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Após a derrota da Inglaterra para a Austrália na Copa do Mundo, muito se falou sobre a falta de experiência da equipe inglesa, com 24 jogadores jogando o Mundial pela primeira vez em suas carreiras, ou sobre o trabalho realizado de preparação para a competição, apontando falta de coesão dentro do elenco da Rosa, com as escalações não se repetindo. Porém, Alex Stewart, colunista do World Rugby, fez uma outra análise.
Para Stewart, o motivo da derrota inglesa pode passar por um aspecto além das responsabilidades do técnico Stuart Lancaster e dos seus comandados. O motivo seria a falta de coesão, não na seleção, mas nos clubes. Isto é, a Inglaterra conta com menos atletas jogando juntos no rugby doméstico do que a Austrália, o que faz toda a diferença dentro de campo num jogo tão coletivo como o rugby.
Separando a equipe por setores – primeira linha, segunda linha, terceira linhas, half-backs (scrum-half e abertura), centros e back three (pontas e fullback), o analista mostrou que os jogadores ingleses jogaram mais vezes juntos na seleção do que os australianos. Ou seja, o problema parece não ser falta de coesão do grupo em jogos entre seleções. O problema está na coesão ao longo do restante da temporada.
Entre os 15 atletas que começaram jogando pelos Wallabies contra a Inglaterra, 6 atuam juntos no Waratahs, 5 no Brumbies, 3 no Reds e Matt Giteau sozinho no Toulon, da França (mas, o veterano dispensa apresentações quanto a qualidade e experiência). Já os 15 atletas ingleses que iniciaram a partida estão espalhados por 8 clubes diferentes da Premiership. Entre os reservas, a coesão australiana também se segue.
A diferença dos sistemas é óbvia. Os Wallabies contam apenas com atletas que atuam no Super Rugby – tendo aberto a exceção a Giteau e Drew Mitchell recentemente – e o sistema da competição sulina favorece às seleções, já que a Austrália conta com apenas 5 equipes na competição, com muito poucos estrangeiros, cujo calendário não concorre com o calendário dos Wallabies e conta com menos partidas: 16 datas na primeira fase e 3 no mata-mata. Na Inglaterra, por outro lado, a Premiership tem 12 clubes (mais do que o dobro) e está lotada de estrangeiros, o que faz o talento inglês ser pulverizado entre as equipes, além de contar com 22 datas na primeira fase (algumas concorrendo com jogos da seleção), 2 datas de mata-mata e outras 6 datas de fase de grupos das copas europeias e mais 3 datas de mata-mata europeu, além da Copa Anglo-Galesa (que, todavia, é jogada apenas em períodos de concentração da seleção, para os clubes não ficarem parados). O sistema exaure os atletas dentro dos clubes e não promove coesão dentro do elenco da Rosa.
Rugby está físico demais
Outro assunto que apareceu nesta semana veio de Eddie Jones, técnico australiano do Japão. Em entrevista, Jones alertou que o rugby está perigosamente físico. Como apontou o comandante, os atletas do rugby atual estão ficando maiores, mais fortes e mais rápidos, e o campo continua do mesmo tamanho. O que significa que o embate físico pelos espaços está se intensificando de forma alarmante. Para agravar, o número de substituições permite que uma equipe renove metade de seu time ao longo da partida, aumentando ainda mais a intensidade.
Para Jones, hoje o “Rugby é um esporte de colisão. O World Rugby precisa achar uma forma de deixá-lo mais cansativo”, e completou “A bola precisa estar mais em jogo. Em 80 minutos, a bola está em jogo por 27 minutos em média. Quanto mais a bola estiver em jogo mais cansados ficam os atletas , e quanto mais cansados estão mais há espaços”.