sua luta bem antes do apito inicial. SPAC e Niterói, antes figuras certas em qualquer final, foram coadjuvantes na principal competição feminina desse ano. As fluminenses no entanto, terminaram o ano em alta, vencendo o Qualifier e mostrando que podem almejar títulos.

 

Entre os homens, o Desterro levou a melhor! Em formato reduzido devido o calendário mais extenso de campeonatos para os homens, apenas duas etapas definiram o campeão, os rubro-verdes brigaram com o São José pelo título, que acabou em Santa Catarina. Em 2016, as coisas prometem ficar mais interessantes, com o Guanabara e sua equipe profissional de Sevens mostrando que vai se credenciar ao título, depois de levar o estadual e o SPAC Lions, talvez a melhor prévia do que vem por aí em matéria de nível técnico.

 

Nacional Juvenil de Seleções (XV e Sevens)

São Paulo foi a grande ausência do Nacional de Seleções de XV. Com um calendário de categorias de base bem definido e sem espaço para novos torneios, o estado abriu mão de sua representatividade, deixando o caminho livre para o Paraná e Rio Grande do Sul celebrarem seus títulos no M19 e M17 respectivamente. Sempre entre os favoritos, o Rio de Janeiro desapontou, ficando com a penúltima colocação nas duas categorias.

 

No Seven-a-side, a história mudou, com São Paulo e Paraná dando as cartas, amealhando nada menos doque todas as três primeiras posições nas três categorias em disputa.

 

Estaduais e Regionais

No nível estadual, o tom foi de continuidade (veja todos os campeões de 2015 aqui). Salvo os títulos de Pasteur em São Paulo e de Niterói no Rio de Janeiro, as principais competições do país reforçaram o domínio de um clube. Foi assim por exemplo no Rio Grande do Sul e Minas, com Farrapos e BH Ruby garantindo o hexa em seus estados. Curitiba e Desterro, ainda sem competição real interna, fizeram um treino de luxo em seus estados visando o Super 8.

 

No Nordeste, Norte e Centro-Oeste, o domínio segue com Natal (ex-Alecrim e Armstrong Dragons), GRUA, que teve um ano memorável, celebrando seus 20 anos com títulos no XV e no Sevens e Goianos, respectivamente. Alguns coadjuvantes novos apareceram, como o Talleres (Pernambuco) e Parnaíba (Piauí) no Nordeste, mas ainda sem abalar o domínio dos potiguares. Aqui o tema é continuidade. Nos últimos anos, poucas equipes conseguiram se manter em nível competitivo por mais que uma temporada, como o Piauí, Asa Branca e Maranhão por exemplo. Resta ver se esse será o destino dos representantes pernambucanos no próximo ano.

 

Fim da academia de alto rendimento em Curitiba

O ano começou extremamente promissor, com o projeto inspirador da CBRu de instalar academias de alto rendimento em cinco estados do Brasil, a fim de elevar o nível adulto (masculino e feminino) e juvenil de nossas seleções.

 

Mas, você leu o texto inteiro? O que lhe chamou a atenção até aqui? Se você REALMENTE leu todo o texto, verá que o Paraná esteve praticamente em todas as conquistas nacionais nesse ano. Curitiba, vice-campeão brasileiro e campeão no Super Sevens. Paraná campeão nacional XV M19, Seven M17 e ainda um terceiro no feminino M18. E ainda assim, a CBRu decidiu fechar o centro de alto rendimento no estado que mostrou mais performance ao longo do ano levando-se em conta o jogo coletivo.

 

Os motivos, são mais que justos (apesar de que já houve quem dissesse que esse zelo todo em acompanhar as métricas nunca existiu) e a resposta da diretoria do Curitiba expôs um problema já conhecido nos bastidores do Rugby nacional há tempos: a falta de comunicação. E ao avaliar o individual em detrimento total do que se pode amealhar no coletivo pode fazer a CBRu perder talentos de grande valor para as seleções.

 

Cobertura do Rugby brasileiro na TV
Deu sono. A exposição que o Rugby conseguiu na TV esse ano atingiu novas marcas, não somente com as finais do Super 8, mas com os amistosos da seleção e até o torneio internacional de beach Rugby, um grande trabalho da CBRu em ajudar a massificar o esporte. Mas isso de nada adianta sem um bom trabalho extra campo, coleta de informações e estudar os jogadores previamente. Erros crassos, como chamar a seleção argentina feminina de Leonas (essa é na verdade a selção de hóquei das nossas hermanas ou da Espanha no Rugby, para ficar somente nesse exemplo) ou mostrar total desconhecimento de boa parte dos jogadores em campo apenas mostram o descaso e a burocracia com que o esporte é tratado na emissora.

 

O SporTV e seus apresentadores precisam entender seu papel de grande divulgador do Rugby brasileiro e o fazer com correção, só assim o Rugby passará a ser visto pelo leigo como uma opção real de entretenimento e quem sabe, criar um público cativo para o esporte, além de seus atuais apoiadores.

 

O público deu show

A CBRu investiu pesado na divulgação e o público respondeu, enchendo o Pacaembu e o estádio do SESI para os amistosos contra a Alemanha. No Super 8, a marca apenas igualou o público de anos anteriores, e na Série Mundial, no começo do ano, poderia ter sido melhor, considerando que se tratam das melhores jogadoras do mundo, mas manteve a tendência de 2014 e dos demais torneios do circuito. Elas voltam em dois meses, e o Brasil receberá três jogos na Copa das Américas, hora do público mostrar que veio ao estádio para ficar.

 

Projetos sociais crescem

Em 2015, os números foram positivos demais para os projetos sociais. O programa de impacto da CBRu levou o rugby a centenas de escolas no Rio de Janeiro, ao passo que a Hurra! só cresceu em São Paulo. O Try Rugby SP também, alcançando quatro estados no total (MG, RJ, SC e SP) e se expandindo em todos eles. Crescimento contínuo às vésperas dos Jogos Olímpicos.
Leis do Rugby em português

Por fim, ainda destacamos a tradução das Leis do Rugby para o português, agora disponíveis no http://laws.worldrugby.org/