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ARTIGO OPINATIVO – O World Rugby lançou sua nova liga mundial feminina, o WXV. A competição nasceu tímida ainda, com apenas 3 jogos por seleção em cada divisão. Porém, vem sendo chamada de uma grande revolução para o rugby XV feminino mundial. Como colocou o site britânico Scrum Queens, “parece um pato, grasna como um pato, mas talvez seja um cisne”. A ideia é precisa.
As edições 2023 e 2024, que antecedem a Copa do Mundo de 2025, serão quase experimentais e ainda muito curtas para promoverem uma revolução, mas criam o esqueleto para que em 2026 seja possível pensar no aperfeiçoamento e expansão do sistema – ou assim espero.
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Algumas revoluções, no entanto, deverão ser sentidas antes. Primeiramente, a criação de um “Four Nations” (que talvez tenha venha a ter outro nomes), com Nova Zelândia, Austrália, Canadá e Estados Unidos. É inaceitável que até o momento só haja uma competição feminina anual bem estruturada, o Women’s Six Nations. Nova Zelândia, Austrália, Canadá e Estados Unidos são potências, mas até hoje não têm um torneio anual para disputarem. Portanto, o primeiro passo adiante já será sentido.
Para os demais países, no entanto, a evolução ainda não é clara. Uma das grandes ciladas do WXV está na Europa. Pelo formato proposto, o continente terá 7 vagas da primeira à terceira divisões, mas não está nada claro quais direitos terão os países de fora do Six Nations, sobretudo a Espanha, que está para o XV feminino numa condição superior à que está a Geórgia no masculino. A Espanha efetivamente vence seleções do Six Nations com regularidade, mas ainda não tem claro como terá acesso à vaga europeia extra.
Para a América do Sul – continente mais atrasado de todo o mundo no XV feminino – o WXV oferece um caminho para o calendário. Não haverá vaga direta na 3ª divisão para uma seleção sul-americana, que precisará passar pela vice campeã africana. A África, aliás, conta com um campeonato de XV feminino com quatro seleções – África do Sul, Quênia, Uganda e Madagascar (algo que nosso continente não tem). Desse modo, o WXV talvez se torne o motivo definitivo que obrigue a América do Sul a ter um campeonato continental de XV feminino anual.
Com isso, a expectativa é que o XV feminino efetivamente ganhe corpo na América do Sul e não seja dependente apenas de uma Eliminatória a cada quatro anos para a Copa do Mundo. Em 2022, seria crucial termos o primeiro Campeonato Sul-Americano Feminino de verdade, com ao menos 3 seleções. Brasil, Colômbia e Argentina, pelo menos. A Argentina atualmente passa vergonha no cenário internacional por ser o único país do chamado “Tier 1” que não tem uma seleção feminina de rugby XV. Isso somado ao fato do XV de clubes já existir na Colômbia e à perspectiva do XV feminino de selecionados regionais ou de clubes acontecer no Brasil – com a CBRu já anunciando ter captado recursos para isso – oferece a esperança de que, de fato, um Sul-Americano irá se materializar. Antes tarde do que mais tarde ainda.