Estádio de Tóquio, onde serão os jogos do rugby sevens.

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A série “As sedes do Mundial” finalmente chega à capital japonesa e cidade da abertura da Copa do Mundo de 2019: Tóquio, simplesmente a maior cidade do mundo. Em toda a sua região metropolitana, Tóquio tem mais de 38 milhões de habitantes, o que faz de sua área urbana a mais populosa do mundo. Inserida na região de Kanto, a Grande Tóquio receberá jogos em três cidades diferentes, mas hoje falaremos da sede central, que também se prepara para receber os Jogos Olímpicos de 2020.

O centro da Grande Tóquio são os chamados “23 bairros especiais”, que juntos compõem o que era conhecida como a Cidade de Tóquio até 1943, quando a divisão administrativa da cidade foi mudada, dando maior autonomia local para os bairros da capital. Os “23 bairros” juntos têm mais de 9 milhões de habitantes e são tanto o coração financeiro e comercial do Japão, além de a principal área turística da capital japonesa.

No bairro de Chofu está o Tokyo Stadium (chamado comercialmente de Ajinomoto Stadium), caso dos times de futebol FC Tokyo e Tokyo Verdy, os dois principais do centro de Tóquio. O estádio será o palco do jogo de abertura da Copa do Mundo de Rugby e será a arena com mais jogos no Mundial, em um total de 8, incluindo duas quartas de final. O estádio ainda receberá o rugby sevens nos Jogos Olímpicos de 2020.

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Originalmente, o Estádio Nacional de Tóquio estava programado para receber o Mundial de Rugby. O estádio foi construído no bairro central de Aoyama para receber os Jogos Olímpicos de 1964 e acabou demolido recentemente para dar lugar a um novo estádio para 2020 que, todavia, não ficou pronto a tempo de receber a Copa do Mundo de Rugby.

A seu lado, localizava-se ainda o Estádio Príncipe Chichibu, o principal estádio específico para rugby do Japão, casa dos Sunwolves (o time japonês do Super Rugby), do prestigiado rugby universitário local e dos principais times da cidade que jogam a Top League de rugby: Toshiba Brave Lupus, Suntory Sungoliath (dois dos gigantes do país), Ricoh Black Rams, Canon Eagles e Hino Red Dolphins. Construído em 1947, o estádio foi demolido neste ano também com vistas para a remodelação do parque olímpico, e um novo estádio de rugby deverá ser construído após 2020 na área.

Tóquio é ainda casa do maior campeão do beisebol japonês, o Yomiuri Giants (o time mais amado e odiado do país, chamado de “o New York Yankees do Japão”), que manda seus jogos no Tokyo Dome, no bairro de Bunkyo, e de seu rival menor, o Tokyo Yakult Swallows, que joga no Meiji Jingu Stadium, no bairro de Shinjuku. E no bairro de Sumida está o monumental Ryōgoku Kokugikan, a mais importante arena do sumô japonês, casa espiritual do esporte.

 

Capital do novo Japão

“A Capital do Leste”. Tóquio (Tokyo, em japonês) se tornou a capital do Japão apenas em 1869, como parte das reformas do Imperador Meiji, quando o Japão se abriu para o comércio internacional e se industrializou. Até então, Tóquio tinha outro nome: Edo. Até o século XV, Edo era um pequeno vilarejo pesqueiro e iniciou sua transformação com a construção de seu castelo (Castelo de Edo) pelo samurai Ota Dokan. No século seguinte, o líder militar Tokugawa Ieyasu unificou os feudos japoneses e iniciou o período conhecido como “Xogunato Tokugawa”, conhecido como “Período Edo”, quando seu castelo foi transformado no principal centro de poder do Japão – e também cultural, com o Período Edo sendo considerado um dos mais sofisticados na arte japonesa.

Os xoguns da dinastia Tokugawa eram os governantes de fato do Japão, mas não os imperadores. O imperador, que mantinha uma posição simbólica acima dos xoguns, vivia ainda no palácio de Kyoto e, por isso, a capital do Japão ainda não era Tóquio. A mudança veio justamente com o Imperador Meiji, que derrubou o poder dos xoguns e voltou a centralizar o poder nas mãos da família imperial. Com isso, a transferência do imperador de Kyoto para o Castelo de Edo se tornou um ato simbólico importante, já que Edo era naquele momento a cidade mais importante do país, por conta do xogunato. Nos anos seguintes, a cidade cresceu exponencialmente como centro industrial, comercial e financeiro do novo Japão, tornando-se a maior cidade do mundo.

Sem dúvida, o Palácio Imperial de Edo é um dos pontos de referência de Tóquio e é onde acontece o famoso Festival das Flores de Cerejeira. A cidade ainda está apinhada de templos esplendorosos, como o Senso-ji (budista) e o santuário Meiji Jingu (xintoísta, a religião tradicional japonesa).

Após ser ostensivamente bombardeada na Segunda Guerra Mundial, Tóquio iniciou sua reconstrução e, nos anos 50, ganhou um dos seus pontos mais conhecidos, a Torre de Tóquio, inspirada na Torre Eiffel francesa. A torre foi superada em 2012 pela Tokyo Skytree, a mais alto do país hoje, no bairro de Sumida.

Em 1964, Tóquio se tornou a primeira cidade asiática a sediar os Jogos Olímpicos, que se tornaram um paradigma para o Comitê Olímpico Internacional de como os jogos poderiam servir para a remodelação urbanística de uma cidade. Tóquio, até então uma cidade caótica e das mais poluídas do mundo, passou por uma transformação sem precedentes que serviu de exemplo posterior para outros projetos ligados aos Jogos Olímpicos. O evento ainda mudou a política japonesa para esportes, que passaram a receber maiores investimentos no país.

Entre outros pontos famosos está o bairro de Shibuya, coração financeiro e comercial da cidade e onde se localização a estação de metrô mais movimentada da capital. As aglomerações de milhares de pessoas em Shibuya fazem certamente parte das imagens mais icônicas do Japão. Em Shibuya ainda está Harajuku, área famosa pelas butiques e pela cultura cosplay. Aoyama, por sua vez, é o bairro famoso pela culinária e vida noturna, ao passo que Odaiba é a zona costeira popular de lazer – e onde foi construída a Tokyo Disneyland.

 

Rugby no coração da capital japonesa

Tóquio é a cidade com a maior quantidade de times e todas as suas formas são populares na capital japonesa: o rugby de colégios (com dezenas de importantes escolas engajadas na bola oval), o rugby universitário e o rugby empresarial.

Na esfera universitária, as grandes instituições privadas de Tóquio estão na origem do rugby japonês. A Universidade de Keio foi a universidade que primeiro começou a prática da modalidade, em 1901, tendo formado o primeiro time de japoneses da história. Waseda, a grande rival de Keio, começou na modalidade nos anos 20, e as principais universidades da região de Kanto formaram uma liga chamada de Taiko-sen. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o rugby japonês iniciou seu trabalho de formar competições nacionais e a criação em 1964 do Campeonato Japonês Universitário, reunindo os campeões regiões, elevou o rugby a um novo patamar, com públicos nas dezenas de milhares assistindo às finais do novo Estádio Nacional.

Waseda, Keio, Meiji e a Nippon Sport Science (NSSU) dominaram os anos iniciais e inclusive conquistaram o prestigiado título do All Japan Rugby Championship, o campeonato nacional mais prestigiado na época que reunia os campeões do rugby de empresas e do rugby universitário. Waseda foi campeã nacional em 1965, 1971, 1972 e 1987, Meiji em 1975, Keio em 1985 e a NSSU em 1969. Waseda é a maior campeã universitária do Japão, com 15 título, contra 12 de Meiji, as duas maiores vencedoras que, todavia, assistem no momento à ascensão meteórica de universidade de Teikyo, também de Tóquio, 9 vezes campeã entre 2009 e 2017, a nova potência do momento.

Já no rugby das grandes empresas japonesas, o bairro de Fuchu é a “San Isidro” japonesa. Lá estão baseados os dois maiores campeões da era moderna (desde 2004) da Top League, os pentacampeões o Toshiba Brave Lupus (campeão em 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010) e o Suntory Sungoliath (vencedor de 2008, 2012, 2013, 2017 e 2018).

A Toshiba fundou sua equipe para funcionários em 1948, ao passo que a empresa de bebidas Suntory criou seu time em 1980. Mais antiga, a Toshiba demorou a despontar, sendo campeã pela primeira vez do Campeonato Japonês Empresarial (depois transformdo em Top League) em 1987. Mas novo título só veio em 1996 e apenas em 1997 a Toshiba venceu o All Japan Championship, conquistando na sequência 1998 e 1999 para se tornar de vez uma gigante do país. Na mesma época, Suntory também começou sua ascensão, com seu primeiro título do Championship em 1996, repetido em 2002. Nos últimos anos, as duas empresas vem despejando dinheiro no rugby com a contratação de craques internacionais. Vestiram a camisa do Suntory os australianos George Gregan (que encerrou sua carreira por lá em 2011), George Smith e Matt Giteau, e os sul-africanos Schalk Burger e Fourie Du Preez (que também se aposentou no Sungoliath, em 2016). Já pelo Toshiba jogaram o sul-africano François Steyn e o neozelandês Richard Kahui.

Mas, antes de Toshiba e Suntory brilharem, a primeira grande empresa a ter uma equipe baseada em Tóquio fazendo sucesso foi a Ricoh, que foi campeã de empresas em 1970, 1972 e 1973 e japonesa em 1973 e 1974. Fundada em 1953, o Ricoh Black Rams está baseado no bairro de Setagaya e segue na elite do país, ainda que à sombra de Toshiba e Suntory nos últimos anos.

Além dos Black Rams, o Canon Eagles (fundado em 1980 no bairro de Machida) e o Hino Red Dolphins (fundado em 1950 no bairro de Hindo, sendo um dos mais antigos times de Tóquio) completam a lista das equipes de Tóquio que hoje militam na Top League.

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