Foto: Bruno Ruas @ruasmidia

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ARTIGO OPINATIVO – O Rugby Championship 2020 vai mesmo acontecer, sofrendo só uma pequena-grande alteração, que passa por toda a competição vir a ser jogada num só local, ficando os atletas a viver no mesmo espaço durante seis semanas. Faltando ainda algum tempo para o pontapé de início do primeiro encontro, avançamos com uma proposta de convocatória para cada uma das quatro selecções, começando pelos All Blacks. Quem são os nossos convocados e o porquê de algumas escolhas, tudo explicado neste artigo!

Antes de mais, estabelecemos alguns vectores importantes para chegar à lista final, começando logo pelo número de atletas escolhidos, tendo fica estabelecido em 33. Contudo, há uns quantos nomes que acreditamos terem uma vaga chance de verem os seus nomes anunciados para os treinos e, porque não, até na convocatória para os amigáveis pré-TRC, ficando assinalados esses por um par de parênteses. A sublinhado são os nomes menos consensuais, mas pela época realizada tanto no Super Rugby “normal” e Aotearoa e por apresentarem qualidades que se encaixam no perfil dos All Blacks deveriam merecer a chamada.

Para evitar confusões também deixamos aqui alguns nomes que já não são solução devido aos contratos que têm ou por terem abandonado a Nova Zelândia em definitivo: Ben Lam (Bordeaux-Bègles), Jackson Hemopo (Mitsubishi DynaBoars), Aaron Cruden (contrato de um ano), Dan Carter (contrato de um ano), Broadie Retallick (sabática) e Nehe Milner-Skudder (contrato de um ano).

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A convocatória do FairPlay.pt

Por posições são estes os nossos escolhidos:

Pilares: Joe Moody, Ofa Tu’ungafasi, Tyrel Lomax e Nepo Laulala (Alex Hodgman/Ayden Johnstone)

Talonadores: Codie Taylor, Dane Coles e Asafo Aumua (Kurt Eklund/Ash Dixon)

Segundas-linhas: Samuel Whitelock, Patrick Tuipulotu, Mitchell Brown e Scott Scrafton (Mitch Dunshea)

Terceiras-linhas: Ardie Savea, Sam Cane, Tom Christie, Shannon Frizell, Dalton Papali’i e Hoskins Sotutu (Dillon Hunt e Lachlan Boshier)

Formações: Aaron Smith, TJ Perenara e Brad Webber (Sam Nock)

Aberturas: Richie Mo’unga, Beauden Barrett e Mitch Hunt (Josh Ioane)

Centros: Jack Goodhue, Rieko Ioane, Ngani Laumape e Anton Lienert-Brown

Pontas: Sevu Reece, George Bridge e Caleb Clarke

Defesas: Damian McKenzie, Jordie Barrett e Will Jordan

Quais as novidades entre os forwards?

Vamos então explicar de posição para posição, começando com a primeira-linha. Nepo Laulala, Ofa Tu’ungafasi e Joe Moody vão-se bater pela titularidade, sendo que Laulala terá a titularidade assegurada por via de só ter na realidade um concorrente para o seu lugar, que passa por Tyrel Lomax, jogador dos Hurricanes e que já na época passada merecia ter tido uma oportunidade para voltar a vestir a camisola dos All Blacks. Alex Hodgman é a “estreia” real neste roster mas a correr por fora, e merece esse destaque pela boa época rubricada nos Blues, apresentando uma técnica de qualidade na formação-ordenada, tendo uma mobilidade minimamente de impacto. A correr por fora está Ayden Johnstone, primeira-linha dos ‘landers que tem somado boas exibições, denotando-se um poderio físico relevante.

Dentro da primeira-linha é o normal com a possível entrada de Asafo Aumua para as opções definitivas, isto quando Ash Dixon merecia largamente a chamada à selecção principal da Nova Zelândia, onde o espírito de liderança e a tenacidade imposta são elementos decisivos.

Para fechar o cinco da frente, teremos novidades com toda a certeza, pois ao que tudo indica Scott Barrett não será opção em virtude da lesão sofrida em Junho, e Broadie Rettalick não está disponível em virtude da sabática tirada nesta temporada e que deverá se prolongar em 2021 (continuará a jogar em solo japonês por mais uma época). Ou seja, abrem-se duas vagas para este sector e de entre das várias opções optámos por dois dos segundas-linhas em melhor rendimento no Aotearoa, o chief Mitchel Brown e o hurricane Scott Scrafton. Imponentes no alinhamento, sólidos no trabalho defensivo, bons manobradores de bola e carriers sólidos, tanto um como o outro são atletas de excelente qualidade e poderão ter em 2020 a sua oportunidade para brilhar ao mais alto nível.

A fechar o bloco de avançados, temos os suspeitos do costume como Ardie Savea, Sam Cane e Shannon Frizzell, mas em comparação com a última convocatória dos All Blacks para o Mundial, já não haverá nem Kieran Read ou Matt Todd, sendo que Luke Jacobson terminou a época por lesão grave. Como na segunda-linha, abrem-se aqui três vagas propondo os três seguintes nomes: Tom Christie, Dalton Papali’i e Hoskins Sotutu.

Christie destacou-se nos Crusaders durante esta época seja no aspecto ofensivo, com 4 ensaios, 4 assistências e uma proeminência para derrubar adversários, ou defensivo, notabilizando-se na placagem (em 7 jornadas do Super Rugby “geral” somou 100 placagens, ocupando o 1º lugar) e na luta pelo breakdown, sendo um asa bem configurado para chegar aos All Blacks. Dalton Papali’i realizou um Aotearoa de superba qualidade e está destinado a ser uma referência dentro do elenco de Ian Foster. Hoskins Sotutu é um nº8 que faz vibrar o jogo em cada arranque, em cada entrada no contacto, assumindo-se como um predador nas saídas da formação-ordenada, combinando uma fisicalidade irascível e uma visão de jogo competente, podendo ser o novo “senhor” da camisola 8.

Quem vai armar o espetáculo na linha?

Se nos formações não há nada apontar, a discussão pode começar nos médios-de-abertura… Richie Mo’unga é certo, mas Beauden Barrett vai jogar aí ou voltará a ser enviado para as funções de defesa? O debate é intenso, não há dúvidas, até porque Beauden Barrett foi o melhor jogador do Mundo por duas ocasiões a jogar com a camisola nº10 nas costas, mas isto foi há dois anos atrás… no entretanto, Richie Mo’unga surgiu como solução e até se impôs no último mundial, apesar de não ter registado nenhuma exibição de alta qualidade – a sua melhor prestação pelos All Blacks foi na vitória na África do Sul em 2018. Ultrapassando esta questão, Mitch Hunt poderá merecer a chamada pela boa época realizada pelos Highlanders?

Nos centros os nomes são os normais, assinalando-se só a chamada de Ngani Laumape, depois de ter falhado o último Mundial de Rugby por opção da equipa técnica neozelandesa. Na realidade, é a posição que levanta maiores problemas no futuro próximo para os All Blacks, pois neste momento não há nenhum centro em alta ascensão, com Quinn Tupaea, Peter Umaga-Jensen ou Sio Tomkinson a serem possíveis referências para o futuro.

No três-de-trás há um mar de opções para substituir Ben Smith, sendo que todos os nomes invocados aqui podem jogar em qualquer uma das três posições, surgindo então a questão: quem fica com o lugar de nº15? Nesta nossa teorização, Beauden Barrett não vai estar entre as opções para o lugar, optando por dar o palanque a Jordie Barrett ou Damian McKenzie, ambos jogadores de excelência sendo que para nós qualquer equipa ganhar mais com McKenzie, devido à imprevisibilidade e aquele génio elétrico que eleva qualquer jogo para outra dimensão.

Será uma luta titânica não há dúvidas, sendo que nas pontas a situação é mais pacífica recaindo as opções de início em George Bridge e Sevu Reece. Will Jordan (pode jogar a qualquer uma das posições no três-de-trás) e Caleb Clark (um dos rookies da temporada) poderão ter a sua oportunidade para brilhar em 2020, mas sempre lembrando que não deverão surgir no banco de suplentes.

Tomar em atenção a jogadores que estão lesionados mas podem regressar a tempo, apesar de pouco ou nenhum tempo de jogo no Super Rugby Aotearoa como Scott Barrett (2ª linha – Crusaders), Nathan Harris (talonador – Chiefs), David Havili (centro/defesa – Crusaders), Luke Jacobson (3ª linha – Chiefs), Tom Robinson (2ª/3ª linha – Blues) ou Cullen Grace (3ª linha – Crusaders).

Os All Blacks têm assim larga uma variedade de escolhas, muito graças a terem conseguido lançar o Super Rugby Aotearoa e ao facto de o ano pós-Mundial surgirem sempre uma série de novas coqueluches e referências dentro do rugby neozelandês. Fundamentalmente, Ian Foster e a equipa técnica liderada por si têm de fazer escolhas relativamente ao tipo de rugby que querem explorar nos próximos quatro anos, depois de um fracasso em 2019 tanto em termos da estratégia optada como dos nomes seleccionados para o RWC – Owen Franks e Ngani Laumape de fora são dois claros exemplos.