Tempo de leitura: 5 minutos
ARTIGO OPINATIVO – Sem espaço para surpresas, os Brumbies trataram de reenviar os Waratahs de volta à realidade de não terem a mesma competência técnica e tática que os líderes do Super Rugby, despachando a franquia de Nova Gales do Sul por 38-11 quando já só faltam duas jornadas para o fim da fase regular. Os Reds, por sua vez, facilmente derrotaram a Western Force com James O’Connor a confirmar que é a opção certa para o lugar de abertura dos Wallabies, dando um passo certo no chegar à fase final de campeão!
Os destaques de mais uma jornada do Super Rugby AU proposto e analisado no Fair Play
“Ups”: O’Connor no centro das atenções
Continua a projetar-se como o abertura em melhor forma no Super Rugby AU e a exibição rubricada frente à Western Force demonstrou o quão importante poderá ser nos Wallabies: um try, três quebras de linha, nove defesas batidos (bateu o registro da temporada), três assistências, 40 metros conquistados, 89% de eficácia na conversão dos pontapés (dos 9 pontapés atirados, só falhou por uma ocasião) e 4 offloads. Há que somar ainda o facto de ter iniciado jogadas que terminaram em quatro tries diferentes, tendo participado praticamente em quase todos os momentos mais perigosos dos Reds.
A facilidade como transporta a bola e desenvolve a estratégia de jogo é absolutamente perfeita, forçando erros consecutivos na defesa contrária seja pela aberturas de espaços para os elementos mais destrutivos conseguirem conquistar a linha de vantagem ou pela capacidade em transitar rapidamente de um manobra mais curta e sucinta para algo expansivo e que até pode vir de um pontapé cruzado bem armadilhado e carregado de veneno.
Sim, a outra equipa era uma Western Force algo desmotivada e que aguentou pouco tempo no trabalho defensivo, mas as facilidades até pareceram maiores pela execução fina e compacta pelo internacional australiano, que foi consecutivamente o motor para o início das combinações, movimentações e jogadas que possibilitaram mais uma vitória da franquia de Queensland.
Para os lados de Canberra, ouviram-se novamente os festejos por parte dos adeptos dos Brumbies que tiveram o prazer de assistir a um exibição galopante (e pouco emocionante, diga-se) que lhes possibilitou não só devolver a liderança isolada no Super Rugby AU, mas para praticamente assegurarem um lugar como finalista da competição, despachando os Waratahs por 38-11. Algumas dúvidas ergueram-se após a derrota de há duas semanas, quando os jogadores de Dan McKellar foram surpreendentemente batidos pelos Melbourne Rebels, sem capacidade para contrariar o maior fluxo de jogo nas linhas atrasadas, ficando também expostas algumas debilidades no que toca à reposição da cortina defensiva após se dar uma ruptura defensiva ou penetração na defesa.
Contudo, e ao melhor jeito de uma equipa ganhadora, a resposta não demorou e voltaram ao costume, ou seja, a ganhar com alguma relativa facilidade tendo imprimido uma velocidade estável e paciente de jogo, munidos de uma defesa inteligente e de abordagem agressiva ao breakdown onde recuperaram a bola por seis ocasiões junto à sua área de validação, sem esquecer a aplicação de um ataque algo diferente do habitual, já que foram capazes de produzir várias oportunidades de try sem ter de se basear totalmente nas fases estáticas.
Se contra os Rebels vimos uns Brumbies inconsistentes e perdidos quando não foram capazes de fazer a diferença pelo maul dinâmico ou pela ação das fases curtas, contra os Waratahs foi amplamente diferente, diversificando a estrutura do plano com a bola em sua posse, forçando um embate consecutivo a meio (sempre algo distante do ruck) para tentar procurar um passe mais longo para as pontas ou procurar um offload ou passe interior que apanhasse a defesa contrária em contra-pé, utilizando também o jogo ao pé, em específicos os grubers, para encontrar um espaço nas costas dos Waratahs. Isto é a explicação mais científica para perceber o como dos Brumbies terem derrotado sem grandes complicações um dos seus rivais diretos pelo título de campeão do Super Rugby AU.
“Downs”: Force e o fim da ambição?
Os efeitos de retornar a uma competição superior, tanto em termos de fisicalidade como de intensidade, como sentir-se nos jogadores da Western Force que voltaram a consentir uma pesada derrota nesta época de retorno ao Super Rugby, oscilando entre períodos até estáveis e interessantes de jogo para algo caótico e errático, oferecendo oportunidade e espaço de manobra aos seus adversários, como ficou bem vincado nesta 6ª jornada.
A franquia de Perth piorou largamente desde o seu primeiro jogo, muito devido ao crescimento físico e técnico dos seus adversários que ao ganharem forma mostraram estar um par de níveis à frente, mesmo tendo bons jogadores a tentar nortear a Force, como Jono Lance, Ian Pryor, Kyle Godwin, Jeremy Thrush, Byron Ralston ou Richard Kahui, não sendo contudo suficiente para oferecer efetivamente uma oposição séria e minimamente honesta na discussão por lugar cimeiro na tabela.
Nem foram pelos erros no transporte de bola (6 apenas), nem pelas fases estáticas (garantiram praticamente todos os scrum e laterais, apesar das saídas não terem sido do mais estável possível) mas sim pela fragilidade no alargar da linha de defesa, expondo demasiados espaços e falhas sempre bem aproveitadas pelos Reds como se pode ver pelas 15 quebras de linha sofridas. As penalidades, a sua maioria consentida na 2ª parte explica-se pela queda de forma física, ficando cada vez mais lentos e sem capacidade de luta, caindo nos rucks, agarrando-se ao portador da oval no chão, entre outras faltas que ajudaram a formação de Queensland a subir no terreno.
Os craques: Daugunu, O’Connor, Samu e Simone
O ponta Filipo Daugunu continua a devorar metros e metros, com quase 130 metros, 2 quebras de linha, 3 defesas batidos, 2 tries e 7 tackle busts, impondo uma técnica de velocidade e explosão especial que causa desequilíbrios na defesa adversária.
Já James O’Connor foi o MVP do encontro tanto pela inteligência veloz que imbui a sua equipa ou pela genialidade técnica como aborda cada bola que recepciona, ruindo com tackles e iniciando belas saídas de ataque que terminam em try.
Dois tries, dois turnovers, duas quebras de linha, quatro offloads coroaram a exibição do nº8 Pete Samu, com o terceira linha a voltar a um patamar qualitativo essencial para dar outra dimensão à volatilidade da estratégia dos Brumbies.
Já Irae Simone convence cada vez mais não só como centro, mas também como mobilizador de jogo dos Brumbies, oferecendo múltiplas opções ao ataque dos Brumbies, sendo neste momento uma peça fulcral para toda a estrutura da franquia de Canberra.
Os números
Mais pontos marcados: James O’Connor (Reds) – 22 pontos
Mais tries marcados: Filipo Daugunu (Reds), Tate McDermott (Reds), Pete Samu (Brumbies) e Tom Whright – 2
Mais quebras de linha: James O’Connor (Reds) – 3
Mais tackles: Angus Blyth (Reds) – 13 (13 efetivos)
Mais turnovers: Fraser McReight (Reds) – 2
Mais defesas batidos: James O’Connor (Reds) – 9
Melhor da Jornada: James O’Connor (Reds)
O passe genial de O’Connor para o ensaio de McReight (2:36)