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ARTIGO OPINATIVO – Hora de nosso comentarista Francisco Isaac analisar os destaques da rodada do Super Rugby. Olho nos jogadores ascendentes!
Todas as semanas até ao fim do Super Rugby vamos destacar em particular três jogadores que mostraram os seus melhores atributos, detalhes, pormenores, offloads, quebras-de-linha, tackle busts e muito mais!
Nesta 2ª jornada escolhemos um trio de miúdos que parecem ter vindo para ficar!
HOSKINS SOTUTU (BLUES)
Empurrou Akira Ioane para o banco de suplentes desde a 1ª jornada, o que levantou algumas sobrancelhas e dúvidas a esta decisão de Leon McDonald, treinador dos Blues. Porém, ao fim de 140 minutos a maioria dos adeptos deu a mão à palmatória já que Hoskins Sotutu tem sido uma das revelações deste início do Super Rugby e a exibição rubricada em Newcastle frente aos Waratahs exemplifica bem quem é o monstruoso nº8. Antes de irmos aos sempre importantes dados estatísticos, é só ver um dos momentos do jogo em que o 3ª linha faz algo de improvável mas sensacional que levou ao 2º ensaio de Telea… Sotutu recebe a oval já dentro dos 22 metros e, do nada, atira um grubber excelentemente bem calculado que permite ao ponta dos Blues captar e enterrar a oval calmamente na área de validação.
Seguindo os passos do pai Waisake, também ele ex-jogador dos Blues (referência dos Crusaders no final dos anos 90 e início de 2000), Hoskins Sotutu tem sido uma lufada de ar fresco para a franquia de Auckland, já que apresenta os mesmos apontamentos físicos e técnicos que Akira Ioane combinados com uma agilidade superior e uma velocidade de movimentos altamente intensa e que dá outra magnitude à estratégia de McDonald tanto no jogo contínuo ou no criar de boas situações de ataque nas fases-estáticas.
Contra os Waratahs foi responsável pela tal assistência ao pé, 40 metros conquistados (os neozelandeses tiveram menos tempo de bola na mão em comparação com os tahs), 3 defesas batidos (dois foram abalroados enquanto Harrison caiu na finta do 8), dois tackle busts e 8 placagens (1 turnover no breakdown, estando sempre à espreita de atacar a bola no chão), revelando números de boa qualidade para quem está a fazer a sua primeira época na competição.
Com a saída de Kieran Read dos All Blacks, é altura de definir um novo caminho para a camisola 8 da Nova Zelândia e os newcomers como Sotutu e Marino Mikaele-Tu’u (130 metros percorridos na derrota dos Highlanders, com o nº8 a conseguir 5 tackle-busts, entre outros detalhes) podem percorre-lo.
APHELELE FASSI (SHARKS)
Os Sharks vivem um momento extremamente positivo com duas vitórias conquistadas em dois jogos e, como tinha acontecido na 1ª jornada, a vitória foi clara e contundente na visita ao campo dos Highlanders. Entre os vários destaques – como Venter e Notshe na terceira-linha -, Aphelele Fassi merece toda a atenção possível depois de ter sido um dos responsáveis pela criação de mais de uma dezena de oportunidades, com quatro a terminarem em ensaio, dois dos quais da sua autoria.
O defesa de 22 anos assumiu a titularidade e não tem desiludido o elenco do treinador de Sean Everitt, seja pela conquista incessante de metros com a oval no pé ou na mão (230 metros no total ante os landers), criação de desequilibrios constantes (4 quebras-de-linha, 7 defesas batidos e 3 offloads) e visão de jogo profunda que proporcionam uma movimentação espectacular ao três-de-trás da franquia de Durban.
A versatilidade com que aparece na linha de ataque, podendo trocar momentaneamente de lugar com Curwin Bosch (outro elemento que tem estado numa forma sensacional neste arranque de temporada) sem perder qualidade técnica ou táctica, atribui outra dimensão ao jogo dos Sharks e que acabou por ser decisiva no encontro com a formação neozelandesa de Otago. Fassi é uma ameaça constante para quem está do outro lado e não se fica só pelos aspectos atacantes, pois o posicionamento defensivo e a fácil cobertura nas pontas confere uma segurança equilibrada e dotada, que terá de ser vista com atenção pelos Springboks selectors.
TYRONE GREEN (LIONS)
Os Lions vão ter uma época de altos e baixos, similar ao que se passou em 2019, onde haverá espaço para crescimento e o aparecer de novas coqueluches do rugby sul-africano, depois de terem lançado Aphiwe Dyantyi, Malcom Marx, Franco Mostert, Elton Jantjies, Andries Coetzee, entre outros, com 2020 a ser necessário que outros nomes assumam o papel de jogadores-decisivos da franquia de Joanesburgo.
Tyrone Green foi um dos melhores na vitória emocionante contra os Queensland Reds, com o ponta a conseguir encaixar dois ensaios e 98 metros, que ajudaram aos Lions garantir 4 pontos preciosos naquilo que vai ser uma luta intensa na conferência sul-africana. O ponta de 21 anos é um autêntico speedster munido de um poder de velocidade e de mudança de linha sensacional, que impõem outro ritmo e dinamismo ao ataque e defesa dos Lions, com oito defesas batidos (Campbell e Petaia ficaram com os olhos e pés trocados em duas ocasiões) e duas placagens em que foi buscar o adversário quando este se preparava para fazer o sprint final até ao ensaio.
A nível de fisicalidade pura e dura, Tyrone Green é um alvo difícil de parar no local e os 8 tackle-busts (o máximo obtido nesta 2ª jornada do Super Rugby) provam essa característica de um produto de franca grande qualidade dos Golden Lions e que parece querer começar uma era nas pontas dos Lions nesta época.