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No artigo publicado nesta semana pelo Portal do Rugby de título “Abusos contra a Arbitragem: chegamos ao fundo do poço em 2015“, o texto contém a seguinte passagem: “Na disputa de 3o lugar da Série B do Campeonato Paulista, um jogador do Ilhabela, irritado com a marcação do árbitro, o ameaçou verbalmente e depois fisicamente, tornado um fim de semana que poderia ser agradável, em um martírio, mais próximo de cenas que vemos por vezes em jogos de futebol do que na alegre e respeitosa confraternização entre vencedor e perdedor. O jogador foi suspenso preventivamente pelo TJD da Federação Paulista até conclusão do processo e não pode disputar competições pelo clube”.

 

O Portal do Rugby esclarece que não houve agressão física da parte do atleta citado. Para deixar claro o que fora relatado ao TJD da FPR copiamos abaixo na íntegra o texto do processo (clique aqui para acessá-lo no Facebook):

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COMUNICADO DE ABERTURA DE PROCESSO DISCIPLINAR

JULGAMENTO TJDRu-SP CD 578_2015

Atleta: Homero Chagas Ribeiro Barbosa
Equipe: Green Sharks – Ilhabela Rugby Clube

Jogo- torneio- data: Green Sharks x Templários Rugby – CPRB – 18.10.2015
Objeto: Processo Disciplinar TJDRu-SP CD 578_2015_18.10.2015

São Paulo, 03 de novembro de 2015
Comunicamos que foi instaurado processo disciplinar TJDRu-SP CD_578_2015 em face do atleta acima indicado estar envolvido em ocorrências no jogo da COPA SÃO PAULO DE RUGBY, assim descritas pela da arbitragem:
“RELATÓRIO DE ÁRBITROS PARA CARTÕES

Data: 18/10/2015
Campeonato: COPA SÃO PAULO DE RUGBY
Jogo: ASSOCIAÇÃO ILHABELA RUGBY CLUBE (16 pts) x Palestra Templários Rugby Clube (25 pts.) Nome do Atleta: HOMERO CHAGAS RIBEIRO BARBOSA Equipe: ASSOCIAÇÃO ILHABELA RUGBY CLUBE Número 01 Posição pilar Tipo: Cartão Vermelho Período: 1° Tempo ( ) 2° Tempo ( X ) Placar da Partida no Momento do Incidente 16 X 25 Proximidade do Árbitro do Incidente: 1 Metro
Natureza do Cartão
10.4 – JOGO PERIGOSO E MÁ CONDUTA ITEM (m) – atos contrários ao espirito desportivo item (N) – má conduta enquanto a bola está fora de jogo item (S) – Todos jogadores devem respeitar a autoridade… jogador ao alinhar para um scrum incita seus companheiros e aos ser advertido pelo arbitro o ofende e o ameaça. O atleta recebeu o cartão baseado no relatório do Juiz de Linha: Aos 39′ do 2º tempo, após a sinalização de um scrum decorrente de um maul aonde a bola ficou presa, o jogador 01 (Homero Chagas ribeiro Barbosa) do Ilhabela ao se alinhar para o scrum em formação questiona à infração marcada e incita seus companheiros com a frase: “Scrum? Vamos lá, isto já não vale nada! Ele (se dirigindo ao árbitro) Não sabe nada, veio aqui para nos roubar.” Ao escutar o jogador o Adverti com a Frase: “O senhor Jogue quieto ou não terminará o jogo no campo, já falei com o capitão sobre isso.” Neste instante o jogador desforma de seus companheiros e vem próximo ao árbitro em tom ameaçador e profere a frase: “Não termino o jogo? Quero ver então! Não existe homem que me faça sair do campo” Neste instante retiro o cartão vermelho do bolso e mostro ao jogador. Este tenta avançar para cima de mim mas é contido pelos companheiros. me afasto do local para evitar maiores polemicas e me direciono ao capitão informando que somente retomaria a partida após o jogador deixar o recito do jogo. após uns 2 minutos o jogador deixa o recinto indo para atrás do alambrado levado, contra a vontade, por integrantes do Ilhabela. Ao fim do jogo junto-me aos auxiliares e ao chegarmos ao portão do campo o jogador expulso o fecha e se posta à sua frente impedindo nossa saída e novamente volta a questionar a arbitragem. Oriento-o a esfriar a cabeça e se juntar aos demais integrantes do Ilhabela e informo que a insistência naquela atitude só iria agravar mais a situação pois iria constar do relatório expulsão. neste instante o jogador passa o proferir ofensas e ameaças à minha pessoa. “você vem aqui só para nos roubar”, “Veio aqui fazer merda”, “Seja homem, saia daí e vamos resolver isso aqui fora”, “você é ladrão”, “vem aqui apenas para estragar nosso trabalho, é um merda”, “Vai precisar chamar a policia par sair daqui”, “você acha que sou moleque?”, “venha para fora que lhe mostro”, etc. Diante da confusão o atleta Paulo Souza se aproxima para conter seu companheiro, neste instante aproveito e chamo os auxiliares para sairmos por um outro portão lateral. no caminho encontro o Sr. Rafael Simão que se desculpa pela atitude do atleta, aproveito a oportunidade e peço que retire o atleta do local pois está alterado e suas atitudes só iriam complicar mais a situação. Ao sair pela lateral vamos à mesa aonde estavam nossos pertences e me sento para passar os dados do jogo da sumula de bolso para a oficial, uma vez que não tínhamos 4º arbitro. enquanto aguardava a assinatura da sumula pelos capitães, o jogador expulso se aproxima e novamente questiona as marcações, tento explicar minha interpretação, mas sou interrompido pelo Sr. Paulo Souza que solicita à mim a apenas escute para não gerar mais questionamentos. Neste momento diversos jogadores, já sem as camisas de jogo, incitam a confusão com chacotas, ofensas e ironias. isto com o apoio e participação da pessoa que se identificou como treinador do Ilhabela ao inicio da partida. Uma vez que identifiquei que não haveria, por parte do Ilhabela, uma tentativa de amenizar a situação me dirigi ao capitão do templários expliquei que não iria permanecer no 3º tempo para evitar confusões maiores. Ao perceber que estávamos nos retirando, o atleta Homero novamente profere ofensas e ameaças dizendo que nuca mais eu deveria voltar á ilha ou iria me arrepende e que deveria tomar cuidado ao ir embora pois o caminho até a balsa era longo. Observo que existe um problema na transmissão dos valores do rugby dentro do Ilhabela, em todas as vezes que estive na ilha existem atitudes desrespeitosas quando o placar não é favorável com ironias e ofensas por parte de atletas e simpatizantes. e apenas neste último bimestre já estive na ilha por 3 vezes. Entendo também que ânimos se exaltam em jogos decisivos, mas as atitudes presenciadas nesta ultima vez extrapolam qualquer padrão de convivência desportiva ou respeito humano. Lembro que no esporte que joguei e hoje colaboro como árbitro um dos valores mais exacerbado e um diferencial, é o respeito ao árbitro. Qualquer dúvida me coloco a disposição para novos esclarecimentos, e acredito que seja também a disposição dos auxiliares.
O atleta, querendo, poderá apresentar defesa no prazo de 6 (seis) dias do recebimento desta, sob pena de serem considerados verdadeiros os fatos descritos na súmula. Informamos que o atleta em questão foi SUSPENSO PREVENTIVAMENTE, até o final do presente processo, nos termos da decisão anexa, sendo que em caso de descumprimento desta decisão, o ILHABELA RUGBY CLUBE pagará multa de R$ 1.000,00 reais, para cada episódio, a ser revertida à Federação Paulista de Rugby.
Em caso de expulsão, independentemente da apresentação de defesa, o atleta cumprirá a suspensão automática de 1 jogo, a ser aplicada no próximo jogo oficial do torneio em questão, com relação ao jogo aqui mencionado, independentemente do andamento do processo aqui referido.”

Para elaboração da defesa consultar o CBJDRu, na página da CBRu da internet, downloads.

Atenciosamente

Conselho Disciplinar TJDRu-SP

DECISÃO LIMINAR CD_578
Recebo a denúncia formulada pela Ilma Procuradora de Justiça Desportiva contra o atleta do ILHABELA RUGBY CLUBE, HOMERO CHAGAS RIBEIRO BARBOSA, ante os gravíssimos fatos descritos na peça acusatória, bem assim nos relatórios da arbitragem que compõe o conjunto probatório dos autos, mesmo em uma análise ainda sumária e parcial do processo.
Isto porque um dos maiores pilares do esporte é o respeito irrestrito e absoluto ao árbitro da partida, respeito este que é um dos diferenciais do rugby e não pode ser jogado por terra pela atitude irresponsável de um atleta que se sente prejudicado, ou mesmo injustiçado pela arbitragem, fatos estes
que em absoluto, justificam ou autorizam, as condutas descritas na peça acusatória e nos respectivos relatórios.
Assim, necessário se faz, ante a gravidade das acusações que pesam sobre o atleta HOMERO CHAGAS RIBEIRO BARBOSA, seja deferida sua SUSPENSÃO PREVENTIVA, impedindo-o de participar de quaisquer atividades vinculadas ao esporte e promovidas pela Federação Paulista de Rugby, ou não, até final decisão do processo, nos termos do artigo 191, incisos III e IV e 33, caput, ambos do CBJDRu. Fica estipulada multa de R$ 1.000,00 reais ao Ilhabela Rugby Clube, para cada caso de descumprimento desta decisão.
Em relação aos atletas denunciados, GABRIEL ALVES SILVANO, DENIS OLIVEIRA DOS SANTOS e VITOR LISBOA SANTANA DE JESUS, rejeito a denúncia, uma vez que não há justo motivo para prosseguimento da ação disciplinar desportiva, por terem sido apenados com cartão amarelo, tendo sido devidamente suspensos por 10 minutos, durante a própria partida, razão pela qual, pelo relatório da arbitragem, não se vislumbra razão para terem agravada sua situação disciplinar, rejeitando-se a denúncia, com arquivamento do caso em relação a estes.
Defiro, também, nova vista dos autos à douta Procuradoria de Justiça Desportiva, para aditamento da denúncia, se assim entender, ante os termos dos artigos 194, II e V e 195, ambos do CBJDRu, face as condutas do atleta HOMERO CHAGAS RIBEIRO BARBOSA e outros adeptos da referida agremiação desportiva e também aos fatos vinculados ao CD_578, também envolvendo a equipe do ILHABELA RUGBY CLUBE.

Atenciosamente
Conselho Disciplinar TJDRu-SP

 

 

O atleta em questão postou em sua página de Facebook o seguinte texto:

homero1

 

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Sigo por perto o rugby brasileiro, e experimente o rápido desenvolvimento que teve em menos de 10 anos, que na minha opinião, pulo etapas que são necessárias para a compreensão do um jogo que, como sabemos, é mas que um simples jogo de bola.
    Na preza com que as instituições oficiais trabalham para conseguir estar na elite do rugby de alto rendimento, não deixa tempo nem recursos destinados a formação de novos jogadores e seus princípios. Pouco fica para o preparo de técnicos capacitados que realmente dediquem tempo a formação, fundamental ao ciclo que Brasil vive neste momento. Nem menos para avaliar a quem ensina ou espalha o esporte.
    Rapidamente praticantes com pouca experiência migram a formam equipes com precárias técnicas e conceitos que adquiriram, e apoiados por patrocinadores locais , privados ou públicos, crescem e entram na competitividade, esquecendo dos objetivos principais de este esporte.
    Atitudes como as descritas nos relatórios expostos, estão aumentando e agravando a situação,, mostrando uma perigosa distorção na forma de jogar.
    E posso asseverar que a causa esta na formação dos jogadores em seus clubes. Sao eles os que captam, forma e orientam os comportamentos fora e dentro de campo.
    Não é suficiente com ensinar a marcar pontos, cair no chão e fazer um bom tackle, como tampouco é “menciona”r o que esporte traz, se os formadores e formados não experimentam a cultura que acompanha o rugby.
    Não estamos num médio onde o respeito aos administradores do jogo prevalece, pelo contrario, este é um pais mono esportivo, onde o esporte principal domina as condutas dos atletas e publico em, geral, que não tem relação com os valores que rugby propõe.
    Maior ênfase deveria ser colocado nos princípios do jogo, e também o control deles, se não o buraco será maior.
    Espero ter colaborado.

  2. Sigo por perto o rugby brasileiro, e experimente o rápido desenvolvimento que teve em menos de 10 anos, que na minha opinião, pulo etapas que são necessárias para a compreensão do um jogo que, como sabemos, é mas que um simples jogo de bola.
    Na preza com que as instituições oficiais trabalham para conseguir estar na elite do rugby de alto rendimento, não deixa tempo nem recursos destinados a formação de novos jogadores e seus princípios. Pouco fica para o preparo de técnicos capacitados que realmente dediquem tempo a formação, fundamental ao ciclo que Brasil vive neste momento. Nem menos para avaliar a quem ensina ou espalha o esporte.
    Rapidamente praticantes com pouca experiência migram a formam equipes com precárias técnicas e conceitos que adquiriram, e apoiados por patrocinadores locais , privados ou públicos, crescem e entram na competitividade, esquecendo dos objetivos principais de este esporte.
    Atitudes como as descritas nos relatórios expostos, estão aumentando e agravando a situação,, mostrando uma perigosa distorção na forma de jogar.
    E posso asseverar que a causa esta na formação dos jogadores em seus clubes. Sao eles os que captam, forma e orientam os comportamentos fora e dentro de campo.
    Não é suficiente com ensinar a marcar pontos, cair no chão e fazer um bom tackle, como tampouco é “menciona”r o que esporte traz, se os formadores e formados não experimentam a cultura que acompanha o rugby.
    Não estamos num médio onde o respeito aos administradores do jogo prevalece, pelo contrario, este é um pais mono esportivo, onde o esporte principal domina as condutas dos atletas e publico em, geral, que não tem relação com os valores que rugby propõe.
    Maior ênfase deveria ser colocado nos princípios do jogo, e também o control deles, se não o buraco será maior.
    Espero ter colaborado.